quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Os cuidados ao emitir uma opinião

O cuidado com a universalização, o cuidado com a tentativa de tudo explicar a partir de um argumento, de um pensamento contundente; o cuidado com os exageros teóricos, o cuidado com o enquadramento de caracteres amplos e distintos sob um mesmo princípio, tudo isso exige discernimento, estudo do aluno de Filosofia. 

Miguel Torga escreveu em 1941 o que segue: 


"... a gente põe-se a pensar em quantas maravilhosas teorias os filósofos arquitetaram na severidade das bibliotecas, em quantos belos poemas os poetas rimaram na pobreza das mansardas, ou em quantos fechados dogmas os teólogos não entenderam na solidão das celas. Nisto, ou então na conta do sapateiro, na degradação moral do século, ou na triste pequenez de tudo, a começar por nós. Mas a vida é uma coisa imensa, que não cabe numa teoria, num poema, num dogma, nem mesmo no desespero inteiro dum homem".

Lúcio Packter - http://www.filosofia.com.br/estudo.php

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

O Médico Interno - Joanna de Ângelis

Joanna de ÂngelisCrêem muitos discípulos do Espiritualismo que todas as ocorrências desagradáveis da existência terrestre resultam de punições da Divindade ou de resgates impostos pelos erros do passado, próximo ou anterior.

Certamente a crença generalizada merece reparos, por não se ajustar totalmente à linguagem dos fatos.

O conceito sobre uma Divindade punitiva e cruel encontra-se defasado diante da nova compreensão do amor, que é recurso dinâmico a viger em todo o Universo.

Jamais a Consciência Cósmica se imiscuiria mediante atos de perversidade aplicados contra as frágeis criaturas humanas, ignorantes da sua realidade e destinação, ainda atravessando as áreas primárias do seu desenvolvimento.

Deus-Amor irradia-se em energia vitalizadora e reparadora, a tudo e a todos mantendo em equilíbrio, mesmo quando, aparentemente, algumas desconexões e desarranjos parecem perturbá-lo.
O processo de evolução dá-se através do desgaste como do aprimoramento, da doença e da saúde, da queda e do soerguimento...

Da mesma forma, há ocorrências que são conseqüências da invigilância, da irresponsabilidade, do desamor de cada ser. Nem sempre, portanto, as enfermidades podem ser consideradas como processos cármicos em mecanismos de reparação.

O organismo é excelente máquina constituída por equipamentos delicados, que são comandados pelo Espírito através do cérebro.

Quando o indivíduo tem a propensão para o pessimismo, o ressentimento, o desamor, cargas deletérias são elaboradas e atiradas nos mecanismos encarregados de preservar-lhe a organização somática, produzindo-lhe inúmeros males.

Igualmente, as disposições otimistas e afetuosas produzem energias refazentes, que recuperam os desarranjos momentâneos dos complexos órgãos que constituem a maquinaria fisiológica.

O corpo humano é laboratório de gigantescas possibilidades, sempre suscetível de autodesarranjar-se ou auto-recompor-se conforme as vibrações emitidas pela mente.

A mente representa-lhe o centro de controle que envia as mensagens mais diversas para todos os pontos da sua organização.

Uma emoção qualquer ocasiona descarga de adrenalina na corrente sangüínea, produzindo sensações equivalentes ao tipo de agente desencadeador.

Assim sendo, encefalinas e endorfinas são secretadas pelo cérebro sob estímulos próprios, produzindo imediatos efeitos no aparelho físico. Enzimas outras são produzidas com cargas positivas ou negativas, conforme a ordem mental, que contribuem para a manutenção da saúde ou a piora da enfermidade.

Auto-reparador, o aparelho circulatório, de imediato à agressão, reúne a fibrina dos vasos procurando elaborar coágulos-tampões que impedem a hemorragia e preservam a vida. Também ocorre o mesmo em referência às enfermidades - o câncer, a "aids", as paralisias, as enfermidades cardíacas e outras - que sob o comando mental correto vitalizam o sistema imunológico, produzindo diversas células com poder quimioterápico mediante o qual bombardeiam as células rebeldes e doentes, destruindo-as, da mesma forma isolando as portadoras de degenerescência e favorecendo as saudáveis, assim restaurando a saúde ou facultando maior sobrevida.

Afinal, o mais importante na área da saúde não é o tempo de vida - o número de anos que se frua - mas a intensidade, o bem-estar, a alegria e os objetivos vivenciados.

A morte é inevitável e constitui bênção em relação à experiência física; no entanto, a forma como cada qual se comporta no corpo é que se torna essencial.

