Nos
últimos dias, resolvemos interagir com alguns internautas através da rede
social “Twitter” e solicitamos alguns questionamentos em relação a assuntos ligados
às religiões. Felizmente obtivemos algumas participações bem legais. O que nos
deu um grande prazer em pesquisar nos mais variados autores da filosofia e da
teologia para satisfazer seus anseios existenciais.
Podemos
afirmar que no campo da “Filosofia da Religião”, as nossas principais
ferramentas são a metodologia histórico-comparativa, a filologia e a
antropologia. A importância está justamente em transcender aquilo que é
doutrinal. Obviamente que, além de citarmos pensadores de diversos matizes, proporcionando a liberdade e a possibilidade de emitiremos também nossa opinião realizando uma síntese das teses apresentadas.
A
jovem Malu nos fez a seguinte pergunta: “Onde
fica a alma”?
https://www.the-soul-purpose.com/energy-healingsoul-counseling.html
É um
questionamento muito interessante, pois durante muito tempo o homem da terra
fala em alma e não investiga de forma incisiva esse tema.
No
século VI a.C. Pitágoras já se referia à Transmigração das almas. Que seria a
possibilidade da mesma alma habitar um corpo humano e depois um corpo animal. O
que mais adiante o Espiritismo viria rechaçar.
Mais
adiante, no século V a.C. Empédocles afirmava que a alma vivia através de
diversas reencarnações. Para ele, as más condutas eram castigadas com
encarnações posteriores.
Filolau
de Crotona ensina que a alma está aprisionada no corpo pela divindade.
Platão
através de Sócrates ensina que a alma está entrelaçada à teoria das ideias. A
alma é movida por si mesma e move o corpo. Um corpo para ser considerado vivo,
deve ser movido pela alma. Esta é a verdadeira essência do ser humano, e sem
ela não existe vida. Ele divide a alma em três partes:
Racional
– Capaz de conhecer a verdade e alcançar as essências no mundo inteligível.
Localizada na cabeça.
Irascível
– Responsável pela defesa do indivíduo, que deveria manter a coragem, mas
também moderar a agressividade. Localizada à altura do peito.
Apetitiva
ou Concupiscível – Sede dos desejos, capazes de promover a sobrevivência do
corpo, mas que deveriam ser atendidos com moderação. Localizada à altura do
estômago.
O
filósofo Aristóteles entende que a alma não é material, mas também não é um ser
do mundo ideal. Ele a considera como sendo princípio formalmente vital. Divide
a alma em duas partes. Uma racional e outra irracional. A primeira concebe
princípios de razão, a segunda é privada de razão.
O
pensador divide a parte racional em duas. A científica ou contemplativa e a
calculativa. Esta opera o contingente. Aquilo que pode ser de outra maneira. A
prudência, a sabedoria prática ou discernimento. Ele denomina phronesis. Aquela permite contemplar as
coisas invariáveis, aquelas que não podem ser de outro modo. É a sophia, ou sabedoria.
O
estagirita ainda divide a irracional também em duas. A irracional vegetativa,
que é responsável pela alimentação e crescimento. A irracional apetitiva,
aquela que deseja. Embora irracional por si mesma, relaciona-se com a parte
racional.
No
século III, Plotino entende que a alma é uma emanação da Alma Universal, que
por sua vez, provém do Noûs, do Uno, enquanto pensa e quer por si mesmo.
No
século XIV, o monge franciscano Guilherme de Ockham, propaga que, pelo fato da
alma e Deus não serem sensíveis, não são cognoscíveis. Não se pode provar a
alma, e é impossível demonstrar cientificamente a imortalidade. Essa linha de
pensamento deu origem ao Empirismo e ficou conhecida como experimentalismo
inglês.
Outro
filósofo importante a abordar o tema é René Descartes. Já no século XII afirma
que é preciso distinguir no homem duas substâncias: o corpo (res extensa) e o
eu pensante (res cogitans).
Encontramos
a resposta mais satisfatória em “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec. Na
questão 146, o codificador indaga: A
alma tem uma sede determinada e circunscrita no corpo?
Os
Espíritos respondem:
Não,
mas se encontra mais particularmente na cabeça dos grandes gênios e de todos os
que pensam muito, e no coração daqueles que têm grande sensibilidade e que
dedicam suas ações à humanidade.
É
importante ressaltar que na questão 93 da mesma obra, os benfeitores da humanidade comentam
que o Espírito é envolto por uma substância que, para ti (humano), é vaporosa,
mas ainda bastante grosseira para nós (Espíritos).
Por
ser imaterial (do nosso ponto de vista) a alma se irradia por todo o corpo e
até além dele, através do Perispírito.
Fontes:
Filosofia da Religião/Adriano Antônio Faria. Curitiba: Intersaberes, 2017.
Ética antiga e medieval/Reginaldo Polesi. - Curitiba: Intersaberes, 2014.
Filosofia: ensino médio/Alexandre Martins; reformulação dos originais de: Michele Czaikoski Silva; DKO Estúdio. Curitiba : : Positivo, 2016.
Os caminhos da reflexão metafísica: fundamentação e crítica/Mauro Cardoso Simões. Curitiba: Intersaberes, 2015.
Kardec, Allan (1804/1869). O Livro dos Espíritos/Allan Kardec. Tradução Matheus R. de Camargo. Capivari-SP: Editora EME, 7ª edição, agosto/2006 - formato 15,5x21,5 cm.
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