segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Platão/Espírito comenta questão 1009 de "O Livro dos Espíritos"


Platão/Espírito comenta questão 1009 de "O Livro dos Espíritos". 

A pergunta:
Sendo assim, as penas impostas nunca seriam para a eternidade?

Há quatro respostas. A primeira é de Agostinho de Hipona, a segunda Lammenais, aterceira é a  de Platão e ainda uma quarta, de Paulo Apóstolo. 

“Guerras de palavras! Guerras de palavras! Ainda não basta o sangue que tendes feito correr! Será ainda preciso que se reacendam as fogueiras? Discutem sobre palavras: eternidade das penas, eternidade dos castigos. Ignorais então que o que hoje entendeis por eternidade não é o que os antigos entendiam e designavam por esse termo? Consulte o teólogo as fontes e lá descobrirá, como todos vós, que o texto hebreu não atribuía esta significação ao vocábulo que os gregos, os latinos e os modernos traduziram por penas sem fim, irremissíveis. Eternidade dos castigos corresponde à eternidade do mal. Sim, enquanto existir o mal entre os homens, os castigos subsistirão. Importa que os textos sagrados se interpretem no sentido relativo. A eternidade das penas é, pois, relativa e não absoluta. Chegue o dia em que todos os homens, pelo arrependimento, se revistam da túnica da inocência e desde esse dia deixará de haver gemidos e ranger de dentes. Limitada tendes, é certo, a vossa razão humana, porém, tal como a tendes, ela é uma dádiva de Deus e, com auxílio dessa razão, nenhum homem de boa-fé haverá que de outra forma compreenda a eternidade dos castigos. Pois que! Fora necessário admitir-se por eterno o mal. Somente Deus é eterno e não poderia ter criado o mal eterno; do contrário, forçoso seria tirar-se-Lhe o mais magnífico dos Seus atributos: o soberano poder, porquanto não é soberanamente poderoso aquele que cria um elemento destruidor de suas obras. Humanidade! Humanidade! Não mergulhes mais os teus tristes olhares nas profundezas da Terra, procurando aí os castigos. Chora, espera, expia e refugia-te na idéia de um Deus intrinsecamente bom, absolutamente poderoso, essencialmente justo.” PLATÃO.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: FEB, 1995.


domingo, 1 de setembro de 2019

Bertrand Russell repassa a história da filosofia ocidental em livro

Antonio Gonçalves Filho, O Estado de S.Paulo


Bertrand Russell
O ator Jeremy Northam viveu Bertrand Russell no filme 'O Homem que Viu o Infinito' Foto: Netflix

O cineasta Matthew Brown, em seu filme O Homem Que Viu o Infinito (2016), 
elege o filósofo, um lorde, como um dos principais personagens da saga do matemático 
indiano Srinivasa Ramanujan (1887-1920), que ele ajudou a promover. 
O aristocrata Russell, que se definia como um socialista, fez na prática o que poucos 
em sua época ousaram: ajudou um autodidata indiano a ser aceito pela racista e 
conservadora sociedade inglesa da época.
Ramanujan enfrentou (e venceu) a competição de acadêmicos britânicos menos capazes.

Sobre sua História da Filosofia Ocidental, Russell preferiu chamá-la de um “trabalho de
história social”, defendendo-se das críticas que recebeu no lançamento – é conveniente
lembrar que ele também recebeu elogios de gênios como Albert Einstein e 

Erwin Scrödinger. Já George Steiner considerou a sua história “vulgar”, opinião não 
compartilhada por Scruton.

Essa História da Filosofia Ocidental de Russell certamente é polêmica. 

Alguns ensaístas, como Scruton, consideram sua análise do pensamento pré-cartesiano 
um tanto superficial.
Isaiah Berlin, que escreveu sobre a obra em 1947, reforça a reputação de Russell 

como grande inovador da Lógica, saindo em sua defesa ao observar que, de fato, 
o filósofo e matemático poderia ter optado por uma história sistemática do modelo 
alemão ou  francês de pensamento, mas preferiu ligar a história de pensadores do passado 
aos  contemporâneos por acreditar que a Filosofia é território de ninguém. 
Pitágoras seria tanto um místico como matemático, defende o autor, que, nunca é demais 
lembrar, era um filósofo e matemático avesso à ideia de um conhecimento superior 
ou inferior. Em resumo: foi um enciclopedista segundo o modelo iluminista do século 18.

