sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Texto fundamental de Aristóteles sobre lógica ganha nova edição bilíngue

Obra traz conceitos-chave na ontologia do filósofo, que também delimitam também o espaço da metafísica em sua concepção
Incluir tudo o que existe – mesmo aquilo que não se tem ciência – em categorias, de modo a estudar esses elementos como conjunto, é premissa básica da filosofia de Aristóteles. A partir de Categorias, texto que abre o Órganon, ou o conjunto de escritos do filósofo sobe lógica, lançamento da Editora Unesp, Aristóteles fundamenta a filosofia que será a espinha dorsal do pensamento ocidental posterior. O leitor é brindado, ainda, com uma cuidadosa edição bilíngue espelhada direto do grego.
“O texto de Aristóteles que traz esse nome e de que o público brasileiro encontra aqui, enfim, uma tradução confiável devida à pena precisa de José Veríssimo Teixeira da Mata, foi dos tratados do Mestre o que esteve mais continuamente presente em toda a história da filosofia”, escreve o filósofo Francis Wolff, especialmente para o prefácio desta edição. “É por sua leitura que a civilização medieval forjou os primeiros rudimentos de sua lógica, graças à tradução latina que Boécio dele fizera.”
O filósofo grego propõe que a multiplicidade de seres pode ser classificada em dez categorias, com base em suas propriedades gerais: substância; quantidade; relação; qualidade; quando; onde; estar em uma posição; ter; fazer; sofrer. Todos os demais estariam subordinados a essa classificação mais geral de conceitos: ou seja, esse leque de possibilidades ontológicas daria conta da classificação mais genérica de qualquer ser existente no mundo. 
Ao longo de cinco capítulos, José Veríssimo Teixeira da Mata, que estudou letras clássicas e filosofia na Universidade de São Paulo, é mestre em filosofia da lógica e autor de notas em Da interpretação – também de Aristóteles –, concretiza verdadeira imersão na obra aristotélica, munindo o leitor com inúmeras ferramentas bibliográficas para, por fim, apresentar o texto de Aristóteles em sua tradução ao lado dos originais gregos. “Que legado um filósofo deixa, para sempre, a todos os outros? Alguns conceitos. Desse ponto de vista, Aristóteles é um dos mais fecundos e pode-se perguntar o que teria ocorrido a todas as outras filosofias sem os instrumentos conceituais que elas tiraram da sua”, acrescenta Wolff. 
Sobre o autor - Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), nascido em Estagira, na Grécia, pode ser considerado um dos pilares clássicos de todo o pensamento ocidental. Seus estudos envolveram, entre outras áreas, a metafísica, a política, a retórica, a lógica, a biologia e a estruturação da poética. Dele, a Editora Unesp publicou Da Interpretação, em 2013.
TítuloCategorias
Autor: Aristóteles
Tradução, introdução e notas: José Veríssimo Teixeira da Mata
Número de páginas: 287
Formato: 14 x 21 cm
Preço: R$ 58
ISBN: 978-85-393-0785-2  

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Escritora cearense de 16 anos lança segundo livro na Bienal do Rio

