sábado, 20 de outubro de 2018

Baruch de Spinoza e a intolerância


Outro filósofo da modernidade que despertou sua atenção para a tolerância ou a falta dela, foi o holandês Baruch de Espinosa (1632-1677). Sentiu na própria pele, a dor da intolerância. Enfrentou injustiças, as mais variadas e escreveu sobre o assunto.



A filósofa Marilena Chauí registra em seu livro “Espinosa, uma filosofia da liberdade”, o seguinte pensamento do autor:
                              
"Haverá algo mais pernicioso, repito, do que considerar inimigos e condenar a morte homens que não praticaram outro crime ou ação criticável senão o pensarem Iivremente, e fazer assim do cadafalso, que é o terror dos delinquentes, um palco belíssimo em que se exibe, para vergonha do soberano, o mais sublime exemplo de tolerância e de virtude? Porque os que sabem que são honestos não tern, como os criminosos, medo de morrer nem imploram clemência; na medida em que não os angustia o remorso de qualquer feito vergonhoso, pelo contrário, o que fizeram era honesto, recusam-se a considerar castigo o morrer por uma causa justa e tern por uma gloria o dar a vida pela liberdade. Que exemplo poderá então ter ficado da morte de pessoas assim, cujo ideal é incompreendido pelos fracos e moralmente impotentes, odiado pelos revoltosos e amado pelos homens de bem? Ninguém, certamente, aí colhe exemplo algum, a não ser para os imitar ou, pelo menos,  admirar." (CHAUÍ, 2001)

Espinosa critica além da própria injustiça, o fato do condenado ser mensurado por baixo. Ser colocado no mesmo nível dos demais infratores, desonestos e criminosos. É irracional, ser vítima de crimes os mais diversos, desde as perseguições até mesmo a morte, o fato de tão somente pensar diferente e de uma maneira a não prejudicar a quem quer que seja. Tão somente por defender a sua fé.

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