Há, no corpo humano, um médico às ordens da mente, que o Espírito encarnado comanda, aguardando a diretriz para agir corretamente.

Desconsiderado, deixa de atuar, superado pelos fatores destrutivos, igualmente ínsitos na organização fisiológica, prontos à desgastante tarefa da doença e da degenerescência celular.

Esse médico interior pode e deve ser orientado pelo pensamento seguro, pelas disposições do ânimo equilibrado, pela esperança de vitória, pela irrestrita fé em Deus e na oração, que estimulam todas as células para o desempenho correto da finalidade que lhes diz respeito.

Joanna de Ângelis


(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, em 22 de março de 1995, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA, conforme publicado no "Reformador" de setembro de 1995)

Foto: Sor Juana Inés de la Cruz (1648-1695), Joanna de Āngelis - pintura de Aurora Parpal

sábado, 10 de novembro de 2018

O que significa Utopia?

Thomas More deu esse nome a uma espécie de romance filosófico em 1516, no qual relatava as condições de vida numa ilha desconhecida denominada Utopia, nela teriam sido abolidas a propriedade privada e a intolerância religiosa. Depois disso, esse termo passou a designar qualquer tentativa análoga, tanto anterior quanto posterior (como a República de Platão ou a Cidade do Sol de Campanella), mas também qualquer ideal político, social ou religioso de realização difícil ou impossível

Fonte:

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Nova obra do Papa Francisco chega ao Recife

Livro "Sabedoria das Idades" terá evento dia 13/11, terça, na Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) às 14 horas
A maior instituição de ensino do estado de Pernambuco receberá no dia 13/11 (terça) os convidados para o lançamento da nova obra escrita pelo Papa Francisco. Intitulado Sabedoria das Idades, o livro contará com esse encontro especial para apresentar ao público o conteúdo da obra e também um fórum sobre a questão do envelhecimento. O evento começará às 14 horas e se extende até às 17 horas do mesmo dia, e terá a presença de alguns entrevistados que tiveram suas histórias impressas na edição brasileira do livro.
Sabedoria das Idades é o resultado da inspiração do Papa Francisco em esclarecer o papel vital dos avós e de outros idosos, contando com a sabedoria transformadora que eles têm a compartilhar. Idosos de mais de 30 países dividem sua sabedoria adquirida ao longo de anos de experiência. Todas as histórias são testemunhos do poder da fé, da perseverança, da resiliência humana e do amor. A obra foi apresentada mundialmente no último dia 23 de outubro, e Sua Santidade confere ao leitor um toque especial de fé, trabalho e esperança com suas sábias palavras de amor e paz, tão necessárias na atualidade.
Serviço do evento
Lançamento do livro Sabedoria das Idades em Recife
Data: 13/11 – Terça-feira
Horário: das 14 às 17 horas
Local: Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) - Auditório G1
Endereço: Rua do Principe, 526 - Boa Vista - Recife, PE
Personalidades presentes: Reitor Padre Pedro Rubens, Prof. José Artur de Brito, Padre Antônio Mota, índio Pankararu Genésio Manoel de Oliveira (idoso com história presente na obra), cacique Pankararu George de Vasconcelos
Ficha Técnica:
Título: Sabedoria das Idades
ISBN: 9788515045488
Autor: Papa Francisco
Páginas: 192
Preço: R$ 74,00
Sinopse: Um dia, enquanto rezava, Papa Francisco foi
inspirado a esclarecer o papel vital dos avós e de outros
idosos e a sabedoria transformadora que eles têm a
compartilhar. Sabedoria das idades é o resultado
dessa inspiração. Idosos de mais de 30 países
compartilham sua sabedoria adquirida ao longo de
anos de experiência. Todas as histórias são
testemunhos do poder da fé, da perseverança,
da resiliência humana e do amor.
O livro se organiza em torno a 5 eixos temáticos,
sobre os quais os idosos tecem seus comentários
baseados em suas próprias experiências de vida:
trabalho, luta, amor, morte e esperança são os temas
abordados. O próprio Papa Francisco se inclui na
classe de idoso a transmitir sabedoria. Além de ter
solicitado pessoalmente tal livro - como desdobramento
do projeto Querido Papa Francisco, livro no qual
perguntas de crianças do mundo todo são respondidas
pelo Pontífice - que pudesse dar voz e vez ao idosos,
indicou os temas a serem abordados e apresentou
seu pensamento sobre cada um deles, ora iniciando a
reflexão, ora comentando a reflexão dos entrevistados.
A Edição Brasileira conta, ainda, com uma sessão
especialmente denominada "Caderno Brasil" em que
apresenta todos os relatos dos brasileiros entrevistados.
Ainda assim, duas brasileiras foram selecionadas pela
Equipe do Projeto Mundial, tendo sido relato de uma
delas comentado pelo próprio Papa.
Sobre o autor: Papa Francisco (Jorge Mario Bergoglio)
nasceu em 17 de dezembro de 1936 em Buenos Aires,
Argentina. Foi eleito papa em 13 de março de 2013.
É o primeiro papa jesuíta, o primeiro papa das Américas,
o primeiro papa do hemisfério sul e o primeiro papa
não europeu em mais de mil e duzentos anos.
Por suas palavras e orações, deixa claro seu amor
genuíno pela humanidade, sua preocupação pelos
pobres e marginalizados e seu compromisso de
construir pontes entre pessoas de crenças diferentes.