Best-seller cearense, Belle Leal, apresenta "Quando a Gente Acontece" e surpreende pela narrativa madura e provocadora sobre os conflitos reais de um relacionamento a dois
“A verdade é que a vida não é uma história de ficção. A vida só acontece. De jeitos inesperados e estranhos. Algumas vezes, até mesmos ruins. Sem finais felizes […] Não sabia se valia a pena me machucar tanto por algo assim. Vale a pena arriscar ser infeliz para ter algo tão desejado em troca?” A leitura de um testamento, mágoas antigas que ressurgem, novas dúvidas, sonhos almejados e a chama de uma paixão que nunca se apagou. Esses são os pontos de partida da história intrigante e arrebatadora contada em Quando a Gente Acontece, escrita pela jovem cearense Belle Leal, que será lançada nos dias 6 e 7 de setembro na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro.
Na trama publicada no Brasil pela Editora Coerência, Sophie, uma mulher de 26 anos, se sente (quase) satisfeita com tudo que já conquistou. É uma cirurgiã de sucesso e trabalha no melhor hospital de São Paulo. Após a perda do seu padrinho, a jovem se vê presa a uma grande decisão que não cabe somente a ela.
Mesmo após tantas conquistas, o coração da protagonista continua inquieto e ela não entende o porquê. A jovem tem um relacionamento com o homem perfeito. Roberto é forte, alto, bonitão e a trata como uma princesa, mas será isso o que Sophie busca?
É nesse ponto que as leitoras são convidadas a debater sobre o que realmente traz felicidade. Sophie vive uma vida considerada por muitos perfeita: uma carreira de sucesso e um namorado dos sonhos, mas o que falta para que ela se sinta feliz de verdade?
Lá vem spoiler
Talvez sua frustação amorosa tenha um ENORME motivo, com nome e sobrenome. A brilhante médica sempre foi apaixonada pelo seu melhor amigo, Alexander Dantas Ferraz, que coincidentemente é filho dos melhores amigos de seus pais. Ter nutrido essa paixão foi o pior erro que ela pôde cometer… Desde que seus sentimentos foram destruídos, ambos passaram a trocar farpas e a manter uma rivalidade por pura implicância.
Como se sua vida já não estivesse bagunçada o suficiente, ela vira de cabeça para baixo após a morte do seu padrinho Haroldo e com a tão esperada leitura de seu testamento. A jovem só receberia sua herança quando se casasse. E como se não bastasse isso, seu pretendente teria que ser Alexander, aquele que foi o seu primeiro amor e partiu seu coração anos atrás.
Entre um turbilhão de sentimentos, mágoas e desejos adormecidos, tudo pode acontecer em um piscar de olhos. Sophie conseguirá suportar tudo isso para ter o que deseja? Assim como Alexander, em meio a tantas dúvidas e conflitos internos, ela se rende às inúmeras surpresas que a vida oferece e à paixão avassaladora que nunca deixou de existir.
Sobre a autora: Belle Leal nasceu no dia 27 de março de 2003. Desde pequena, sempre foi encantada pelas palavras, ainda que, naquela época, não gostasse de usá-las. Começou a escrever suas histórias aos 10 anos de idade. É leitora voraz e se apaixona perdidamente pelos livros que lê. Além de “Quando a Gente Acontece”, Belle é autora da obra “O Lado Estranho do Amor”, toca piano, fala inglês e sonha em fazer faculdade de Medicina.
Serviço
XIX Bienal Internacional do Rio – 2019
Lançamento: Quando a Gente Acontece
Autor: Belle Leal
Data: 6 de setembro, às 17h, e 7 de setembro, às 18h
Estande: Editora Coerência
Localização: Pavilhão Verde – Q165 – Em frente à Arena Jovem
Site: https://www.bienaldolivro.com.br/
Ficha Técnica:
Título: Quando a Gente Acontece
AutoraBelle LealEditora: Pandorga
Páginas: 160Preço: R$35,00
Conheça as redes sociais da autora:Facebookhttps://www.facebook.com/belle.a.leal/Instagramhttps://www.instagram.com/belle_leal/

17º Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz celebram a poesia popular


Evento toma conta do Recife Antigo, entre os próximos dias 30 de agosto e 1º de setembro, com oficinas, feira de livro, apresentações culturais e muitos debates. Programação promovida pela Prefeitura do Recife é toda gratuita

A métrica, a estética e a poética dos saberes culturais ancestrais nordestinos serão celebradas, entre os próximos dias 30 de agosto e 1º de setembro, durante a 17ª edição do Festival Recifense de Literatura - A Letra e a Voz. Promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, o Festival levará oficinas, discussões, mesa de glosas, apresentações culturais e feira de livros para a Avenida Rio Branco, numa programação gratuita e aberta ao público, dedicada à salvaguarda da arte de tradição oral e popular do Nordeste.

“Nas Veredas da Poesia Popular” é o tema do Festival, que convida a um percurso literário pelas entranhas da alma e da sensibilidade de um povo. Na sexta, a partir das 18h, a programação abre com fala da secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e do homenageado Chico Pedrosa, que conduzirá uma mesa com o tema Um Garimpeiro de Sonhos.

