A MULHER QUE NÃO FOI - Xico Bizerra*
Ela não foi. Ficou de ir e não foi. Nem mandou alguém em seu lugar: melhor assim.
Esse alguém talvez nem goste das cantigas do Chico, tampouco aprecie uma cerva gelada que só.
Só sei que a danada não foi. Ou seja: meu amigo estragou água morna e sabão,
gastando-os em banho tão demorado. Se seus dentes resistiriam a mais um dia sem escovação,
para que escová-los, gastando pasta e escova? Pia e privada bem que poderiam ficar sem lavar:
far-se-ia isto depois, com calma. Tudo em vão ... Mas tudo bem. Vai ver o UBER ‘farrapou’
ou a babá que ficaria com seu filho adoeceu. Vai ver ela torceu o pé ao descer a escada ou
engasgou-se com o cuscus, borrou o batom e deu-lhe preguiça de se ‘rebatonzar’ ...Terá tido
uma dor de barriga? Ou o calo do mindinho voltou a doer? Talvez tenha ido a um chá de
caridade e esqueceu da caridade que iria fazer. Não sei a razão. Sei que ela não foi.
Liga não – disse ao meu amigo - aproveita e deixa perdido o desodorante que se perdeu:
quem sabe dona Solidão, que ‘tá já chegando ou já chegou, goste do cheiro dele ao cheirar
o teu sovaco e se abanque por aí? A gente nunca sabe: a solidão é tão esquisita, tem uns
gostos tão estranhos ...
x-x-x-x-x-x-x-x-x
*Xico Bizerra é compositor, poeta e produtor musical cearense do Crato. E me deu uma alegria danada de permitar o Ctrl+c Crt+v de uma crônica sua aqui no nosso humilde blog.
Está radicado no Recife desde o final dos anos 60, onde veio estudar e trabalhar. Foi funcionário concursado do Banco Central do Brasil por 28 anos, onde se aposentou, tendo desempenhado diversas funções, inclusive a de Inspetor do Departamento de Fiscalização Bancária. Do ponto de vista artístico, Xico vem desenvolvendo um trabalho voltado para a valorização da nossa mais autêntica música regional, sem fazer concessões aos modismos
Sua música vem-se revelando moderna e tradicional, simultaneamente, por guardar
a essência de seus mestres inspiradores e se atualizar do ponto de vista melódico-musical, incorporando novos elementos à sagrada trindade sertaneja formada pela sanfona, zabumba e triângulo. A capacidade produtiva, aliada à qualidade de sua obra, fez de Xico, inobstante a exigüidade da carreira, o Compositor regional mais gravado nos últimos 5 anos.
Mais de 350 artistas diferentes, tanto Nordestinos como de outras regiões,
gravaram músicas do Poeta. Para se ter uma idéia, sua música "Se Tu Quiser",
lançada em 2003, já tem 214 regravações, inclusive uma versão em inglês - IF YOU WANT.
Dentre os vários nomes que já interpretaram canções de Xico podemos citar Marinês, Dominguinhos, Amelinha, Elba Ramalho, Xangai, Trio Nordestino, Maria Dapaz, Quinteto Violado, Silvério Pessoa, Cida Moreira, Geraldo Maia, Alaíde Costa, Frank Aguiar, Nena Queiroga, Maciel Melo, Flávio José, Santanna, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Nádia Maia, Sevy Nascimento, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Adelmário Coelho, Arlindo dos 8 Baixos, André Rio e Dalva Torres, dentre muitos outros.
De destacar-se, também, a preocupação de Xico com o apoio e incentivo aos novos músicos e intérpretes que se inserem no cenário musical por entender ser a esta a forma de manter
viva a cultura e a tradição. Entende Xico, e isso reafirma sempre em suas entrevistas, que esse pessoal novo é o responsável pelo "aguamento da semente que um dia "seu" Luiz plantou".
Gente como Dudu do Acordeon, Ilana Ventura, Jorge Neto, Perkata de Couro,
Território Nordestino, dentre muitos outros, já gravaram músicas suas.
Fonte: Wikipédia.
Foto: Editora CEPE.
Filósofo com Especialização em Neurociências e Física da Consciência. Professor de Filosofia, Projeto de Vida e Sociologia no Colégio Souza Leão. Narrador e Plantão Esportivo da Rádio Jornal. Recife-PE.
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