terça-feira, 28 de dezembro de 2021

Um velório antes do velório

     Em seu livro "A última lição", o autor estadunidense Mitch Albom entabula esta conversa com o seu antigo professor, que é portador de uma doença terminal e está próximo ao seu fim na terra:

"Geralmente, as grandes homenagens e saudações são realizadas no velório, à beira do caixão. E se eu antecipasse o meu velório, e pedisse para as pessoas falarem aquilo que falariam no féretro real"?

     Sofre! Como sofre o ser na terra que imagina realmente o seu fim. Que não consegue se ver um dia como um Espírito imortal, pairando acima de seu corpo. Livre todas as provas e expiações do mundo material. Além de que, devemos sempre ter em mente as consequências de nossas afirmações. Elas repercutirão, aqui e acolá.

     Por isso, viva. Viva sim!  Entretanto, tendo a certeza da morte. E ainda, utilizando a palavra "morte" por convenção das palavras e da linguagem humana. Sabendo que a morte somente existe para o corpo físico. Este companheiro emprestado por um período, que terá a sua validade. Como tudo neste plano. Reafirmando Heráclito; "Em rio, não se pode entrar duas vezes no mesmo. Nem substância mortal tocar duas vezes na mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança dispersa e de novo reúne (ou melhor, nem mesmo de novo nem depois, mas ao mesmo tempo) compõe-se e desiste, aproxima-se e afasta-se".

     Um dia, mais adiante, sem saber exatamente quando, será você consigo mesmo. Indagaria o filósofo: mas porque tendo a convicção da morte, você continua vivendo, sonhando e planejando situações para o futuro, se sabe que vai perecer? Naturalmente, responderei:

     Porque apesar do esgotamento do corpo físico, a vida tem e faz sentido. Esta faz despertar potencialidades que estavam adormecidas ao longo dos milênios e é necessária à evolução. Quanto aprendizado. Quantas línguas faladas. Quantos conhecimentos adquiridos. Línguas, culturas, ciências, paisagens, cidades, países, planetas outros. Tão somente e temporariamente esquecidos. Mas, devidamente arquivados nos escaninhos da consciência.

     O meu progresso assim como seu também passa por erros cometidos no passado. Esquecido nas dobras do inconsciente e que as "coincidências" do cotidiano nos encaminha a corrigir. E assim, agir de forma diferente.

     Ah! Que satisfação em compreender as leis divinas. Não mais do Deus ciumento, vingativo e guerreiro. Este criado pelo homem da terra, vaidoso e orgulhoso. Ansioso por se comparar ao próprio criador de tudo o que existe. Mas sim, o pai (imaterial) de Amor. De tolerância, de paciência, de compreensão. Que nos oferece a benção de mais uma passagem pelo palco terrestre. E descortina uma nova vida. E com esta vida, novos capítulos ao lado de muitos que amamos no passado, porém também entre a quem prejudicamos em outros tempos e fomos prejudicados. Se lembrássemos deles, não teríamos condições de uma reaproximação. Dada a nossa condição ainda inferior. Destas resoluções, cabendo a nós percorrer a partir deste entendimento, os caminhos do amor... Como diria Madre Teresa de Calcutá, amando até doer!

     E que todas as verdades possam ser ditas em qualquer dos velórios. O antecipado ou o real. Se elas forem dolorosas, que sejam ditas em um tom ameno. Suave. Que possamos digerir, mas, principalmente entender e compreender. Assimilando completamente àquilo que fizemos de mal aos outros. Para que mais adiante possamos corrigir, reparar e devolvê-los com o bem.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Rede UniFTC implementa faculdade em Caruaru com Direito 5.0

 


Focado em inovação e tecnologia, curso está com processo seletivo aberto


Acompanhando as inovações da sociedade e seguindo seu projeto de expansão, a Rede UniFTC abre três novas unidades ofertando o curso de Direito 5.0. As faculdades serão inauguradas nas cidades de Porto Seguro (BA), Caruaru (PE) e Caucaia (CE).


Mas afinal, o que é Direito 5.0? Diversos estudiosos da atualidade definem o momento que vivemos como Sociedade 5.0, também chamada de ‘sociedade super inteligente’, no qual tecnologias como impressão 3D, realidade aumentada, big data e internet das coisas (IoT) estão se tornando cada vez mais comuns na rotina das pessoas. O Direito 5.0 oferecido na graduação da Rede UniFTC busca formar profissionais antenados e aptos a utilizar novas tecnologias em sua profissão, pensando em um desenvolvimento humano harmônico.


Estas mudanças no mercado do Direito abrem espaço para um novo perfil profissional, que precisa ser mais flexível e apto a lidar com as tecnologias e inovações. Logo, o jurista do futuro precisa ir além das normas jurídicas. Para que este profissional tenha a melhor formação para o mercado, as novas unidades contarão com salas de aulas modernas e interativas, compostas por uma estrutura física e arquitetura pedagógica diferenciadas, a exemplo de paredes que funcionam como lousas, permitindo que os alunos se expressem de qualquer ponto e promovendo integração.


O curso de Direito 5.0 já foi implementado na Faculdade UniFTC Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (BA), e em seguida na unidade de Nossa Senhora do Socorro (SE). As mudanças empregadas nestas unidades serão levadas não só para as 3 novas faculdades, como para todos os cursos de Direito oferecidos pelo Grupo Educacional.