Depois, a partir das 19h, protagonizam bate papo sobre o conceito da poesia popular o repentista Edmilson Ferreira, o cordelista, xilogravurista e patrimônio vivo pernambucano J. Borges, além de Maria Alice Amorim, pesquisadora e colecionadora de cordel. A mediação será do jornalista e membro da Academia Pernambucana de Letras Cícero Belmar.

No sábado, teoria e prática se encontram na programação, que começa com mão na massa e aprendizado. A partir das 14h, serão oferecidas três oficinas gratuitas, no Paço do Frevo:

DESTRINCHANDO AS TRIPAS DA POESIA
Oficina de poesia popular, com Wilson Freire

RABISCAR IMAGENS NA MADEIRA
Oficina de xilogravura, com Marcelo Soares

CORDEL EM CADA CANTO
Oficina de produção de cordel, com Felipe Junior

As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pelo e-mail aletraeavoz2019@gmail.com, até que sejam preenchidas as vagas. Os candidatos só precisam informar nome completo, idade, formação/ocupação e nome da oficina pretendida.

A partir das 18h, a Rio Branco celebra a poesia e sua ancestralidade, num bate papo com o homenageado Chico Pedrosa, Bia Marinho, filha do lendário poeta Louro do Pajeú , além do poeta e cordelista Jorge Filó e da poetisa Mariana Teles. Em seguida, as perseverantes raízes fêmeas da poesia popular serão mote para mesa de glosa com as poetisas da nova geração Dayane Rocha, Elenilda Amaral, Erivoneide Amaral e Francisca Araújo.

O domingo terá pressa para se fazer literário. Já a partir das 10h, a Feira do Livro semeará leituras no Recife Antigo, onde se dará o encontro da literatura com as atividades esportivas e recreativas do Projeto Recife Antigo de Coração.

Às 14h, a Quadrilha Raio de Sol, quarta colocada do 35º Concurso de Quadrilhas Juninas Adultas, realizado pela Prefeitura do Recife em 2019, apresenta seu espetáculo Fábrica de Xilo, obra talhada na cultura popular, no cotidiano encantado do cangaço, da vaquejada, do repente, das figuras reais e fantásticas do imaginário nordestino.

Mais tarde, às 15h, o cordel flerta com as próximas gerações, no projeto Cordel Animado, criado pela contadora de história e cordelista Mariane e sua irmã, Milla Bigio. A programação segue com bate papo sobre Gêneros e gerações numa cantoria de repente, com a poetisa e repentista Fabiane Ribeiro e Oliveira de Panelas, um dos mais renomados repentistas do país.

No encerramento do Festival, música e poesia vão se misturar no projeto Oferendar, de Bodocó, formado pelo patriarca Flávio Leandro e seus rebentos Davi Leandro e Sarah Lopes, com a participação ilustre do homenageado Chico Pedrosa, em carne, osso e rima.

Sobre o homenageado - A programação do Festival este ano presta homenagem a Chico Pedrosa, paraibano predestinado ao verso e à rima, filho da lida artística cuja nascente nunca seca no Nordeste. Seu pai era cantador de coco, sua mãe era sobrinha de cantador e Chico ainda achou de nascer no dia da poesia e do poeta do povo, da praça e do condor, Castro Alves.
Estudou na escola do sítio onde morava só até o terceiro ano primário, começou a escrever folhetos de cordel aos 18 anos, foi camelô e depois se firmou poeta. É pai de dois filhos, incontáveis cordéis e de três livros (Pilão de Pedra I I e II, Raízes da Terra, Raízes do Chão Caboclo - Retalhos da Minha Vida). Teve seus poemas e músicas gravados por gente do quilate de Téo Azevedo, Moacir Laurentino, Sebastião da Silva, Geraldo do Norte e Lirinha. Lançou, ele mesmo, três CDs: "Sertão Caboclo", "Paisagem Sertaneja" e "No meu sertão é assim". Aos 83 anos de idade, segue semeando a poesia oral em todas as plataformas, inspirando poetas de várias gerações, nos quatro cantos do país.

