sexta-feira, 23 de junho de 2017

Deus está todo em toda parte - Agostinho de Hipona

Agostinho de Hipona (Aurelius Augustinus - 354-430 D.C.), sacerdote e filósofo cristão do século IV, escreve no seu Livro "Confissões":

"Encerram-Vos, portanto, o céu e a terra porque os encheis?
Ou, enchendo-os, resta ainda alguma parte de Vós, já que eles Vos não contém?
E, ocupado o céu e a terra, para onde estendereis o que resta de Vós?
Ou não tendes necessidade de ser contido em alguma coisa, Vós que abrangeis tudo, visto que as coisas que encheis as ocupais, contendo-as?
Não são, pois, os vasos cheios de Vós que Vos tornam estável, porque, ainda que se quebrem, não Vos derramais.
E quando Vos derramais sobre nós, não jazeis por terra, mas levantai-nos, nem Vos dispersais, mas recolheis-nos.

Vós, porém, que tudo encheis, não ocupais todas as coisas com toda a vossa grandeza?
E, já que não podem conter-vos todas as criaturas, encerram elas parte de Vós e contém simultaneamente a mesma parte?
Ou cada parte contém a sua, as maiores, as partes maiores, as menores, as partes menores?
Há então uma parte maior e outra menor de Vós - ou estais inteiro? em toda a parte e nenhuma coisa Vos contém totalmente?"¹

As arguições filosóficas de Agostinho nos levam à reflexões profundas e necessárias para aquele(a) que deseja conhecer mais sobre Deus. Mesmo aqueles que não aceitam a ideia de um Ser superior. Criador de todas as coisas e tudo o que existe.

Vianna de Carvalho através da psicografia de Divaldo Pereira Franco esclarece:

"Em nível algum da Criação encontra-se ausente a Divina Inteligência que tudo permeia e vitaliza, encaminhando à harmonia vibratória mesmo as partículas infinitesimais que constituem o Universo."²

Em sua obra "A Gênese", Allan Kardec também dedica sua atenção no capítulo 2º, destinado a estudar sobre Deus,  uma passagem denominada como "A Providência".

"A providência é a solicitude de Deus pelas suas criaturas. Deus está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às menores coisas: é nisto que consiste sua ação providencial".

"Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores pensamentos de cada indivíduo? Essa é a pergunta que a si mesmo faz o incrédulo, de onde ele conclui que ao admitir a existência de Deus, sua ação não deve estender-se senão à leis gerais do universo; que o universo funciona por toda a eternidade em virtude destas leis às quais cada criatura está submetida em sua esfera de atividade, sem que seja necessário o incessante concurso da Providência³.

"Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos; este fluido, sendo não-inteligente, age mecanicamente, seguindo unicamente as leis materiais; mas se supusermos que este fluido seja dotado de inteligência, de faculdades perceptivas e sensitivas, agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; ele verá, ouvirá e sentirá"³.

O filósofo Pietro Ubaldi nos aponta a seguinte conclusão:

"O homem evangélico vive desarmado em meio a indivíduos armados até os dentes, e deve desinteressar-se da própria pessoa, embora no meio da mais feroz avidez. Então, que forças vitais o defendem e impedem a destruição de seu produto mais perfeito? Respondemos: a Divina Providência. Trata-se na verdade do imponderável que, por isso, escapa à sensibilidade grosseira do involuído. É uma força real, inteligente, que funciona segundo lei própria,  fenômeno sempre pronto a verificar-se, desde que se apresentem reunidos os elementos determinantes. E também isso é lógico. O fenômeno, sem dúvida alguma, existe, é susceptível de experimentação e influi até mesmo no campo dos efeitos utilitários, se o mecanismo das forças resultantes é posto em ação no momento exato. Torna-se necessário, antes de mais nada, compreender a lei desse fenômeno e expor as condições necessárias para que ele se verifique. Quais são essas condições? Ei-las:

 1) Merecer a ajuda;
2) Haver, antes de mais nada, esgotado as possibilidades das suas próprias forças;
3) Estar, de acordo com suas condições, em estado de necessidade absoluta;
4) Pedir o necessário e nada mais;
5) Pedir humildemente, com submissão e fé.

Quando essas condições se realizam, a Divina Providência está em condições de funcionar a favor de todos". 4

E você?
Como imagina que a Providência Divina age?
De que forma Deus chega à você? Ou você chega à Deus?


1 - Os Pensadores - Santo Agostinho - Abril Cultural - 1999
2 - Atualidade do Pensamento Espírita - Espírito Vianna de Carvalho - Psicografia Divaldo Pereira Franco - Alvorada Editora - 1998. Pag. 151.
3 - A Gênese - Allan Kardec - Tradução Victor Tollendal Pacheco - Editora LAKE - 2001. Pag. 50.
4 - Ubaldi, Pietro. A Nova Civilização do Terceiro Milênio
http://www.pietroubaldi.org.br/mensagens-2/965-a-divina-providencia
Visitado em 23/06/17



terça-feira, 13 de junho de 2017

O Cristo não nos pediu muita coisa...

























Dentro de sua inteligência amorosa, Chico nos faz um convite ao mesmo tempo racional e afável.

Quantas situações desastrosas podemos evitar.
Às vezes por não conseguirmos segurar uma palavra ou frase mais ácida.
Em outros momentos, por não prestar a devida atenção, àquele(a) que nos cruza o caminho.
Um sorriso que pode desmanchar ocasiões desagradáveis.
Um abraço que pode calar uma mágoa.

Durante muito tempo, pensávamos que Jesus queria de nós, atitudes que não conseguíamos ainda alcançar. Imaginávamos uma santidade que ainda não podemos ostentar. Daí passamos (enquanto sociedade) a nos distanciar. E esse distanciamento deságua em todos os atuais problemas da civilização.

Esta mensagem nos alerta que dentro da simplicidade de nossas vidas, podemos fazer muito. Mesmo imaginando que seja pouco. O importante é não deixar passar oportunidades de ser útil.

Nos dias de hoje, o amor é mais falado que vivido. Às vezes até sem sentimento, sem essência.

"Entretanto, nem sempre se deve fiar nas aparências, pois a educação e o traquejo do mundo podem dar o verniz dessas qualidades. Quantos há, cuja fingida bonomia é apenas uma máscara para uso externo, uma roupagem cujo corte bem calculado disfarça as deformidades ocultas!"¹

O "Amai-vos uns aos outros", ainda não foi totalmente compreendido em sua totalidade. 
A grande rede de amor que pode e deve ser estendida por toda a humanidade.

O bem que se faz, se recebe mais adiante. 
Contudo, não da forma como se entende na civilização. 
Houve um desvirtuamento do sentido da frase.
Quando se tenta compreender de forma material, o resultado é desastroso.

Para terror dos materialistas, o amor não se mede, mas existe. E funciona!