“Estes alunos vão encontrar uma graduação que envolve a tecnologia, mas também a humanização nas relações, com condições plenas para que o estudante possa desenvolver competências para o mercado de trabalho. Ou seja, não é somente a tecnologia junto ao direito, mas ela associada de forma qualitativa ao direito, focando na qualidade e no bem estar das pessoas”, destaca o gerente do curso de Direito da Rede UniFTC, Edson Medeiros.


O novo curso de Direito 5.0 da Rede UniFTC possui um modelo acadêmico de ciclo trimestral, permitindo quatro entradas ao ano, além de um desenho pedagógico de educação por competências, moderno e alinhado com o que existe de mais atual nas Diretrizes Curriculares do Ministério da Educação (MEC) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).


Com ênfase na realização de práticas jurídicas ao longo de toda graduação, antecipando vivências, favorecendo experimentações práticas e cotidianas do mundo do direito, sem abrir mão de forte base teórica, o curso oferece uma experiência universitária que permite a construção de competências e habilidades necessárias para atuação nas diversas esferas e campos de atuação do universo jurídico.


Processo Seletivo


As inscrições para o processo seletivo das novas unidades estão abertas e podem ser realizadas até o dia 30 de março de 2022, no site https://bit.ly/VestibularDireito_UniFTC. O processo seletivo garantirá o ingresso no curso no primeiro semestre de 2022.


Sobre a Rede UniFTC


A Rede UniFTC possui 22 anos de experiência educacional voltada para formação de profissionais colaborativos, inovadores, empreendedores, e conscientes do seu papel social. O Grupo Educacional é formado por três Centros Universitários e nove Faculdades, localizadas nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Itabuna, Jequié, Camaçari, Porto Seguro, Juazeiro (BA), Petrolina e Caruaru (PE), Nossa Senhora do Socorro (SE), Caucaia (CE) com mais de 30 cursos de graduação em todas as áreas de conhecimento e mais de 25 mil alunos.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Feliz Natal!

 

Meu amigo. Não te esqueças.

Pelo Natal do Senhor,
Abre as portas da bondade
Ao chamamento do Amor.
Reparte os bens que puderes
Às luzes da devoção.
Veste os nus. Consola os tristes,
Na festa do coração.
Mas, não te esqueças de ti,
No banquete de Jesus:
Segue-lhe o exemplo divino
De paz, de verdade e luz.
Toma um novo compromisso
Na alegria do Natal,
Pois o esforço de si mesmo
É a senda de cada qual.
Sofres? Espera e confia.
Não te furtes de lembrar
Que somente a dor do mundo
Nos pode regenerar.
Foste traído? Perdoa.
Esquece o mal pelo bem.
Deus é a Suprema Justiça.
Não deves julgar ninguém.
Esperas bens neste mundo?
Acalma o teu coração.
Às vezes, ao fim da estrada,
Há fel e desilusão.
Não tiveste recompensas?
Guarda este ensino de cor:
Ter dons de fazer o bem
É a recompensa melhor.
Queres esmolas do Céu?
Não te fartes de saber teus,
Que o Senhor guarda o quinhão
Que venhas a merecer.
Desesperaste? Recorda,
Nas sombras dos dias teus,
Que não puseste a esperança
Nas luzes do amor de Deus.
Natal!... Lembrança divina
Sobre o terreno escarcéu...
Conchega-te aos pobrezinhos
Que são eleitos do Céu.
- Mas, ouve, irmão! Vai mais longe
Na exaltação do Senhor:
Vê se já tens a humildade,
A seiva eterna do amor.
Feliz Natal!

Autor: Médium: Chico Xavier
Espírito: Casimiro Cunha
Data: 01/12/2000

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Baile do menino Deus se transforma em um filme com direção do cineasta Tuca Siqueira

Além de novo roteiro para filme, o espetáculo ganha outros personagens. Entre eles, o cantor paraibano Chico César, a Rainha da Ciranda Lia de Itamaracá, o forrozeiro Flávio Leandro e o músico Maurício Tizumba.

Frames do filme BMD: https://drive.google.com/drive/folders/1i5_6LrNmsoUx4rjgggrftqUqAUH6SvLJ?usp=sharing 

 

Foto: Gianny Melo

Baile do Menino Deus, um dos autos de Natal mais aclamados do país, anuncia um novo formato para a sua 18ª edição. Com produção da Relicário, de Carla Valença, criação e direção geral de Ronaldo Correia de Brito, direção para o cinema da pernambucana Tuca Siqueira, direção de fotografia de Beto Martins, assistência de Amanda Menelau e Tomás Brandão, o Baile se torna filme, tendo o Recife como cenário e personagem. A câmera percorre pontos históricos, revelando a poesia e o encantamento da cidade. O filme também ganhou novos solistas, como a rainha da ciranda Lia de Itamaracá e o cantor paraibano Chico César. A transmissão será para todo o Brasil, no site e canal do YouTube do Baile, a partir do dia 23 de dezembro, às 20 horas. A transmissão é gratuita e a classificação é livre.









Vendedores ambulantes, uma cigana por Gabi da Pele Preta, Romã Romã por Silvério Pessoa, o Jaraguá pelo músico mineiro Maurício Tizumba, o Anjo por Lucas dos Prazeres, o Boi pelo famoso forrozeiro Flávio Leandro e por Carlos Filho são alguns dos personagens que compõem o auto que terá novos arranjos e nova orquestra, dirigida por Rafael Marques.