Nas Veredas da Poesia Popular - Trazida da Península Ibérica para o Brasil, a poesia popular nordestina se desenvolveu na Serra do Teixeira, região do sertão paraibano. Mas os caminhos anteriores desta expressão literária remetem aos mouros, povos árabes que ocuparam Portugal e Espanha entre os séculos VIII e XV, muito antes do surgimento do trovadorismo europeu, de onde se atribuía a origem da poesia popular brasileira. Em 1797, nasce Agostinho Nunes da Costa, na região de Teixeira/PB, conhecido como o pai da poesia popular. E, a partir dele, surge o fenômeno da hereditariedade nesta literatura, através de seus filhos, dando continuidade a uma poesia que tem na sua estética regras rígidas de rimas e métricas.

Com a sua difusão, este tipo de arte passou aparecer, por vezes, acompanhada de rabeca, pandeiro, ganzá, viola ou apenas nas vozes de poetas e poetisas até que, posteriormente, se consolidou com o registro escrito nos cordéis. A cantoria de viola, o coco de embolada, o aboio, o folheto, a poesia matuta são algumas das vertentes de como a poesia popular se apresenta. E a 17ª edição do Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz percorrerá as veredas desta manifestação nordestina, discutindo suas origens, formatos, heranças, contemporaneidade e o futuro desta arte que se confunde com o próprio Nordeste.

O fato é que esta forma artística extrapola as fronteiras dos sertões e se espraia nas periferias e nas praias dos diversos litorais: seja com cantadores que fazem das cidades a sua centralidade profissional, seja com cordelistas que tematizam a vida urbana e se irmanam com as dores das grandes metrópoles. Recife é uma destas centralidades, colaboradora da visibilidade do ontem e do hoje, por isso, a importância de por na cena esta temática inesgotável.

Recife Antigo de Coração - No domingo (1º), integrando e encerrando a programação do Festival de Literatura A Letra e a Voz, a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Recife vai realizar a edição especial do Recife Antigo de Coração. A programação oferta atividades ao ar livre para todos os gostos e idades.

Das 9h às 18h30, o Palco Marco Zero contará com apresentações de Carlinhos Monteverde, Adriana B, Anjos da Luz e Vinícius Barros. Já na Rua da Moeda, o palco Dançando na Rua convida grupos de dança para demonstrações dos mais diferentes estilos, das 15h às 19h.

Na Avenida Rio Branco, balanços interativos garantem uma diversão diferenciada para qualquer idade. As crianças têm espaço especial na Avenida Marquês de Olinda, com recreação e brinquedos infláveis, das 9h às 18h. Ainda na Marquês de Olinda, quem curte praticar atividades esportivas vai encontrar espaço para praticar futebol, vôlei, badminton, skate, longboard, slackline, basquete, parkour e muito mais para quem quiser exercitar corpo e mente numa programação só.

Confira a programação:
XVII Festival Recifense de Literatura – A Letra e a Voz
Nas Veredas da Poesia Popular
Homenagem a Chico Pedrosa
30, 31/08 e 01/09
Avenida Rio Branco – Recife Antigo

Dia 30 de agosto (Sexta-feira)
18h – Abertura oficial

18h30 – Um Garimpeiro de Sonhos
A Letra e a Voz de Chico Pedrosa

19h – Mas o que é mesmo poesia popular?
Bate-papo com Edmilson Ferreira, J. Borges e Maria Alice Amorim. Mediação de Cícero Belmar

20h30 – Fábrica de Xilo – Apresentação do Grupo Matulão de Dança


Dia 31 de agosto (Sábado)

14h às 17h – Oficinas
DESTRINCHANDO AS TRIPAS DA POESIA
Oficina de poesia popular com Wilson Freire

RABISCAR IMAGENS NA MADEIRA
Oficina de xilogravura com Marcelo Soares

CORDEL EM CADA CANTO
Oficina de produção de cordel com Felipe Junior

18h – A poesia e sua ancestralidade
Bate papo com Chico Pedrosa, Bia Marinho, Jorge Filó, Mariana Teles. Mediação de Ésio Rafael