Pode-se acusar Russell de não demonstrar inclinação particular pelo transcendentalismo 

ou pela teologia mística, mas não o de ignorar a história social – dos gregos, em particular,
ao assumir certa resistência às ideias de Platão (classificado de um filósofo 

político “orgânico”) ou à ausência de uma “imaginação emocional” em Aristóteles, 
como bem lembrou Isaiah Berlin. Admirador de Espinoza, um racionalista do século 17, 
Russell dedica um texto apaixonado ao filósofo holandês, para o qual Deus e a natureza 
eram dois nomes para a mesma realidade. No entanto, todos concordam que 
seu melhor texto é sobre a filosofia do alemão Leibniz, figura central na defesa 
do racionalismo (ele foi um grande matemático). Russell emperra mesmo em Kant, 
contestando suas doutrinas sobre espaço e tempo. História da Filosofia Ocidental é isso: 
uma obra em que o autor não sucumbe ao poder do mito.

PRIMEIRA FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS - A GÊNESE


Capítulo X – Gênese Orgânica

PRIMEIRA FORMAÇÃO DOS SERES VIVOS
 1. – Foi num tempo em que os animais não existiam, em que eles começaram. Tem-se visto aparecer cada espécie na medida em que o globo adquiria as condições necessárias para sua existência: eis o que é positivo. Como se formaram os primeiros indivíduos de cada espécie? Compreende-se que um primeiro par sendo dado, os indivíduos sejam multiplicados; mas este primeiro par, de onde surgiu? É aí um destes mistérios que se tem do princípio das coisas e sobre os quais só se podem fazer hipóteses. Se a Ciência não pode ainda resolver completamente o problema, pode, pelo menos colocar sob a vista.
 2. – Uma primeira questão que se apresenta é esta aqui: cada espécie animal seria ela saída de um primitivo par ou de vários pares criados, ou como se queira, germinados simultaneamente em diferentes lugares?
 Esta última suposição é a mais provável; pode-se, mesmo, dizer que ela resulta da observação. Com efeito, existe em uma mesma espécie uma infinita variedade de gêneros que se distinguem pelos caracteres mais ou menos resolvidos. Seria preciso, necessariamente, ao menos um tipo para cada variedade apropriada ao meio onde fosse chamada a viver, já que cada uma se reproduz identicamente da mesma forma.
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Por outro lado, a vida de um indivíduo, sobretudo a de um indivíduo nascido, está sujeita a tantas eventualidades, que toda uma criação poderia estar comprometida sem a pluralidade dos tipos primitivos, o que não teria sido conforme a providência divina. Alhures, se um tipo pudesse se formar sobre um ponto, não haveria razão para que não se formasse em vários outros pontos pela mesma causa.
Enfim, a observação das camadas geológicas atesta a presença, nos terrenos de mesma formação, e aí em proporções enormes, a mesma espécie sobre os pontos distantes do globo. Esta multiplicação, se geral e, de alguma forma, contemporânea, teria sido impossível a partir de um só tipo primitivo único.
Tudo concorre, pois para provar que teve criação simultânea e múltipla das primeiras duplas de cada espécie animal e vegetal.
3. – A formação dos primeiros seres vivos pode-se deduzir por analogia, da mesma lei de após a qual se formaram, e se formam diariamente, os corpos inorgânicos. À medida que se aprofunda nas leis da natureza, veem-se as organizações, que ao primeiro encontro, parecem tão complicadas, simplifica-se e se confunde na grande lei de unidade que preside toda obra da criação. Compreender-se-á melhor quando se der conta da formação dos corpos inorgânicos, do qual é o primeiro grau.
4. – A química considera como elementares um certo número de substâncias tais como: o oxigênio, o hidrogênio, o azoto, o carbono, o cloro, o iodo, o flúor, o súlfur, o fósforo e todos os metais. Por suas combinações, eles formam os corpos compostos: os óxidos, os ácidos, os álcalis, os sais e as inumeráveis variedades que resultam da combinação dos mesmos. (b)
A combinação de dois corpos para formar um terceiro exige um concurso particular de circunstâncias: seja um grau determinado de calor, de secura ou de umidade, seja o movimento ou o repouso, seja uma corrente elétrica, etc. Se estas condições não existirem, a combinação não terá lugar.PORT THIS AD