A dramaturgia também foi reescrita e traz elementos contemporâneos como o Hip Hop de Okado do Canal, que com a sua trupe de 16 dançarinos chegam ao Teatro Santa Isabel à procura do Menino que acaba de nascer, junto com crianças e dois Mateus, interpretados por Arilson Lopes e Sóstenes Vidal.

"Em 2021, o Baile se expande em cenário real reforçando o teatro enquanto território do sonho", pontua a cineasta Tuca Siqueira. "A celebração do nascimento de uma criança poderia acontecer em qualquer lugar, mas o Recife é palco para essa festa narrada pelo espetáculo há 17 anos então, essa transição de retomada após isolamento pandêmico percorre algumas ruas do centro. Acho que o Recife escolheu o Baile e numa caminhada com parte da equipe projetamos as cenas imaginadas sentindo a pulsação dos lugares escolhidos por nós. Foi assim que definimos as locações do filme e que se construiu o cenário dessa história”, avalia Tuca.

Criado há 40 anos, o texto do Baile faz parte da Trilogia das Festas Brasileiras, série de peças que retratam as manifestações populares brasileiras, sobretudo do Nordeste, em que se incluem Bandeira de São João e Arlequim de Carnaval. O telefilme longa metragem da ópera popular nordestina, que conta a história mais famosa do mundo - o nascimento de Jesus Cristo - resgata o sotaque, a forma de fazer, dançar e cantar do brasileiro, pautando-se nas tradições de festas e representações teatrais do ciclo natalino, incorporadas às diversas culturas do Brasil.

 

O Roteiro - Neste ano, José será Marcio Fecher e Maria a atriz e cantora Isadora Melo. Maria mora na cidade de Nazaré, que não fica na Galileia palestina, mas na zona canavieira da Mata Norte de Pernambuco. Ela sonha cursar faculdade. José trabalha como carpinteiro em uma das muitas fábricas de móveis da região, que fabricam os conhecidos “móveis de Gravatá”. Casados, Maria está grávida e vem com José ao Recife comprar enxoval para o bebê. Descem do ônibus em um terminal na rua do Sol, que olha para o Capibaribe e a rua da Aurora. O casal vai ao Mercado de São José, anda pelas ruas das Calçadas, Direita e São José do Ribamar. Já é noite quando eles atravessam uma das muitas pontes do Recife, avistam músicos tocando, uma solista cantando e um dançarino brincando com uma Burrinha de Cavalo Marinho. Maria sente as dores do parto e é amparada por José. Em contraponto, dois Mateus e cinco crianças procuram a casa onde irá nascer um Menino Deus. Encontram brincantes, olham prédios em volta, imaginam lugares onde o Menino e seus pais possam estar, mas nada. Já é noite, quando eles finalmente avistam a casa sonhada, onde uma estrela brilha. Sem saber que se trata de um teatro, esbarram em sua porta fechada e tentam abri-la através de rezas e sortilégios. 

 

“Nesta edição Maria teve o seu filho e junto com o marido José se encontra em situação de rua, ao abrigo do alpendre da casa de espetáculos. Quando, depois de rezas e peripécias, os Mateus e as crianças conseguem abrir a porta da casa/teatro, José, Maria e o Menino, que antes estavam “invisíveis”, se revelam. Imaginados pelos Mateus e as crianças como os donos da casa, mas sem atinar com o significado que lhes é atribuído, o casal e a criança participam de um jogo em que são levados ao palco do teatro por seres encantados, comuns à tradição dos índios Pancararus. A narrativa ganha força quando a cena teatral se revela o lugar de encontro e acolhimento, de magia e sagrado. A história retoma um começo que findará num Baile e numa Despedida”, explica Ronaldo Correia de Brito.

 

"Neste ano de 2021, em meio às dúvidas das restrições do convívio social por conta da pandemia, resolvemos ousar ainda mais, trazendo algo novo para o público. Tivemos que nos desconstruir para abrir caminho a uma nova possibilidade, já que não seria possível ainda encenar o espetáculo presencialmente na Praça do Marco Zero.

 

Como resultado desta dúvida, conseguimos o feito de fazer um filme inédito e surpreendente, a partir do encontro potente do teatro e do audiovisual, que chegou com uma força criativa grandiosa, revelando uma narrativa diferente de todos os outros anos, tendo como cenário lugares do Recife e um elenco primoroso", fala Carla Valença,  diretora de produção.

"A narrativa está bem realista, completamente diferente de tudo que já foi feito até hoje, inclusive totalmente diferente da filmagem feita no ano passado. O teatro entra como uma parte lúdica do cenário e o filme traz uma narrativa muito mais de um cotidiano, de uma cidade. Tudo que usamos como referência de cenário para o Marco Zero, a gente este ano está filmando na realidade”, revela Sephora Silva, que assina a cenografia do Baile. 