20h – Glosas de Pé-de-Parede
A obra de Chico Pedrosa numa Mesa de Glosas
Com Dayane Rocha, Elenilda Amaral, Erivoneide Amaral e Francisca Araújo. Coordenação de Susana Morais

Dia 1º de setembro (Domingo)
Festa do Livro
A partir das 10 horas com editoras, sebos, mediadores de leitura, recitais, atividades lúdico-literárias, lançamentos de livros e bibliotecas comunitárias

14h – Fábrica de Xilo
Com a Quadrilha Raio de Sol

15h – Cordel Animado
Com Mariane e Milla Bigio

16h – Gêneros e gerações numa cantoria de repente
Com Fabiane Ribeiro e Oliveira de Panelas

17h – Oferendar
Com Davi, Sarah e Flávio Leandro. Participação especial de Chico Pedrosa


sexta-feira, 16 de agosto de 2019

O adestrador de borboletas e a pastora das nuvens - Xico Bizerra

Xico Bizerra

Ele adestra borboletas, cantando alto a Poesia que ela faz acariciando sonhos e pastorando nuvens. Moram a pequena distância, ele dela, mas não se conhecem. Ela sequer desconfia que o adestrador, no exercício de seu ofício, canta seus poemas. Ele, por sua vez, não imagina que seu canto deriva da poesia que ela escreve. Nunca se viram, nunca se encontraram.

Os devaneios comuns aos dois, ao contrário, vivem de mãos agarradas a passear pelo infinito do bem pensar. Estão por se encontrar. Poesia e canto não sabem viver um longe do outro. Um belo dia, tenha certeza, o som invadirá o íntimo da Poetisa que sentirá, no fundo da alma, que suas rimas se transformaram em canção, que seus versos hoje são melodia, que seus corpos foram feitos um para o outro.

E aí, sonetos suavizarão seus corações, cantigas bonitas embalarão suas vidas e cantilenas perenes se espalharão pela escola do adestrador, pelos caminhos e veredas das nuvens da Poetisa. Não tenho dúvidas. Amanhã, talvez, antes do primeiro vôo da borboleta azul, logo após as reticências da palavra, assim que o silêncio penetrar a profundeza das cores e a brancura das nuvens, eles se encontrarão para provar o estar vivo da bem-querença. A harmonia prevalecerá e a melodia estará pronta para ser executada. Antes que caia a gota inicial da água em que foi transformada aquela nuvem branquinha, numa chuva de amor e carinho, num borboletar de Paz. Assim é o amor.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Exposição “História e Humor” reúne obras do cartunista Thiago Lucas na Biblioteca da Unicap

Quem passa pela Biblioteca da Católica não pode deixar de conferir a exposição História e Humor, do cartunista e historiador Thiago Lucas. A mostra reúne 31 trabalhos com charges e caricaturas que estabelecem um diálogo crítico e bem humorado com a sociedade. Ele é ex-aluno da 6ª turma da especialização em História do Nordeste da Católica.
O trabalho de conclusão de curso (TCC) foi uma análise crítica da chamada Indústria da Seca a partir de charges. “Estou celebrando 10 anos como chargista profissional e minha monografia na especialização abordou a questão da seca, daí a motivação para montar a exposição. É uma forma de celebrar esses dois momentos. ”
O cartunista vê a charge como um recorte do momento histórico. “A charge é um desenho de humor que promove uma reflexão sobre política, economia, questões culturais da atualidade. Vários trabalhos acadêmicos são pautados pelo uso da charge. Você percebe que está contribuindo de alguma forma com o processo histórico, com pesquisas. Então esse diálogo entre charge, documentos e pesquisas é bem interessante”.
A exposição está sendo promovida pelo Programa de Pós-graduação em História da Unicap. “A charge é uma forma de ensinar a história. Há muito tempo não ficamos só no monumento e documentos. Nós utilizamos outros recursos como por exemplo as caricaturas. Nada mais atual do que se utilizar desse recurso para pensar e lançar críticas a toda essa situação que estamos vivendo no País”, disse o coordenador do PPGH, Prof. Tiago da Silva César. A curadoria é da professora do PPGH, Ana Cláudia de Araújo Santos, que também é museóloga.
A turma do 1º período da Licenciatura em História prestigiou a exposição. “Achei os temas muito interessantes, com abordagens muito políticas e atuais. A imagem da arma foi a que mais marcante para mim”, disse Adriana Borges Dantas, ao se referir a uma das charges que apresentava a involução humana sobre o um revólver que tinha como gatilho o mapa do Brasil.
Quem também fez uma reflexão crítica a partir do que viu na charge Tragédias da África…a compaixão mundial é seletiva foi Bianca Rouge. “A mídia foca nas tragédias da Europa e esquece do que se passa na África. Toda essa sensibilização é muito seletiva mesmo”, disse.
Daniel França