domingo, 4 de novembro de 2018

Schiller e a música

A arte dos sons jamais deixava Schiller frio: ele a rejeitava ou adorava com intensidade. O poeta romântico foi um favorito tanto dos mestres do "lied" alemão, quanto dos grandes da ópera romântica italiana.

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Estátua de Friedrich Schiller em Berlim
Alegria, centelha divina,
filha do Eliseu!
Ébrios de fogo, ó Celestial,
adentramos teu santuário!
Com essas palavras da Ode à Alegria, aqui em tradução livre, inicia-se o famosíssimo coro final da 9ª sinfonia de Ludwig van Beethoven. Uma obra de história ambivalente: assim como Adolf Hitler a fazia executar em seus aniversários, foi com a Ode que Leonard Bernstein comemorou a queda do Muro de Berlim, em 10 de novembro de 1989:
Recebei um abraço, ó milhões,
este beijo vai para todo o mundo!
O poema de 1785 é talvez o mais famoso, porém apenas um dos inúmeros exemplos da profunda e intensa relação de Friedrich Schiller (1759–1805) com a música. Para o poeta nascido em Marbach, essa arte era um assunto de enorme seriedade, indo muito além da mera diversão ou de uma brincadeira com sons.
Arrebatamento, não cócegas
Em seu ensaio Sobre o patético, Schiller revela o que espera da música: que arrebate o ouvinte, que não lhe faça apenas "agradáveis cócegas". Por outro lado, esse arrebatamento deve obedecer a regras: "A música dos inovadores também parece apoiar-se apenas na sensualidade. Uma expressão de sensualidade chegando às raias do animalesco costuma revelar-se em todos os rostos, os olhos ébrios se embaçam, a boca aberta é desejo puro, um tremor voluptuoso toma os corpos. Afirmo que o gosto nobre e masculino exclui todas essas sensações da arte".
Tamanho engajamento explica a paixão de suas opiniões sobre determinadas obras e personagens da cena musical. O compositor e musicólogo Johann Friedrich Reichardt (1752–1814), Schiller desprezava, taxando-o de "gajo insuportavelmente intrometido e impertinente" e "inseto": "Realmente, deveríamos caçá-lo até a morte, senão ele não nos deixa em paz". Porém nem toda essa ojeriza pôde anular a admiração de Reichardt pelo poeta, ou impedi-lo de compor várias canções baseadas em textos schillerianos.
Certa vez, o representante do Sturm und Drang caracterizou uma apresentação do oratório A Criação, de Joseph Haydn, como "miscelânea sem caráter". Por outro lado, a ópera Ifigênia em Táuris, de Christoph Willibald Gluck, representou para Schiller um "prazer sem fim" e um paradigma do Classicismo musical. Em 1800, escreveria ao colega Johann Wolfgang Goethe: "Essa música é tão celestial que, mesmo no ensaio, entre as piadas e distrações dos cantores, ela me comove até as lágrimas".
Assassinato com acompanhamento musical
Wilhelm Tell
Ensaio de 'Guilherme Tell' no Nationaltheater de Weimar
Embora jamais se haja arriscado no campo dos libretos para ópera, a concepção teatral de Schiller é freqüentemente operística. Em 1797, em outra carta a Goethe, confessa: "Sempre tive uma certa confiança na ópera, que a tragédia se libertaria dela numa forma mais nobre, como dos coros do antigo festejo báquico".
Por exemplo, a primeira cena de Guilherme Tell abunda em rubricas musicais sugestivas: ainda com a cortina fechada, a público ouve uma melodia folclórica suíça e o "badalar harmonioso de sinos de gado", que se prolonga então pela cena adentro.
Sobe o pano e, ainda antecedendo o texto dramático propriamente dito, um aprendiz de pescador "canta da canoa", um pastor responde da montanha com uma canção, até que um caçador alpino finaliza a introdução musical, entoando duas estrofes. Schiller especifica até mesmo que as canções subseqüentes devem ser variações sobre a melodia suíça ouvida no início.
Mais tarde, na cena central da peça, a terceira do quarto ato, Schiller "compõe" um momento de complexa ironia dramático-musical, digna de um Puccini. Durante o conflito com Gessler, um cortejo nupcial se aproxima, por trás do palco: a alegria despreocupada oferece um contraponto eficiente para a crescente tensão no primeiro plano. A entrada do cortejo coincide com a flechada fatal de Tell: o tirano sangra até a morte, e a música alegre continua até que um dos homens de Gessler diz:
Está louco este povo, que acompanha o assassinato com música? Fazei-os calar.
Lieder e ópera
Além dos já mencionados Beethoven e Reichardt, praticamente nenhum dos grandes compositores românticos deixou de recorrer às palavras, idéias ou tramas teatrais de Schiller, como fonte de inspiração musical. Cite-se aqui apenas os lieder de Franz Schubert, Robert Schumann e Felix Mendelssohn ou o 12º poema sinfônico de Franz Liszt, baseado na poesia Os ideais.
A representação emocional de destinos humanos, plena de episódios dramáticos, tornou Schiller um favorito dos libretistas e compositores italianos. Entre 1813 e 1876 nada menos do que 19 de suas obras subiram aos palcos da Itália, transformadas em ópera.
Maria Stuart
Montagem teatral de 'Maria Stuart', direção Andrea Breth
Fugindo com a música
Schiller e a música: uma relação tumultuada e apaixonada. Para terminar, um episódio interessante de sua biografia, com significado quase alegórico: em setembro de 1782, Schiller foi obrigado a fugir da guarnição militar de Stuttgart, onde atuava como médico, escapando à perseguição pelo duque Carlos Eugênio.
Não só as práticas literárias eram proibidas entre militares, como alguns meses antes o duque punira o poeta com prisão, por este haver se afastado sem sua permissão, a fim de assistir em Mannheim uma récita de Os bandoleiros. Significativamente, Schiller escolheu como companheiro de fuga ninguém outro do que Andreas Streicher: seu grande amigo e... músico.
Talvez em parte devido à má qualidade das adaptações – superficiais e simplificadoras – a maioria dessas obras desapareceu completamente do repertório. Dentre as que sobreviveram temos a Maria Stuart de Gaetano Donizetti e o Guilherme Tell de Gioacchino Rossini. E, sobretudo, os quatro dramas de Giuseppe Verdi: Joana d'Arc, I masnadieri (baseada em Os bandoleiros), Luisa Miller ( Cabala e amor) e Dom Carlos. Delas, apenas esta última preserva em seu libreto algo da qualidade e dimensão poético-teatral do original.