5. – Quando há combinação, os corpos componentes perdem suas propriedades características, enquanto que o composto que disso resulta possui-as novas, diferentes daquelas das primeiras. É assim, por exemplo, que o hidrogênio e o oxigênio, que são gases invisíveis, combinando-se quimicamente, formam a água que é líquida, sólida ou vaporífica, conforme a temperatura. Na água nada mais há propriamente que falar do hidrogênio e do oxigênio, mas de um novo corpo; esta água, estando decomposta, os dois gases, tornam-se livres, readquirindo suas propriedades e não haverá mais água. A mesma quantidade de água pode ser assim alternativamente decomposta e recomposta ao infinito.
Na simples mistura não há produção de um novo corpo, e os princípios misturados conservam suas propriedades intrínsecas que são simplesmente minoradas, como o é o vinho misturado á água. É assim que uma mistura de 21 partes de oxigênio e de 79 partes de azoto formam o ar respirável, da mesma forma que 5 partes de oxigênio sobre 2 de azoto produz o ácido nítrico.
6. – A composição e a decomposição dos corpos têm lugar pela sequência do grau de afinidade que os princípios elementares têm uns pelos outros. A formação da água, por exemplo, resulta da afinidade recíproca do oxigênio e do hidrogênio; mas, se, colocando-se em contato com a água um corpo tendo pelo oxigênio maior afinidade que a do hidrogênio, a água se decompõe. O oxigênio é absorvido, liberando o hidrogênio e não há mais água.
7. – Os corpos compostos se formam sempre em proporções definidas, ou seja, pela combinação de uma quantidade determinada dos princípios constituintes. Assim, para formar a água é preciso uma parte de oxigênio e duas de hidrogênio. Então, mesmo que se pusesse, nas mesmas condições, uma proporção maior de um ou do outro dos dois gases, ele aí teria sempre a mesma quantidade necessária absorvida e ao sobrar ficaria livre. Se, em outras condições, houver duas partes de hidrogênio combinadas com duas de hidrogênio, em lugar da água comum obter-se-ia o dióxido de hidrogênio (água oxigenada), líquido corrosivo, formado de acordo com os mesmos elementos da água, mas em uma outra proporção. (c)
8. – Tal é, em poucas palavras, a lei que preside a formação de todos os corpos da natureza. A inumerável variedade destes corpos resulta de um reduzido número de princípios elementares combinados em proporções diferentes.
Assim, o oxigênio combinado em certas proporções com o carbono, o súlfur, o fósforo, forma os ácidos carbônico, sulfúrico, fosfórico; o oxigênio e o ferro formam o óxido de ferro ou ferrugem; o oxigênio e o chumbo, ambos inofensivos, dão lugar aos óxidos de chumbo, tais como o litargo, o branco de cerusa (alvaiade), o mínio (zarcão), que são venenosos. O oxigênio, com os metais chamados cálcio, sódio, potássio, forma a cal, a soda cáustica, a potassa. A cal unida ao ácido carbônico forma os carbonatos de cálcio ou pedras calcárias, tais como o mármore, o giz, a pedra de batimento (portuguesa branca), as estalactites das grutas, unida ao ácido sulfúrico, forma o sulfato de cálcio, ou gesso, e o alabastro; ao ácido fosfórico o fosfato de cálcio, base sólida dos ossos; o hidrogênio e o cloro formam o ácido clorídrico (suco gástrico) ou hidroclorídrico; o cloro e o sódio formam o hidroclorato de sódio (cloreto de sódio ou sal de cozinha), ou sal marinho.
9. – Todas estas combinações e milhares de outras obtêm-se artificialmente em pequenas proporções  nos laboratórios de química; eles operam-se espontaneamente em grande escala no imenso laboratório da natureza.
A Terra, em seu princípio, não continha estas matérias combinadas, mas apenas seus princípios constituintes volatilizados. Tão logo as terras calcárias e outras, tornaram-se ao longo pedregosas, foram depositadas em sua superfície, elas não existiam absolutamente todas formadas; mas no ar encontravam-se, no estado gasoso, todas as substâncias primitivas; estas substâncias, precipitadas pelo efeito do resfriamento, sob o domínio das circunstâncias favoráveis, combinaram-se segundo o grau de sua afinidade molecular; foi então que se formaram as diferentes variedades de carbonatos, de sulfatos, etc., a princípio, em dissolução nas águas, depois, depositadas na superfície do solo.
Suponhamos que, por uma causa qualquer, a Terra volte ao seu estado de incandescência primitiva; tudo isso se decomporia; os elementos se separariam; todas as substâncias fusíveis se fundiriam; todas estas que são voláteis se volatilizariam. Depois, um segundo resfriamento conduziria a uma nova precipitação e as antigas combinações se formariam novamente.