Todos os elementos arquitetônicos que inspiraram o cenário do Marco Zero, como as diferentes épocas de arquitetura que o Recife tem, como os bairros mais antigos, o próprio Teatro de Santa Isabel, a Praça da República e o Mercado de São José, foram pontos de locação no filme. “Mas quando o filme chega no Teatro de Santa Isabel é o momento que o filme transforma a história do real para o lúdico. A cenografia do Santa Isabel remete a do Marco Zero, mas bastante minimalista, com a ideia de um cenário que começou a ser montado e não foi acabado, uma ideia de suspensão, que foi algo que a pandemia trouxe pra gente e pro Teatro, que ficou parado e sem espetáculos”, reforça Sephora.

Baile do Menino Deus recupera formas de celebrar o Natal, que sobreviveram e se guardaram sobretudo no Nordeste, à exemplo de reisado, lapinha, pastoril, cavalo marinho, guerreiro, chegança, boi de reis, brincadeiras e tradições que fogem ao monotemático “Natal Congelado” com neve de isopor, pinheiros, renas, trenós e Papai Noel. O Baile é uma saga que recorre a sortilégios, brincadeiras, invocação de criaturas fantásticas – como a Burrinha Zabilin, o Jaraguá e o Boi – e muita música e dança.

 

Este ano, o Baile conta com a Lei de Incentivo à Cultura, apresentado pela Fundação de Cultura do Recife, Secretaria de Cultura, Prefeitura do Recife, Fundarpe, Secretaria de Cultura, Governo de Pernambuco, com patrocínio da Toyolex, Copergás, Sherwin Williams, Porto de Suape e Tramontina, Co-patrocínio da Rede, Apoio do Itaú Cultural, Globo, STN, InBetta e realização da Relicário Produções Culturais, Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo. 

 

A produção do Telefilme Baile do Menino Deus é assinada pela REC, produtora recifense com o pensamento voltado para a criação e produção de conteúdo audiovisual, dos sócios Chico Ribeiro e Ofir Figueiredo. Entre as suas principais produções estão Para Quando o Carnaval Chegar, de Marcelo Gomes, Tatuagem, de Hilton Lacerda, Viajo porque Preciso, Volto Porque Te Amo, de Karim Ainouz e Marcelo Gomes, Para Ter Onde Ir, de Jorane Castro e diversos outros longas.

 

Em 2020, o Baile que costuma reunir em sua edição presencial cerca de 70.000 pessoas, se abriu para a primeira experiência cinematográfica sendo exibido em plataformas digitais e TV aberta, com exibição que foi vista por mais de 3 milhões de pessoas, só nos primeiros dias.

 

SERVIÇO:

Espetáculo inédito no formato de filme “Baile do Menino Deus – Uma Brincadeira de Natal” 

Estreia no dia 23 às 20h. 

www.youtube.com.br/bailedomeninodeus

www.bailedomeninodeus.com.br

Exibição no dia 25 de dezembro, às 14h10 pela TV Globo PE e Globoplay

Mais informações: https://www.bailedomeninodeus.com.br/

ACESSIBILIDADE: O espetáculo filme terá versão com Libras e Audiodescrição  https://www.bailedomeninodeus.com.br/

REDES SOCIAIS

Site - www.bailedomeninodeus.com.br

Facebook – @bailedomeninodeus

Instagram - @bailedomeninodeusoficial 

YouTube - www.youtube.com.br/bailedomeninodeus 

domingo, 19 de dezembro de 2021

A filosofia das Luzes e seus inimigos

Livro tristemente atual, o "Dicionário de Voltaire" combate os opositores da razão: a superstição, o fanatismo, a extravagância e a tirania




Dicionário filosófico de Voltaire (1694-1778) é uma obra-prima da literatura europeia moderna e um marco da filosofia das Luzes. Publicado em 1764, é lavra de um autor que conhecia a glória literária, desfrutava de uma reputação única entre os letrados da Europa e cultivara sem medo a inimizade dos poderes estabelecidos. A intenção de Voltaire é marcar posição no embate ideológico da época falando não para filósofos ou doutos, mas para um público mais amplo. 

Na década de 1760, Voltaire vivia exilado em sua propriedade francesa, situada em Ferney, na borda da fronteira com a Suíça. Nem por isso relaxara as precauções em relação à possibilidade de censura e prisão, ameaças que pesavam sobre a cabeça dos intelectuais franceses de sua época. Por isso, imprimiu o Dicionário clandestinamente em Genebra com página de rosto indicando publicação “em Londres”. Depois, assumiu a autoria dos verbetes menos controversos e atribuiu os mais delicados a autores falecidos ou estrangeiros. 

Malgrado essas precauções, o estilo o trai, e o Dicionário filosófico traz a marca indelével do gênio de Voltaire. Escrito em prosa límpida e direta, mas rica e variada, permeada por uma ironia que se compraz em assumir diversas figuras, é movido pelo intento inabalável de assegurar o triunfo da “razão” contra seus inimigos mais arraigados: “a superstição, o fanatismo, a extravagância e a tirania”. Livro tristemente atual, portanto, tendo em vista a (até aqui) bem-sucedida ofensiva dessas forças contra uma razão que se mostra, em nossa época, periclitante, especialmente em um país onde o legado das Luzes nunca foi visto com bons olhos (nem mesmo pela nossa tíbia tradição “liberal”, que, supostamente, seria a mais interessada em cultivá-lo).