POR UMA ÚNICA PALAVRA
*Eriberto Henrique


Comecei a escrever na infância por brincadeira, ai fui crescendo e tomando gosto pela coisa. Logo me tornei um leitor compulsivo, pegando livro emprestado e lendo 2 ou 3 por semana. A leitura a observação das coisas em minha volta, me fizeram escrever ainda mais, acho que para colocar para fora tudo que sentia.

Eu sou um cara triste por natureza! Sempre fui sensível, sem habilidades motoras, um desastre em jogos eletrônicos, o cara que sentava no canto da sala, que entendia até mais do que o professor falava, mas preferia se resguardar, pois quando se expor, trazia consequências nada agradáveis. Sofri por isso! Por ser um nerd que gostava de livros e desenhos animados, por ser negro, por ser pobre, por ser feio, e por não ser aceito como era nem dentro da minha própria casa, eu era uma aberração confesso. Falava rebuscado, gostava de poemas, peteava o cabelo crespo de lado, e vestia camisa ensacada e lia livros de filosofia de 14 anos de idade. Cresci sem amigos, sem namoradas, sem um pai de verdade, e muita vezes sem o apoio moral da mãe, que não conhecia nenhum pouco o filho que tinha. E para ao menos me inserir entre os colegas de escola, tive que aprender a beber, falar palavrão, parando até de desenhar, mas não de escrever.

Quantas vezes eu chorei no canto do meu quarto, perguntando a Deus porque era assim, querendo que ele me levasse, pois não queria mais sofrer. Quantas vezes naquelas datas que todos consideram especiais, eu estava lá, sozinho, sonhando com um mundo que só existia nas minhas fantasias.

Passei a minha infância inteira e adolescência, brincando e conversando com amigos imaginários, levando surras, e voltando para casa sem contar para a mãe porque apanhei. Eu tinha que ser forte, fisicamente e mentalmente, suportar sei lá porque, pois quando olho para trás, é difícil achar momentos bons. Sei que fui feliz em alguns momentos e em algumas fases, mas sei quantas lágrimas derramei por decepção, por rejeição, e por ser quem eu era.

Os livros de poemas escritos na adolescência, eram gritos de desabafo, de libertação, de luta por um mundo melhor ou uma vida melhor, onde a vaidade não fosse importante. Os de romance, eram sonhos de viver o que nunca vivi. A literatura foi a cura para as minhas doenças, o remédio para a minha dor, seja desenhando ou escrevendo, naquele momento onde só existia eu a caneta e o papel, tudo parecia fazer sentido, inclusive cada dor sentida.
Quando entrei para o quartel, engajei porque eu era um soldado frio,  que aguentava grito sem ponderar, que aguentava a humilhação sem questionar, que era persistente, dedicado e trabalhador, e tinha plena consciência que eu não era nada, pois a vida já tinha me ensinado isso.