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10. – Estas considerações provam o quanto a Química era necessária para a compreensão da Gênese. Antes do conhecimento das leis da afinidade molecular, era impossível compreender a formação da Terra. Esta ciência aclarou a questão de uma forma toda nova, como a Astronomia e a Geologia fizeram a outros pontos de vista.
11. – Na formação dos corpos sólidos, um dos fenômenos dos mais remarcáveis é o da cristalização que consiste na forma regular que afetam certas substâncias então de sua passagem da fase líquida ou gasosa (fluida) para a fase sólida. Esta forma, que varia conforme a natureza da substância, é geralmente a de sólidos geométricos, tais como o prisma, o romboide, o cubo, a pirâmide (e). Todos conhecem os cristais de açúcar cândi; os cristais de rocha, ou silício cristalizado que são prismas com seis faces terminadas por uma pirâmide igualmente hexagonal. O diamante é carbono puro, cristalizado. Os desenhos que se produzem sobre os vidros no inverno são devidos à cristalização do vapor de água sob forma de agulhas prismáticas.
A disposição regular dos cristais tem a forma particular das moléculas de cada corpo; estes fragmentos, infinitamente pequenos para nós, não deixando de ocupar um certo espaço, solicitados uns sobre os outros, pela atração molecular, se arranjam e se justapõem conforme a exigência de sua forma, de maneira que tome, cada um, seu lugar em torno do núcleo ou primeiro centro de atração e de formar um conjunto simétrico.
A cristalização só se opera sob o jugo de certas circunstâncias favoráveis fora das quais não pode ter lugar; o grau da temperatura e o repouso são as condições essenciais. Compreende-se que um forte calor, mantendo as moléculas afastadas, não as permitiria condensar-se e que a agitação se opondo a seu arranjo simétrico, elas, apenas, formarão uma confusa e irregular massa e, portanto, sem cristalização propriamente dita.
12. – A lei que preside a formação dos minerais conduz naturalmente à formação dos corpos orgânicos
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A análise química nos mostra todas as substâncias animais e vegetais compostas dos mesmos elementos que os corpos inorgânicos. Aqueles destes elementos que ocupam o principal papel são: o oxigênio, o hidrogênio, o azoto e o carbono; os outros só se encontram acessoriamente. Como no reino mineral, a diferença de proporção na combinação destes elementos produz todas as variedade de substâncias orgânicas e suas propriedades diversas tais como: os músculos, os ossos, o sangue, a bile, os nervos, a matéria cerebral, a gordura, entre os animais; a seiva, o tronco, as folhas, os frutos, as essências, os óleos, as resinas, etc., nos vegetais. Assim, na formação dos animais e das plantas não entra nenhum corpo essencial que não se encontre igualmente no reino mineral. (1).
13. – Alguns exemplos usuais farão compreender as transformações que se operam no reino orgânico, pela simples modificação dos elementos constituintes.
No sumo da uva não há ainda nem o vinho nem o álcool, mas simplesmente, água e açúcar. Quando este sumo chega à maturidade e que se encontre posto em circunstâncias propícias, aí, produz-se um trabalho íntimo ao qual se dá o nome de fermentação. Neste trabalho, uma parte do sumo se decompõe; o oxigênio, o hidrogênio e o carbono se separam e se combinam nas proporções de volume para fazer o álcool; de sorte que em bebendo a essência de uva, nunca se bebe realmente álcool, já que não o existe ainda.
No pão e os legumes que se comem, não há certamente nem carne nem sangue, nem osso, nem bile, nem matéria cerebral e, conforme estes mesmos alimentos vão em se decompondo e se recompondo pelo trabalho da digestão, produz estas diferentes substâncias pela simples transmutação de seus elementos constituintes.
Na semente de uma árvore, não há nada mais nem tronco, nem folhas, nem flores, nem frutas, e é um erro pueril de se crer que a árvore inteira, sob forma microscópica, se encontra na semente; nem sequer, num relance, nesta semente, a quantidade de oxigênio, de hidrogênio e de carbono necessária para formar uma folha da árvore. A semente contém um germe que eclode quando ela se acha em condições favoráveis; este germe cresce pelos sucos que tira na terra e o gás que aspira do ar; estes sucos que não são nem tronco, nem folhas, nem frutas, infiltram-se na planta e formam a seiva, como os alimentos, entre os animais, formam o sangue. Esta seiva, levada pela circulação em todas as partes do vegetal, conforme os órgãos aonde chegam e onde ela sofre uma elaboração, transforma-se em troncos, folhas, frutos, como o sangue se transforma em cabelo, osso, bile, etc., e, entretanto são sempre os mesmos elementos; oxigênio, hidrogênio, nitrogênio e carbono, diversamente combinados.