Mas essa obra de caráter militante e combativo está longe de ser panfletária. Voltaire entende que, para persuadir seus leitores, a melhor estratégia é tocá-los, fazer vibrar sua sensibilidade, pôr em movimento sua imaginação. Escritor exímio, não tem dificuldade em tratar uma série de palavras catalogadas alfabeticamente como uma coleção de ensaios, sátiras e fragmentos magistrais, que argumentam em prol dos interesses da razão humana e deleitam com uma maravilhosa variedade e um rico colorido de anedotas, lugares-comuns, comparações inusitadas, conclusões inesperadas e toda sorte de recursos formais e estilísticos capazes de atrair o interesse de suas leitoras (e o público leitor, no Antigo Regime, é fortemente marcado pela mulher: o “belo sexo” é, no dizer da época, “o soberano e o árbitro do gosto e da língua”).

Um dicionário de ensaios

 Voltaire não esperava que o Dicionário fosse lido de uma ponta a outra. Não é para isso que serve uma obra de consulta, e o mesmo vale, por razões diferentes, para um tomo de ensaios. O Dicionário tem um pouco dos dois: oferece a possibilidade de que se realizem consultas sobre algum assunto de interesse da leitora. Caso ela queira, por exemplo, saber mais sobre as “Abelhas”, se abrir o livro à página 12 da edição brasileira, será surpreendida com esta abertura ­— que nada diz do animal em questão, mas se vale dele como mote para uma consideração sobre a espécie humana: “As abelhas podem parecer superiores à raça humana, porque de sua substância produzem uma substância útil, enquanto de todas as nossas secreções não há uma só que seja boa para algo, e não há uma só que não torne o gênero humano desagradável”. Mesmo por um breve extrato como esse, pode-se ver que a tradução de Ivone Benedetti é primorosa e produz em língua portuguesa, com rara exatidão, os efeitos gramaticais e retóricos do original francês. 

O ‘Dicionário’ tem um caráter militante e combativo, mas está longe de ser panfletário

Dito isso, nossa leitora poderia ficar decepcionada, pois Voltaire continua como que a evitar as abelhas ao longo do verbete, que na edição brasileira se estende por quatro páginas. Em compensação, caso persista na leitura, encontrará coisas assim: “Não sei quem disse primeiro que as abelhas têm um rei. Provavelmente não foi a um republicano que essa ideia acudiu”; ou ainda: “Em todos os tempos as abelhas propiciaram descrições, comparações, alegorias e fábulas à poesia”. Voltaire indica com isso que o nome “abelha” não designa um animal objetivo e neutro, mas opera, na história natural como na poesia, como um dispositivo metafórico. E, se o seu uso pelo poeta é deliberado, a metáfora de uma sociedade monárquica das abelhas trai certos valores políticos do entomólogo, que em vão protestará por sua neutralidade.

Lição preciosa: para haver ciência e para que a razão se imponha à ignorância, é preciso que cada um reflita sobre o que está dizendo. Rapidamente a leitora de Voltaire terá se sentido recompensada, pois agora descobriu ou teve confirmada a ideia de que a filosofia é, sobretudo, um antídoto à irreflexão e, logo, uma arma contra o dogmatismo que esta última engendra. 

Desobrigada de percorrer o livro em ordem estrita, a mesma pessoa poderia ir à letra V, na qual encontraria o verbete “Vampiros”. “Como?! Vampiros em nosso século 18!”. Espanto justificado, aduz Voltaire, dado que uma “história dos vampiros” foi impressa em Paris “com a aprovação da Sorbonne”. Instituição privada com atuação pública, essa universidade, em vez de se dedicar, por exemplo, ao ensino da física de Newton, prefere propagar tolices. Mas seriam as lendas de vampiros meras superstições? Não teriam um valor inaudito para o filósofo ilustrado e sua leitora? Para começar, o que é, afinal, um vampiro? Neste ponto, o texto se torna nada menos que delicioso: “Esses vampiros eram mortos que saíam à noite dos cemitérios para vir sugar o sangue dos vivos, na garganta ou na barriga, para depois voltarem às suas covas. Os vivos sugados emagreciam, empalideciam e caíam em consunção; e os mortos sugadores engordavam, ganhavam cores vermelhas, ficavam completamente apetitosos. Era na Polônia, na Hungria, na Silésia, na Morávia, na Áustria e na Lorena que os mortos faziam esse rega-bofe”.

Coisa de gente pouco instruída; nada a ver, portanto, com a “Europa das Luzes”. Ou não seria o nome “vampiro” um pouco mais geral do que parece?  “Não se ouve falar de vampiros em Londres, nem mesmo em Paris. Convenhamos que nessas duas cidades houve agiotas, financistas e negociantes que sugaram o sangue do povo em plena luz do dia; mas não estavam mortos, embora podres. Esses sugadores de verdade não moravam nos cemitérios, mas em palácios agradabilíssimos.” O que dizer de um texto cintilante como esse? Que ele não perdeu atualidade? É fazer pouco dos efeitos que reverberam nele. 

