A peça Assim é (se lhe parece) coloca em debate os conceitos de realidade e objetividade
O que uma peça de teatro representada pela primeira em 1917, na Itália, durante a Primeira Guerra Mundial, pode ter em comum com as situações cotidianas vividas em 2022? A resposta é: tudo. Assim é (se lhe parece) é um melodrama burguês sobre a essência da verdade. Focado na obsessão de seus personagens pela vida alheia, a obra encontra ecos nos dias atuais, especialmente na fixação cada vez maior pelas redes sociais.
Pirandello explora questões filosóficas fundamentais, colocando em xeque os conceitos de verdade e objetividade. Desde seu lançamento no século XX, inúmeras montagens da peça acumularam-se mundo afora – inclusive uma performance lendária do Teatro Brasileiro de Comédia, em 1953, com Cleide Yaconis e Paulo Autran, elogiada por Décio de Almeida Prado e vencedora do Prêmio Governador do Estado de São Paulo.
A obra, uma das principais manifestações da dramaturgia do século XX, chega novamente às livrarias do Brasil onze anos depois da primeira edição, com novo projeto gráfico criado para a coleção Luigi Pirandello na Tordesilhas Livros, que já conta com o e-book de Esta noite se improvisa. A nova edição apresenta, também, bibliografia e cronologia sobre a vida do autor e posfácio do crítico e professor livre-docente na Unicamp, Alcir Pécora.
Sobre a obra:
Por meio de diálogos ágeis e divertidos, Pirandello expõe a história de Frola, uma senhora que se muda para o prédio de uma família da alta burguesia italiana, os Agazzi, e se recusa a recebê-los – gesto que é encarado com indignação pelo senhor Agazzi. Com o surgimento de Ponza, genro da velha e colega de repartição do senhor Agazzi, a revolta logo se torna perplexidade e curiosidade. Ponza se desculpa pela sogra e pede que todos tenham paciência, pois ela enlouqueceu com a morte da filha e agora está sob seus cuidados. Pouco tempo depois, é Frola quem conta, de forma coerente e sã, ser o genro quem se abalou mentalmente e agora acredita que a esposa está morta. Entre idas e vindas de ambos, a confusão de todos aumenta cada vez mais, beirando o desespero.
Sobre o autor:
Luigi Pirandello nasceu na Sicília em 1867 e morreu em Roma em 1936. É considerado um dos mais importantes escritores do século XX e precursor do Teatro do Absurdo, que seria desenvolvido nos anos 1950. Participou ativamente da vida cultural italiana sob o domínio de Benito Mussolini, embora se recusasse a transmitir em suas obras qualquer mensagem relativa à sua posição política. Doutor em Filologia pela Universidade de Bonn, Alemanha, com tese sobre o dialeto de sua cidade natal, revela grande preocupação linguística em sua obra literária, boa parte dela escrita no dialeto siciliano. Pelo seu trabalho como escritor e dramaturgo, Luigi Pirandello recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1934.
Sobre a Tordesilhas Livros:
Dedicada à literatura, a Tordesilhas se compromete com a diversidade ao revisitar com originalidade autores consagrados, revelar obras de tradições pouco conhecidas, descobrir o novo em passados remotos e selecionar na criação de hoje o que está fadado à perenidade. Ao mesmo tempo, persegue o apuro na produção dos livros, nossa marca registrada. Com edição rigorosa, tradutores renomados e design gráfico elegante e funcional, buscamos tornar a leitura uma experiência única.
Através de cuidadosa curadoria editorial, a Tordesilhas explora o melhor de cada um dos livros publicados, sempre em busca de talentos que possam dialogar com um público amplo sem perder a qualidade narrativa. Além dos clássicos, revisitados com criatividade, publicamos romances, biografias, contos, memórias, teatros e livros de fotografia. Também estão no radar da Tordesilhas escritores nacionais e internacionais que investiguem temas contemporâneos, capazes de nos ajudar a compreender mutações aceleradas do século XXI.
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