14. – As diferentes combinações dos elementos para a formação das substâncias minerais, vegetais e animais, só podem, pois, se operar nos meios e nas circunstâncias propícias; fora destas circunstâncias, os princípios elementares estão em uma forma de inércia. Mas, desde que as circunstâncias sejam favoráveis, começa um trabalho de elaboração; as moléculas entram em movimento, elas se agitam, atraem-se, repelem-se, separam-se em virtude da lei das afinidades, e, por suas combinações múltiplas, compõem a infinita variedade das substâncias. Que estas condições cessem e o trabalho será subitamente detido, para recomeçar quando elas se apresentarem novamente. É assim que a vegetação se ativa, ralenta-se, cessa e retoma sob ação do calor, da luz, da umidade, do frio ou da seca; que tal planta prospere num clima ou num terreno, e se debilite ou pereça em um outro.
15. – O que se passa habitualmente sob nossos olhos pode nos colocar sob a rota disto que se passa na origem dos tempos, porque as leis da natureza são sempre as mesmas.
Uma vez que os elementos constituintes dos seres orgânicos e dos seres inorgânicos são os mesmos; que os vemos incessantemente sob o domínio de certas circunstâncias, formarem as pedras, as plantas e os frutos, pode-se concluir que os corpos dos primeiros seres vivos se formaram tais como as primeiras pedras, pela reunião das moléculas elementares em virtude da lei de afinidade, à medida que as condições de viabilidade do globo se tornaram propícias a tal ou qual espécie.
A similitude de forma e de cores, na reprodução individual de cada espécie, pode ser comparada à similitude de forma de cada espécie de cristal. As moléculas, justapondo-se sob o domínio da mesma lei, produzem um conjunto análogo.
A Gênese: os milagres e as predições segundo o espiritismo; Kardec, Allan, 1804-1869. Salvador Gentile. Catanduva, SP: Instituto Beneficente Boa Nova.