O partido da filosofia

Existe no século 18 francês um “partido da filosofia”; mas não é uma unidade monolítica. A razão de Voltaire é diferente daquela de seus pares. Um bom exemplo é o verbete “Alma” (pp. 61–78 da edição brasileira). A Enciclopédia de Diderot e d’Alembert tem um verbete homônimo, mencionado por Voltaire. Enquanto os enciclopedistas tratam da alma filosoficamente, oferecendo uma história do conceito e de suas mutações da Antiguidade a Espinosa e Leibniz e chegando, por fim, à fisiologia (que reduz a alma ao corpo), Voltaire opta por realizar uma demarcação de território. Por certo, “alma é um termo vago e indeterminado que exprime um princípio desconhecido com efeitos conhecidos, que sentimos em nós”, o que explica por que os filósofos nunca chegaram a um acordo a seu respeito. Estariam por isso equivocados em bloco? De modo algum: as coisas da filosofia são assim mesmo, ora se prestam a determinação rigorosa, ora permanecem em aberto; o que não é motivo para nos entregarmos às fantasias do “livro sagrado” dos hebreus e dos cristãos, que irrita Voltaire com suas fábulas caprichosas, contradições abusivas e falta de sentido em geral. Onde os enciclopedistas ignoravam a religião e iam do animismo antigo ao materialismo moderno, Voltaire escolhe o combate em campo aberto e dilacera o inimigo de maneira impiedosa. A diferença é flagrante, e em vão buscaríamos nas páginas desse filósofo devoto da “religião natural” por qualquer apologia do materialismo fisiológico que entusiasma Diderot e os seus.

Desavença mais profunda ainda ele tinha com Rousseau, de quem gostava de caçoar, mas que, no Dicionário, é tratado como adversário digno de uma réplica ponderada. Rousseau afirmara, no Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens (1754), que o homem que vive em sociedade perverteu sua natureza e se afastou de sua própria humanidade. Ao que Voltaire responde: “Cada animal tem seu instinto, e o instinto do homem, fortalecido pela razão, leva-o à sociedade, assim como a comer e beber. Não foi de modo algum a necessidade da sociedade que degradou o homem; é o afastamento da sociedade que o degrada. Qualquer um que vivesse absolutamente só logo perderia a faculdade de pensar e exprimir-se; seria penoso para si mesmo; só conseguiria metamorfosear-se em bicho. O excesso de orgulho impotente, que se insurge contra o orgulho dos outros, pode levar uma alma melancólica a fugir do convívio humano. É então que se deprava. Pune apenas a si mesma: seu orgulho é seu suplício, e ela se rala na solidão do despeito secreto de ser desprezada e esquecida; entregou-se à mais horrível escravidão para ser livre” (verbete “Homem”, p. 941). O orgulho destrói as conquistas da razão, que são frágeis e têm de ser reiteradas a todo momento.  

Voltaire considera certas palavras como especialmente valiosas. Nem sempre são as que nós consideramos importantes. É o caso, por exemplo, de “metamorfose”. Mais uma vez, o contraste com a Enciclopédia é útil. Na obra de Diderot e d’Alembert, esse termo tem dois empregos, sendo utilizado na poesia por referência a Ovídio e a Apuleio, e na história natural dos insetos para explicar alterações de forma. No primeiro caso, metamorfose diz a transformação de um ser vivo em outro, geralmente do homem em animal ou vegetal, provocada por maldição ou encanto, processo no qual os seres humanos perdem sua voz e, logo, a capacidade de exprimir sua razão. Já na ciência, metamorfose é o processo por meio do qual um ser vivo adquire, em um determinado estágio de seu desenvolvimento, uma forma diferente da que tinha antes, sem, no entanto, trocar de espécie.

Voltaire tem um Deus, sereno, que dispensa a devoção vulgar e exige uma compenetração lúcida

A essas duas acepções Voltaire acrescenta uma terceira, referente à religião. “Não será natural que todas as metamorfoses de que a terra está coberta tenham levado a imaginar no oriente, onde se imaginou de tudo, que nossa alma passa de um corpo para outro?” O fenômeno natural explica a crença religiosa, bem como a imaginação poética: “Também é muito natural que todas as metamorfoses de que somos testemunhas tenham produzido aquelas antigas fábulas que Ovídio coligiu em sua admirável obra; “os próprios judeus tiveram suas metamorfoses”. Seriam eles poetas? (“Metamorfoses”). Mais à frente, no verbete “Ressurreição”, Voltaire desfere o golpe: “O padre Malebranche prova a ressurreição recorrendo às lagartas, que se tornam borboletas. Essa prova, como se vê, é tão tênue quanto as asas dos insetos de que ele se vale”.   

Uma obra satírica

Dicionário filosófico é um livro que ofende. Para muitos de nós, seu elogio do “belo sexo” soa machista, seu desdém pelas tradições populares parece antiquado, seu ataque à religião cheira a intolerância, sua incompreensão dos sistemas filosóficos é tacanha. E admira que seja assim? Estamos acostumados a julgar épocas passadas pelo parâmetro de nossos próprios preconceitos, e não nos passa pela cabeça que nossas crenças valem tanto quanto as dos que vieram antes de nós. Mas o Dicionário é satírico, e é da natureza da sátira ofender. Entre agradar a todos e não atingir o inimigo e desagradar a muitos e feri-lo de morte, a escolha de Voltaire é clara. Ele sabia da força da linguagem quando ela se desprende das coisas e volta-se para alvos; e tem a esperança de que, ao rebaixar o adversário, estaria abrindo o caminho para a elevação da natureza humana. Esse combate, conduzido com uma altivez que beira a arrogância e travado com um humor não raro corrosivo, tem um fundo de desespero. Se Voltaire proclama a todo instante o triunfo quase inevitável da razão, é porque teme, e por bons motivos, que ele não esteja assegurado e seja passageiro. Os séculos posteriores, com sua fé irracional em uma ideia de progresso cumulativo, esqueceram essa lição preciosa do Iluminismo. O preço pago foi, e continua a ser, bastante alto.  

