sábado, 14 de abril de 2018

O que está havendo na Síria? Quem é a Síria? Como iniciou tudo?

Os Estados Unidos em coalizão com o Reino Unido e a França anunciaram na noite desta sexta-feira 13/04, um ataque à Síria. Pelo menos seis ataques foram realizados por mísseis americanos em locais que armazenariam armas quimícas. A acusação principal é de que o regime de Bashar Al-Assad teria utilizado armas químicas em confrontos locais com grupos que disputam o poder do país.

O governo sírio contra atacou e informou através de meios de comunicação que teriam derrubado 11 mísseis dos EUA.  Para compreender melhor essa situação toda torna-se necessária um aprofundamento na questão.

A República Árabe da Síria é um pais localizado no Oriente Médio (Ásia Ocidental). Faz fronteira com a Turquia ao norte, ao leste com o Iraque, Jordânia ao sul, a oeste o Mar Mediterrâneo e o Líbano, além de Israel a sudoeste. Com uma extensão de 185 mil quilômetros quadrados e uma população de mais de 22 milhões e meio de habitantes.

Conquistou a sua independência em 24 de outubro de 1945. O país já pertenceu ao império persa. Chegou a ser uma das conquistas de Alexandre, o Grande, no século IV A.C.. Mais adiante, passou a ser uma das províncias romanas. A nação obteve grande prestígio durante a ascensão do islamismo no século VII. O império Turco-Otomano passa a dominar o país a partir de 1516. Durante a primeira guerra mundial, os otomanos lutaram ao lado dos impérios Áustro-Hungáro e Alemão.

O Partido Baath comanda este país desde 1963, apesar de hoje a liderança ser compartilhada pelo Presidente – atualmente Bashar al-Assad, filho do antigo líder, Hafez al-Assad, que ocupou o poder de 1970 até 2000, quando morreu - e uma comunidade menor de políticos e militares despóticos¹.

O conflito na Síria começou em março de 2011 com protestos pacíficos contra o governo do presidente Bashar al-Assad e acabou se transformando em uma guerra maior, envolvendo grupos jihadistas, além de forças regionais e internacionais. Mais de 290 mil pessoas morreram neste conflito que, com a entrada da Turquia, se tornou ainda mais complexo, já que os turcos combatem tanto o grupo Estado Islâmico quanto os curdos.

A principal batalha da guerra, são os cerca de 300 mil soldados do exército sírio de Bashar al-Assad e suas forças aliadas contra diversos grupos rebeldes de dentro do país, além de jihadistas estrangeiros.

O maior grupo rebelde é o Exército da Conquista, que reúne facções islâmicas como Ahrar al-Sham e Faylaq al-Sham, além de grupos jihadistas como a Frente Fateh al-Sham, antes chamada Al-Nusra Front, quando ainda mantinha afiliação à Al-Qaeda.

Os curdos são um povo sem país que vive em partes da Síria e da Turquia, entre outros países, e estão no fogo cruzado da guerra. Os curdos da Síria vinham se mantendo longe do conflito entre governo e rebeldes, até qu Bashar al-Assad bombardeou as forças curdas em Hasakeh, cidade que era controlada conjuntamente pelos curdos e pelo regime.

Os curdos da Síria conquistaram uma região semi-autônoma no norte e nordeste do país, com a sua Unidade de Proteção Popular (YPG), e assim se tornaram um parceiro fundamental da coalizão liderada pelos Estados Unidos no combate ao grupo Estado Islâmico. Desde janeiro de 2015, o YPG conseguiu expulsar o grupo das cidade de Cobane e Manibj, na província de Aleppo, além de Tal Abyad, na província de Raqa, e grande parte da província de Hasakeh. O YPG também é parte das Forças Democráticas Sírias (SDF), que reúne diversas facções combatendo o grupo Estado Islâmico (EI).

Os jihadistas do EI consideram inimigos todos aqueles que não se aliam ao seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi. Por isso combatem grupos rebeldes sírios e até mesmo outros grupos jihadistas. Os rebeldes apoiados pela Turquia participaram nesta semana da retomada da cidade fronteiriça de Jarabulus, antes dominada pelo grupo EI.

O exército sírio é reforçado por 200 mil forças irregulares, principalmente das Forças de Defesa Nacional. Também luta ao lado de cerca de 8 mil forças do Hezbollah, a poderosa milícia xiita do Líbano, além de soldados do Irã, do Iraque e do Afeganistão. A Rússia se tornou um apoiador-chave e fez ataques aéreos em apoio a Bashar al-Assad a partir de setembro de 2015, além de ajudar Damasco a recuperar diversas províncias rebeldes. O Irã é outro aliado fundamental, provendo apoio financeiro e militar.

As facções de oposição consideradas “moderadas” são apoiadas pelo Ocidente, principalmente por Estados Unidos, França e Reino Unido, mas os rebeldes reclamam do pouco suporte. Turquia, Arábia Saudita e Qatar apoiam não só a oposição ao governo, mas também outras facções islâmicas.

Os curdos da Síria são um parceiro-chave da coalização contra o grupo Estado Islâmico liderada por Washington, mas a Turquia considera o YPG um braço do Partidos dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo que reúne curdos turcos e é classificado por Ancara como terrorista.

Nenhum país abertamente apoia os jihadistas da Fateh al-Sham e do grupo Estado Islâmico, mas este último obtêm dinheiro de impostos e recursos dos territórios que controla na Síria e no Iraque.

O presidente Assad diz que quer retomar o controle de todo o país e não vai desistir.

Os rebeldes querem derrubar Assad, mas discordam sobre o futuro do país. O Fateh al-Sham, por exemplo, quer um instalar um emirado islâmico.

Os curdos querem uma região autônoma nas áreas em que são maioria, o chamado Curdistão.

O Grupo Estado Islâmico quer expandir o seu autoproclamado “califado” na Síria e no Iraque.

Antes do ataque da coalizão o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou ter “provas irrefutáveis” de que o alegado ataque químico na Síria foi “uma encenação”, na qual participaram serviços especiais de um país “russófobo”.

“Temos provas irrefutáveis de que se trata de uma nova encenação e que os serviços especiais de um Estado actualmente na primeira linha de uma campanha russófoba participaram nessa encenação”, disse o ministro numa conferência de imprensa.

De acordo com informações recentes, estima-se que 15 mil médicos – quase metade do número de profissionais que havia na Síria antes do conflito – tenham fugido do país, impedindo que centenas de milhares de civis recebam os cuidados de saúde mais básicos.


Fontes:

https://www.infoescola.com/oriente-medio/siria/

https://www.terra.com.br/noticias/mundo/disturbios-no-mundo-arabe/o-que-e-a-siria-conheca-o-pais-que-esta-em-guerra-civil-ha-mais-de-2-anos,b5dc1db3520f0410VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html

https://www.msf.org.br/noticias/siria-instabilidade-no-sul-do-pais

https://opais.co.ao/index.php/2018/04/13/ataque-quimico-na-siria-foi-encenado-com-ajuda-de-pais-russofobo-diz-o-mne-russo/

http://br.rfi.fr/mundo/20160826-entenda-quem-sao-e-o-que-querem-os-grupos-combatendo-na-siria-0


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