sábado, 3 de novembro de 2018

Existe o destino? Somos levados pelo acaso? Ou construímos nossa destinação?

A Dialética da Liberdade

http://www.econtalk.org/david-boaz-p-j-orourke-and-george-will-on-the-state-of-liberty/

Recebemos através do Twitter o seguinte questionamento do internauta Bruce Casa Nova:

Querido, Marcelo, boa noite! Um forte abraço! Você acredita em destino? Acha que nós o construimos ou existe o acaso, o que já está destinado para nós?

É uma das indagações mais antigas da humanidade. Já somos destinados para algo? Somos levados pelo acaso, sem termos poder de escolha? Construimos nossa destinação?

O assunto nos sugere uma pesquisa sobre os filósofos que se debruçaram sobre o assunto e ao final, o pensamento que mais se assemelha o nosso.

No século I a.C. o filósofo Cícero nega totalmente o acaso e a fatalidade e enfatiza o livre-arbítrio do homem. Em sua obra Sobre a Adivinhação afirma: "não haver a ciência do futuro, e sustentar com todas as forças não existir, em absoluto, nem em Deus nem no homem, e não haver predição de coisas.

João Calvino, téologo francês que junto com o pastor suiço Guillherme Farel implementaram a Reforma Protestante na Suiça a partir de 1536. Para Calvino, os homens eram predestinados. Na sua visão, Deus tem um propósito particular para cada ser de Sua criação. Embora os homens estivessem predestinados à vida eterna ou à condenação, não sabiam de antemão seu destino.