Mas o que pensa, afinal, esse militante da razão? Em meio ao combate, muitas vezes cruento, vislumbra-se, aqui e ali, a sua filosofia. E o que se vê então é encantador. Se quisermos encontrar Voltaire desarmado, basta ir, por exemplo, ao verbete “Natureza”, em que professa o seu credo com todas as letras. Não é porque ataca a religião que Voltaire é um descrente. Ele tem um Deus, sereno, que dispensa a devoção vulgar e exige, ao contrário, uma compenetração lúcida e sociável, aberta ao outro. A humildade da religião natural não se confunde, assim, com a humilhação da espécie humana e tampouco com o rebaixamento dos indivíduos perante a autoridade estabelecida (seja ela política ou religiosa). Personificando a natureza, Voltaire se põe a conversar com ela.

“Filósofo — Quem és, natureza? Vivo em ti; há cinquenta anos te busco e ainda não consegui te encontrar.

Natureza — Os antigos egípcios chamavam-me Ísis, puseram-me um grande véu na cabeça e disseram que ninguém poderia erguê-lo.

Filósofo — Por isso dirijo-me a ti. Consegui medir alguns de teus globos, conhecer seus trajetos, estabelecer as leis do movimento, mas não consegui saber quem és. Estás sempre atuando? Estás sempre passiva? Teus elementos se organizaram por si mesmos, assim como a água se coloca sobre a areia, o óleo sobre a água, o ar sobre o óleo? Tens um espírito que dirige todas as tuas operações, assim como os concílios são inspirados tão logo se reúnam, embora seus membros às vezes sejam ignorantes? Por gentileza, dize-me a palavra de teu enigma.

Natureza — Sou o grande todo. Não sei mais que isso. Não sou matematicista; e tudo em mim está arranjado de acordo com leis matemáticas. Adivinha se puderes como tudo isso se fez.

Filósofo — Sem dúvida, visto que teu grande todo não sabe matemática, e tuas leis são a mais profunda geometria, deve haver um eterno geômetra a dirigir-te, uma inteligência suprema a presidir tuas operações.

Natureza — Tens razão; sou água, terra, fogo, atmosfera, metal, mineral, pedra, vegetal, animal. Sinto muito bem que em mim há uma inteligência; tu tens uma, mas não a vês. Tampouco vejo a minha; sinto esse poder invisível; não posso conhecê-lo: por que tu, que és apenas uma pequena parte de mim, queres saber o que não sei?”

Eis aí, em poucas linhas, a suma do homem Voltaire, inteligência lúcida, escritor de gênio, apóstolo da razão, arauto das ciências, filósofo dos limites. É uma alegria reencontrá-lo tão vivo, falando em português nas páginas deste Dicionário filosófico.    

Pedro Paulo Pimenta

https://quatrocincoum.folha.uol.com.br/br/autores/pedro-paulo-pimenta

sábado, 18 de dezembro de 2021

Dicas de filmes para quem ama sociologia

A Sociologia é uma disciplina muito presente em questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), vestibulares e concursos públicos. 

Além disso, ela pode ser cobrada em redações, justamente pela frente ampla abordada pela matéria. 

Por conta disso, selecionamos vários filmes que possuem relação com a Sociologia e que podem ajudá-los na preparação para os futuros exames. Acompanhe o artigo e fique por dentro! 

Moonlight: Sob a Luz do Luar

O longa conta a história de um menino negro que reside em uma região pobre de Miami nos EUA. 

O garoto sofre bullying em sua infância, assim como passa por diversos conflitos em sua adolescência. Além disso, ele precisa aprender a conviver com a realidade das drogas e do crime. 

O filme aborda assuntos importantes como a desigualdade social, homofobia, assim como o cotidiano das pessoas que vivem na periferia das grandes cidades. 

Ensaio Sobre a Cegueira

O filme retrata uma epidemia, onde as pessoas acabam ficando cegas. Sendo assim, quem contrai a doença acaba isolado e conta com uma ajuda básica do governo. 

Todavia, ao longo do tempo, os serviços vão se tornando escassos, sendo insuficientes para cuidar da população. Uma onda de violência acaba estourando com conceitos primitivos. 

Tropa de Elite

A obra retrata a realidade da polícia militar do Rio de Janeiro e do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). 

O capitão do BOPE treina candidatos a assumir o seu cargo, no entanto, o sistema de segurança corrompido evidencia vários problemas na corporação. 

O filme demonstra basicamente como funciona a segurança no Rio de Janeiro, e como ela impacta diretamente a população. 

V de Vingança

A obra conta a história de Evey Hammond que vive sob um regime totalitário na Inglaterra e acaba sendo salva por um indivíduo mascarado conhecido como “V”. 

O mascarado começa a se tornar popular e convoca o povo que não concorda com o regime opressor, para começar uma revolução em busca de justiça, liberdade e igualdade. 

E então, gostou das dicas de filmes que abordam a Sociologia? Compartilhe com quem precisa saber disso!


