Ao menos 250 milhões de cristãos do mundo
(mais do que a população do Brasil) estão sujeitos a
intimidações,
prisão e até morte por sua crença religiosa
Por Vanessa Barbosa
São Paulo – Um em cada 9 cristãos no mundo vive em países
onde a prática da sua
religião é proibida e perseguida. Só no ano passado, ao menos 4 mil seguidores
do
cristianismo foram mortos por motivos relacionados à fé, 5,6 mil foram detidos sem
julgamento e
sentenciados, e mais de 1,2 mil igrejas ou centros cristãos foram depredados.
Os dados alarmantes são do relatório compilado anualmente
pela organização
Open Doors USA, considerada uma autoridade no estudo de perseguição
religiosa a cristãos.
Perseguição, segundo a ONG, é definida como “qualquer hostilidade experimentada como
resultado da identificação de alguém com a religião“, o que pode incluir atitudes, palavras
e
ações hostis.
Segundo o relatório, ao menos 250 milhões de cristãos do
mundo (mais do que a população
do Brasil) estão sujeitos a intimidações, prisão
e até mesmo morte por sua crença religiosa.
O estudo avalia tanto o nível de perseguição
institucionalizada e perpetrada por governos,
quanto perseguições sociais e até
mesmo familiares, listando os países onde os cristãos
são mais severamente
oprimidos.
Pelo décimo oitavo ano consecutivo, a Coreia do Norte lidera
o ranking, seguida de países
onde o extremismo islâmico é o principal e
dominante motor da perseguição (caso de 7 dos
10 países mais opressores).
1. Coreia do Norte
População total no país: 25.611.000
Número de cristãos: 300.000
Principal crença: Ateísmo
O regime ditatorial norte-coreano é o principal opressor do
cristianismo. No país que idolatra
líderes supremos da família Kim, os cristãos
são vistos como elementos hostis na sociedade
e, por isso, devem ser
erradicados.
Segundo o relatório, devido à constante doutrinação que
permeia todo o país, vizinhos e até
membros da família são vigilantes e
denunciam qualquer atividade religiosa suspeita para as autoridades.
Havia esperança de que novos esforços diplomáticos em 2018
(incluindo as Olimpíadas de
Inverno) levariam a uma diminuição da pressão e da
violência contra os cristãos, mas não
foi o caso.
2. Afeganistão
População: 36.373.000
Número de cristãos: indefinido
Principal crença: Islamismo
O Afeganistão declarou o Islamismo a religião de Estado em
sua constituição. Por ser um
estado islâmico por lei, funcionários do governo e
cidadãos são hostis aos adeptos de
qualquer outra religião. Os cristãos que
vivem lá são incapazes de expressar sua fé,
mesmo em particular, pois converter-se
a uma fé fora do Islã é visto como uma traição
à família, tribo e país.
3. Somália
População: 15.182.000
Número de cristãos: indefinido (da ordem de centenas)
Principal crença: Islamismo
Assim como no Afeganistão, o islamismo é a religião do
estado na Somália. Mesquitas,
madrasas (casas de estudos islâmicos) e
representantes do grupo fundamentalista islâmico
Al Shabab já declararam
publicamente que não há espaço para os cristãos no país.
Os crentes que
deixaram o islamismo para seguir Jesus são frequentemente mortos quando
descobertos.
4. Líbia
População: 6.471.000
Número de cristãos: 37.900
Principal crença: Islamismo
Após a derrocada do ex-ditador Muammar Gaddafi, a Líbia
mergulhou no caos e na anarquia,
situação que permitiu que vários grupos
militantes islâmicos controlassem partes do país.
A ausência de um único
governo central para impor a lei e a ordem
tornou precária a
situação dos cristãos, que enfrentam abuso e violência
por sua crença, principalmente por
parte de grupos militantes islâmicos e
criminosos organizados.