Quando sai do quartel foi para voltar a sonhar, para ser escritor porque achava que era a hora de buscar esse sonho. Quebrei a cara, e não tive coragem para contar a ninguém! Chorei ainda mais por dentro, com o desemprego e um universo de frustrações, minha mãe olhava para mim e chorava também, via a minha dor e rezava por mim. E entre tantas agustias, tive que vê-la partir, perdi a mulher que mais amei e que sempre vou amar minha vida inteira, justamente a mulher que mais me conhecia, mas não por completo, pois nunca conheceu o filho poeta de verdade, nunca me viu declamar um poema, ou leu um dos meus livros. E hoje, quando olho para eu meu filho, tento ser para ele tudo que não foram para mim, pai, amigo, irmão, companheiro, alguém que ele possa contar quando precisar, e que nunca deixe ele sozinho numa noite de natal. Alguém capaz de lhe cobrar quando preciso, e depois dizer eu te amo antes de dormir.

Um dia ele vai crescer, e eu vou dizer para ele, que as pessoas te machucam porque são fracas, porque são pequenas, imaturas e perdidas. As pessoas te machucam porque estão cegas, em um mundo necrosado pela desesperança, as pessoas te machucam porque sentem medo, porque são covardes, e não sabem o que fazem, como disse Jesus Cristo na cruz.

Enfim, eu que sempre defendi a literatura, que sempre lutei e busquei contra tudo e contra todos, mostrar que ela pode ser o caminho, contrariando pai e irmãs, contrariando companheiros de trabalho e colegas que conquistei nas estradas da vida. Eu fiz tudo isso porque ela, porque ela me ajudou a lutar, porque ela fez de mim o que sou, um homem que entra dentro do seu casco para se defender, mas que no fundo ainda é aquela criança que tinha medo do escuro.

E agora, olhando para minha alma tão quieta nesse momento, percebo e entendo, que muitas lutas e batalhadas são travadas, por causas que já estão perdidas.
E porque lutar então?
Talvez pelo significado de uma única palavra, “honra”.

Eriberto Henrique

terça-feira, 6 de agosto de 2019

A Significância de ser imbecil - Xico Bizerra

Xico Bizerra

Sou muito sensível a elogios. Adoro quando me chamam de imbecil. Tanto quanto Manoel de Barros. A diferença é que não tenho o talento dele.

Mas quando comentam as insignificâncias que escrevo, principalmente quando delas discordam, me acho realizado. É indicativo de que alguém leu e o que está lá escrito despertou o interesse de pelo menos uma pessoa, ainda que pensando diferente de mim.

É o poder da palavra, guardada nos cofres da Poesia. É o nada e o tudo juntos com a magia do encantamento e o poder da sedução.

Que seria de nós sem os JoõesCabrais, os Quintanas, os Vinícius e os Manoéis, os Barros e os Bandeiras? Adoro elogios.


sábado, 3 de agosto de 2019

Livro debate remakes de filmes de terror



Em A Aceleração do Medo, Filipe Falcão analisa os remakes de terror contemporâneos e suas características.



Um dos temas mais polêmicos do cinema de terror contemporâneo responde pelos remakes, também conhecidos como refilmagens. Prova disso é perceber como as principais produções das décadas de 1970 e 1980 ganharam novas versões nos últimos anos. Piores do que os originais, inovadores, exagerados, atualizados e desnecessários são apenas algumas das formas como refilmagens de terror costumam ser recebidas tanto por fãs como também pela crítica. Para os produtores, refilmagens vão além destes pontos e significam um extenso e lucrativo mercado a ser explorado.

Atento a este fenômeno, o jornalista e professor universitário Filipe Falcão lança, no domingo, dia 04 de agosto, o livro A Aceleração do Medo – O Fluxo Narrativo dos Remakes de Filmes de Horror do Século XXI. O lançamento acontece no Café Vicalli, na rua Maria Carolina, em Boa Viagem, das 17h às 20h.



Fruto da pesquisa que fez no Doutorado pela Universidade Federal de Pernambuco, o livro, lançado pela editora Estronho, traz uma completa análise sobre refilmagens não apenas de filmes de terror, mas da própria história do cinema. Além de Filipe, o pesquisador e professor Rodrigo Carreiro também vai participar do evento para apresentar dois livros sobre estudo do som no cinema contemporâneo.