Fonte: https://noticiasconcursos.com.br/dicas-de-filmes-para-quem-ama-sociologia/


quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Psicólogo Sylvio Ferreira aborda Sigmund Freud e a Psicanálise

Conversamos na coluna "Psicologia em Movimento" do Programa "Movimento Cultural" da Rádio Jornal com o psicólogo Sylvio Ferreira.

O tema, Sigmund Freud e a Psicanálise.

Confira o áudio:

quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

O mito Teseu e o fio de Ariadne

O mito de Teseu e o fio de Ariadne nos falam sobre a maneira como o amor nos oferece uma maneira de derrotar nossos monstros e encontrar a saída dos labirintos. Também se refere, como costuma ser o caso nos mitos gregos, ao sentido trágico da existência.

O mito de Teseu e o fio de Ariadne é um dos mais conhecidos da mitologia grega. Muitos escritores, incluindo William Shakespeare e Jorge Luis Borges foram inspirados por sua trama ou seus personagens para algumas de suas obras. Tudo começou em Creta, quando o Rei Minos pediu aos deuses para ser coroado como soberano.

Diz-se que Poseidon ouviu seu pedido e fez com que um belo touro branco saísse do mar como um sinal de que seu desejo seria atendido. Minos prometeu sacrificar o touro em homenagem ao deus. No entanto, o animal era tão requintado que o novo rei fez com que o confundiram com o resto do gado e sacrificou outro touro para cumprir o compromisso.

Poseidon viu a astúcia de Minos. Em vingança por tentar enganá-lo, ele fez com que sua esposa, Pasíafe, incubasse uma paixão insana. De repente, ela se apaixonou pelo touro. Com a ajuda de Dédalo, que a disfarçou de vaca, ela conseguiu fazer o lindo touro branco copular com ela. Dessa união nasceu o Minotauro: meio homem, meio touro.

O Minotauro só comia carne humana. À medida que envelhecia, ele se tornou mais selvagem. O mito do fio de Teseu e Ariadne conta que, para neutralizá-lo, Minos encomendou a Dédalo para construir um labirinto com uma única saída. Finalmente, o Minotauro ficou preso lá.

Enquanto isso, o filho mais velho de Minos foi morto pelos atenienses. Minos lançou grandes maldições sobre Atenas e declarou a guerra. Para impedir as calamidades que se abateram sobre a pólis, os atenienses aceitaram as condições que Minos estabeleceu para sua rendição. A cada ano, sete rapazes e sete moças deviam ser entregues a ele.

Teseu era filho do rei de Atenas, Egeu. O mito de Teseu e o fio de Ariadne conta que os dois só conseguiram se encontrar depois de muitas vicissitudes. Teseu era famoso por sua coragem. Além disso, ele tinha a reputação de sempre ter derrotado todos os seus inimigos. Por isso, quando completou 18 anos, ofereceu-se para ser incluído entre os efebos a serem sacrificados. Ele iria aproveitar a oportunidade para matar o Minotauro e acabar com os sacrifícios.

Foi assim que Teseu zarpou para Creta. Ao chegar, ele viu Ariadne. Ela era filha do rei Minos. Teseu se apaixonou por ela quando a viu; um acontecimento que foi recíproco. Os dois começaram um relacionamento e Ariadne soube quais eram as intenções do jovem. Ele sabia que mesmo que conseguisse derrotar o Minotauro, não conseguiria sair do labirinto depois.

Para evitar que isso acontecesse, ela deu ao seu amado uma bola de fios de ouro. Assim, Teseu iria desfazê-lo à medida que avançava no labirinto, para seguir sua trilha de volta. Dessa forma, ele não se perderia. Teseu iniciou sua missão. Ele primeiro fez o Minotauro persegui-lo para que a fera se cansasse. Então, de acordo com o mito de Teseu e o fio de Ariadne, ele o matou.

Conforme combinado, ele encontrou sua saída graças ao fio de Ariadne. Em seguida, os dois embarcaram para Atenas, junto com a tripulação. No entanto, já no caminho foram vítimas de uma terrível tempestade. Isso os forçou a baixar na ilha de Naxos.

Existem várias versões do mito de Teseu e do fio de Ariadne. Um dos mais conhecidos aponta que Dioniso, deus do vinho e da fertilidade, viu Ariadne e se apaixonou por ela. Graças às suas más artes, ele conseguiu apagá-la completamente da mente e do coração de seu amado. É por isso que Teseu partiu, deixando Ariadne naquela ilha.

Ariadne casou-se com Dionísio e recebeu uma coroa como presente de casamento, que depois ascendeu ao céu e se tornou a constelação da coroa boreal. Segundo o mito de Teseu e o fio de Ariadne, esta última foi vítima da cabeça da Medusa, durante uma luta que Dioniso travou com Perseu. Dioniso conseguiu ir ao submundo para tirá-la de lá e levá-la para viver com ele no Olimpo para sempre.

Teseu, por sua vez, voltou a Atenas em seu navio. Ele havia dito ao pai que, se tivesse sucesso em sua missão, içaria as velas brancas. Do contrário, as velas pretas seriam içadas. No entanto, ao retornar, ele se esqueceu de trocar as velas pretas pelas brancas. Vendo o navio, seu pai pensou que ele tinha morrido. Então ele pulou no mar. Entristecido com o ocorrido, Teseu batizou aquelas águas com o nome de seu pai: Mar Egeu.

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