5. Paquistão
População: 200.814.000
Número de cristãos: 3.981.000
Principal crença: Islamismo
Igrejas históricas tradicionais têm relativa liberdade para
adoração e outras atividades, no
entanto, os cristãos são fortemente
monitorados e não raro são alvo de ataques a bomba
mortais. Grande parte da
perseguição cristã no Paquistão vem dos grupos islâmicos radicais
que florescem
sob o favorecimento de partidos políticos, do exército e do governo. Os
seguidores de Jesus também vivem com medo diário de serem acusados de
blasfêmia
– o que pode levar à pena de morte no país.
6. Sudão
População: 41.512.000
Número de cristãos: 1.910.000
Principal crença: Islamismo
Desde 1989, o Sudão é governado pelo ditador Omar Hassan
Ahmad al–Bashir, que
instaurou um Estado islâmico com direitos limitados para
as minorias religiosas. Os cristãos
enfrentam discriminação e pressão
constantes, com várias igrejas demolidas. Cristãos
convertidos com antecedentes
muçulmanos estão particularmente em risco porque a
conversão do Islã para outra
religião é legalmente punível com a morte.
7. Eritreia
População: 5.188.000
Número de cristãos: 2.474.000
Principal crença: Cristianismo / Islamismo
Desde 1993, o presidente Afwerki tem perpetrado um regime
brutal autoritário que repousa
sobre violações maciças dos direitos humanos.
Durante o período de estudo do relatório
(de outubro de 2017 a novembro de
2018), as forças de segurança do governo realizaram
incursões nas comunidades e
aprisionaram centenas de cristãos em condições desumanas,
incluindo pequenos
contêineres em calor escaldante.
Os cristãos estão sendo forçados a se juntar às forças
armadas, e os protestantes, em
particular, enfrentam sérios problemas com o
acesso aos recursos da comunidade,
especialmente os serviços sociais prestados
pelo Estado. Essa extrema pressão e
violência sancionada pelo Estado está
forçando alguns cristãos a fugir da Eritreia – muitas
vezes chamada de “Coréia
do Norte da África” – e buscar asilo.
8. Iêmen
População: 28.915.000
Número de cristãos: Milhares (não especificado)
Principal crença: Islamismo
A guerra civil em curso no Iêmen criou uma das piores crises
humanitárias na história
recente, tornando a situação dos cristãos do país ainda
mais difícil. O caos da guerra
permitiu que grupos radicais assumissem o
controle de algumas regiões do Iêmen e
aumentassem a perseguição aos cristãos.
Mesmo o culto privado é arriscado em algumas
partes do país. Quem se converte
para o cristianismo sofre violência adicional da família e
sociedade.
9. Irã
População: 82.012.000
Número de cristãos: 800.000
Principal crença: Islamismo
A principal ameaça para os cristãos no Irã vem do próprio
governo. O regime iraniano define
o país como um estado islâmico baseado no
islamismo xiita. Cristãos e outras minorias são
vistos como uma distração
indesejável para o ideal nacional. Por lei, um muçulmano que
abandona a
religião está sujeito à pena de morte,
embora não haja registros recentes de
aplicação dessa lei por lá.
Muitos cristãos (especialmente convertidos) foram
processados e sentenciados a longos
períodos de prisão. Outros ainda aguardam
julgamento. Durante esse tempo, suas famílias
enfrentam humilhação pública.
Apesar da opressão estatal, a sociedade iraniana é muito
menos fanática em
relação às minorias religiosas do que as lideranças do governo.
10. Índia
População: 1.354.052.000
Número de cristãos: 65.061.000
Principal crença: Hinduísmo
Desde que o atual partido governante (nacionalista hindu)
assumiu o poder em 2014, os
ataques aos cristãos e outras minorias religiosas
aumentaram. Os radicais hindus
acreditam que podem atacar os cristãos sem
consequências. Como resultado, os cristãos
têm sido alvo constante de
extremistas. A visão dos nacionalistas é que ser indiano é ser
hindu, então
qualquer outra fé – incluindo o cristianismo – é considerada não-indiana.
Em
algumas regiões do país, os convertidos ao cristianismo do hinduísmo
experimentam
extrema perseguição, discriminação e violência.
Fonte: Exame
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