Com 370 páginas, Filipe apresenta um estudo detalhado e aprofundado para a compreensão do que leva um filme a ganhar uma nova versão e principalmente compreender as características do remake. Para ele, o remake serve como modelo de atualização do filme para um novo público. “A história da sétima arte é marcada por refilmagens. A chegada do som significou que obras mudas ganhariam novas versões assim como o surgimento do cinema colorido como justificativa para refilmar títulos originais em preto e branco”, explica Filipe. Se o resultado vai ser bom ou ruim, esta já é uma consequência do tipo de produção visto que existem remakes melhores e piores do que as obras originais.


Em A Aceleração do Medo, Filipe aborda uma série de pontos que vão desde os gêneros fílmicos com destaque para produções de terror no século XXI até as características dos remakes e quais são as diferença entre outras formas de produções como adaptações e reboots.

Esses pontos preparam o terreno para os elementos comumente encontrados nas refilmagens contemporâneas. Tratam-se, quase sem exceção, de títulos muito mais acelerados do que as obras originais. A maioria dos remakes possui edição mais fragmentada, movimentos de câmera mais rápidos, desenho de som mais detalhado e barulhento, maior quantidade de personagens, entre outros pontos. “Essas mudanças acontecem uma vez que o cinema mainstream tem no excesso e na aceleração as duas palavras de ordem para suas produções. Basta pensar em filmes de ação estilo Velozes e Furiosos ou Os Vingadores. O público jovem é acostumado com este tipo de linguagem e quase que exige filmes cada vez mais acelerados”, explica Filipe.

Além desses pontos, a própria sociedade atual é bastante acelerada no seu estilo de vida. “Somos muito impacientes. Tudo é para agora. Estamos sempre correndo. O cinema mainstream sabe que precisa acelerar suas histórias. Além disso, a sétima arte pega inspiração tanto do universo dos videoclipes como também dos games para refilmar obras do passado e torná-las aptas para o consumo no século XXI”, completa Filipe.

Ao escolher comparar alguns dos filmes de horror mais amados e mais copiados que já existiram - o apocalipse zumbi Despertar dos Mortos (George Romero, 1978); o slasher Sexta-Feira 13 (Sean S. Cunningham, 1980) e a história de assombração Poltergeist - O Fenômeno (Tobe Hooper, 1982) - com suas recentes refilmagens (dirigidas respectivamente por Zack Snyder, Marcus Nispel e Gil Kenan), Filipe realiza um panorama histórico sobre o desenvolvimento do cinema de horror ao longo do último século, e também lida com conceitos fundamentais para a compreensão da cultura audiovisual contemporânea.

SOM – Na mesma noite, o pesquisador Rodrigo Carreiro vai vender o livro O Som do Filme: Uma Introdução, da editora da UFPR. Escrito a seis mãos com os pesquisadores Débora Opolski e João Godoy, a obra foi lançada em 2018. Trata-se de um livro-texto que cobre todas as fases da produção sonora para os meios audiovisuais. A obra é dividida em três partes: história e teorias do som no audiovisual, prática de som direto e prática de edição e mixagem sonoras.

“Trata-se de um livro-texto, destinado a todos os interessados nas múltiplas possibilidades criativas relacionadas ao uso da voz, dos ruídos, da música e do silêncio em filmes, vídeos e produtos audiovisuais”, explica Rodrigo.

Na ocasião, Rodrigo também vai conversar com os presentes sobre o e-book A Pós-produção de Som no Audiovisual Brasileiro. O livro, disponibilizado gratuitamente, é o resultado da pesquisa de pós-doutorado de Rodrigo na Universidade Federal Fluminense. O e-book apresenta 12 entrevistas com profissionais brasileiros de pós-produção sonora (editores, mixadores) para cinema e televisão, precedidas por um capítulo introdutório que sintetiza os principais
resultados da investigação.

Serviço:
Lançamento do livro A Aceleração do Medo – O Fluxo Narrativo dos Remakes de Filmes de Horror do Século XXI - Preço: R$ 40,00
O Som do Filme: Uma Introdução - Preço: R$ 40,00
Data: 04 de agosto
Hora: 17h – 20h
Local: Vicalli. Rua Maria Carolina, n. 574, Boa Viagem.