Há um determinismo na Filosofia Budista pois seus fundamentos confiam ao ser humano as etapas para a iluminação. As suas ações influenciarão seu futuro. Obviamente que o seu livre-arbítrio deve ser utilizado para a preparação em um amanhã melhor. Se o amanhã pode ser melhor de acordo com os seus atos de hoje, é natural que haja uma necessidade no futuro de colhê-los. Todo o sofrimento que passamos hodiernamente, trata-se de erros cometidos no passado por nós mesmos.

Segundo o determinismo científico, tudo que existe tem uma causa. O mundo explicado pelo princípio do determinismo é o mundo da necessidade e não o da liberdade. Necessário significa aquilo que tem de ser e não pode deixar de ser. Nesse sentido, necessidade é o oposto de contingência, que significa o que pode ser de um jeito ou de outro.

Naturalmente que outros enfatizam a liberdade humana absoluta. Compreendendo que todos temos a escolha de de cidir e agir como se quer.

Aristóteles por exemplo, enaltece o "princípio de si mesmo" como o ato voluntário. Em "Ética a Nicômaco", afirma que tanto a virtude como o vício dependem da vontade do indivíduo.

Há uma refutação de Hannah Arendt em relação ao estagirita, em que ela ressalta que a liberdade naquele período da história estava restrita ao campo político. Mulheres, crianças, escravos e metecos não possuíam a mesma liberdade.

Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino utilizam o conceito de livre-arbítrio como faculdade da razão e da vontade para escolher um caminho. O bem ou o mal.

René Descartes também se debruça sobre o assunto e e defende que o ser humano deva sempre dominar a si mesmo. Mesmo que as paixões sejam boas em si, cabe à razão averiguar de que forma utlizá-las.

Em meados do século XX, Jean-Paul Sartre em sua filosofia existencialista afirma que o ser está irremediavelmente "condenado a ser livre". Tanto que um de seus principais pensamentos é "A existência precede a essência". O homem vive e vai construindo a sua própria identidade.

Pesquisando no Espiritismo, bússola de luz para todos nós, encontramos algumas explicações bem satisfatórias para a nossa humilde compreesão de vida.

Na obra "A Caminho da Luz", psicografada por Chico Xavier através do Espírito Emanuel, encontramos a seguinte afirmação:

- O determinismo do amor e do bem é a lei de todo o Universo e a alma humana emerge de todas as catástrofes em busca de uma vida melhor. 

A frase é muito clara. Existe um determinismo. Para o amor e o bem. Entendemos que, apesar de utilizarmos o livre-arbítrio em nossas vidas, em um dado momento não termos como fugir de nossa destinação. Naturalmente, em nosso plano ainda existe o mal. E somos responsáveis por nossos atos.
As vidas sucessivas terão um papel essencial na explicação do resgate desse mal.

O filósofo espírita José Herculano Pires entende que há uma dialética da liberdade. Há um determinismo subjetivo, que é a vontade do homem e um determinismo objetivo, que é o das condições de sua própria existência. Da oposição constante dessas duas vontades, resulta a liberdade-relativa da sua possibilidade e ação.

Na questão 844 de "O Livro dos Espíritos" encontramos a seguinte explanação:

- O homem tem liberdade de ação a partir do momento que tem a vontade de fazê-lo. No início da vida, a liberdade é quase nula; ela se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. A criança, por ter pensamentos relacionados com as necessidades de sua idade, aplica seu livre-arbítrio às coisas que lhe são necessárias.

Em nosso entendimento, devemos utilizar o livre-arbítrio como instrumento para nossa evolução. Quanto maior a nossa consciência, menos o determinismo nos cerceará os movimentos. Pois o estaremos aceitando de braços abertos. Para nossa liberdade maior mais adiante.

Fontes:

Revista das Religiões - Edição 5 - Janeiro 2004 - Por Estela Silva.
Filosofando : introdução à filosofia/ Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. - 3. ed. revista. São Paulo - SP. Moderna, 2003.
A CAMINHO DA LUZ História da civilização à Luz do Espiritismo. Ditada pelo Espírito: Emmanuel. Psicografada por: Francisco Cândido Xavier Publicação original em 1939 pela: Editora FEB Federação Espírita Brasileira www.febnet.org.br . Versão digital atualizada em setembro, 2016
O Livro dos Espíritos/Allan Kardec. Tradução Matheus R. de Camargo. Capivari-SP. Editora EME, 7ª edição, agosto/2006.
http://www.cacp.org.br/a-genese-da-predestinacao-na-historia-da-teologia/
http://www.universocatolico.com.br/index.php?/a-doutrina-da-predestinacao.html