Filósofo com Especialização em Neurociências e Física da Consciência. Professor de Filosofia, Projeto de Vida e Sociologia no Colégio Souza Leão. Narrador e Plantão Esportivo da Rádio Jornal. Recife-PE.
quarta-feira, 20 de abril de 2022
Etnólogo Renato Athias e as questões indígenas
domingo, 10 de abril de 2022
Faleceu Mimi Reinhardt. Mulher que ajudou a salvar milhares de judeus do Holocausto
Mimi Reinhardt, que atuou como secretária de Oskar Schindler, faleceu aos 107 anos na última sexta-feira, 8.
Reinhardt foi um importante nome durante o Holocausto. Ao lado de Oskar, ela ajudou a salvar os judeus perseguidos pelos nazistas.
Atuando ao lado do industrial, ela era a responsável por elaborar listas que acabavam por recrutar os judeus do gueto que trabalhariam na fábrica eternizada nos livros de História.
Com a fábrica de Oskar Schindler, é estimado que aproximadamente 1.300 judeus tenham sido salvos.
Até o fim!
Mimi nasceu com o nome Carmen Weirmann. Judia, foi contratada por Oskar e esteve ao seu lado até o fim da Segunda Guerra, de acordo com o Times of Israel.
Ela passou a viver em Nova York com o fim da guerra e morava em Tel Aviv, Israel, desde o ano de 2007.
Aventuras na História
sexta-feira, 8 de abril de 2022
Ramadã e o diálogo inter-religioso necessário na formação de uma sociedade laica
Por Francirosy Campos Barbosa, antropóloga e professora do Departamento de Psicologia da FFCLRP/USP
No dia 2 de abril de 2022, isto é, no último sábado, a maioria dos muçulmanos no mundo entrou no mês do Ramadã, digo a maioria, pois há divergência com alguns países e grupos sobre o avistamento da lua nova. No entanto, no Brasil é Ramadã, e as comunidades islâmicas estão mobilizadas neste período que marca o jejum de comida, bebida e relações sexuais da alvorada ao pôr do sol durante 29 ou 30 dias (sendo o calendário islâmico lunar, a variação é sempre prevista). O mês do Ramadã foi um dos temas desenvolvidos na minha tese de doutorado – Entre arabescos, luas e tâmaras: performances islâmicas em São Paulo – defendida na USP em 2007, e do mesmo modo foi tema de documentário – Allahu Akbar – que também acompanhava a tese de doutorado e está disponível no Vimeo.
O ano de 2022 marca um período importante para os muçulmanos, pois nos últimos dois anos a comunidade muçulmana teve que fazer seu Ramadã de forma tímida, sem a presença das pessoas, com mesquitas esvaziadas, sem os costumeiros encontros para quebra de jejum (iftar) e orações de Tarawih. Se, por um lado, a pandemia de covid-19 dificultou a aproximação entre as pessoas, por outro lado, a tecnologia se colocou como grande aliada dos indivíduos que seguiram rigorosamente as políticas de distanciamento social. Como ferramenta de superação das barreiras espaciais, os aplicativos de chamadas e videochamadas tiveram grande engajamento durante o período de isolamento e seu uso foi reinventado para saciar as mais diversas necessidades, desde comunicação básica entre parentes e conhecidos às demandas do mercado e, também, das redes de cuidado da saúde mental.
Os espaços religiosos estavam nesse contexto e tiveram que se reinventar (Barbosa, 2021). O Ramadã está de volta a sua programação normal, mas manteve o uso de tecnologias de comunicação. É possível acompanhar pelo Facebook e canal do YouTube da Mesquita Brasil o início do jejum e a sua quebra via programa realizado pelo sheik Mohamed El Bukai e outros, além de páginas no Instagram dos sheiks Rodrigo Rodrigues, Sheikh Jihad Hassan Hammadeh e páginas da Associação Mundial da Juventude Islâmica (Wamy), tendo como presidente o sheik Ali Abdouni, e da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), respectivamente. Há também a presença forte de influenciadoras digitais muçulmanas, como Fabiola Oliveira, Mariam Chami, Fatuma (Fala Fatuma), entre outras, que se revezam nas redes sociais falando sobre temas variados e, neste momento, abordam o mês religioso. Este ano novamente a polêmica sobre stickers (figurinhas que homenageiam o Ramadã) no Instagram, que foram criados para relembrar a data, mas que vêm sendo usados de forma indevida, reacendeu os comentários nas postagens chamando atenção ao real significado dessas imagens. A primeira figura simboliza o início do Ramadã (ou que estamos no mês do Ramadã); a segunda, a alimentação, que marca o sohour (alimento antes do início do jejum diário e/ou quebra de jejum com tâmaras e água); a terceira, a mesquita e a celebração noturna das devoções realizadas para o encerramento do dia.
O Ramadã é o mês do Alcorão, a centralidade está nele, que é recitado o tempo todo, pois é o mês no qual o texto sagrado foi revelado. Este ano o período se mistura com a semana da Páscoa, período em que a USP tem suas aulas de graduação suspensas, no entanto, é importante chamar atenção que alunos, docentes e funcionários da Universidade têm outras práticas religiosas e espirituais, além dos rituais judaico-cristãos como Páscoa e Natal. A vida religiosa está presente também na vida acadêmica, como objeto de pesquisa, mas também como experiência vivida por muitos. O diálogo inter-religioso considera fundamental o contato entre as formas de pensamento religioso e também com os sem religião. A universidade, sendo plural, diversa, também deve compreender que há várias formas de ser e estar em sociedade. Pensando na divulgação de uma data pouco conhecida pela comunidade acadêmica, o Grupo de Antropologia em Contextos Islâmicos e Árabes (Gracias), coordenado por mim, abriu um espaço de divulgação dessa data – compreendemos que as diversas formas de intolerância e islamofobia, pelas quais vêm passando as muçulmanas (em sua maioria mulheres que usam véu) no Brasil, são fruto do desconhecimento e de poucos trabalhos acadêmicos que abordem o tema. Sugerimos que acompanhem nossa divulgação pelo Instagram @graciasgrupo.
Neste mês em que se celebra a Páscoa, muçulmanos experimentam o jejum e renovam sua fé e a caridade. Cabe considerar que num país laico como o nosso, que permite a livre observância de suas práticas religiosas, torna-se importante falar sobre a diversidade de experiências com o sagrado. No domingo de Páscoa, muitos estão preocupados com o almoço, com o bacalhau da ceia, enquanto os muçulmanos seguem seu jejum até o horário determinado, em torno das 18h, a depender da cidade em que vive. Se a diversidade está na sociedade, está também em muitas famílias brasileiras, que congregam cristãos, umbandistas e muçulmanos na mesma casa. O diálogo e o respeito com as práticas individuais e coletivas precisam estar na pauta também de famílias religiosas e não religiosas. A pesquisa que realizamos sobre islamofobia e que neste momento está sendo finalizada aponta que há muita intolerância em relação a um familiar muçulmano.
Esperamos que neste mês as duas denominações que mais crescem no mundo, a cristã e a islâmica, possam juntas promover a paz, o respeito e a solidariedade, consubstanciando os valores que carregam e ampliando uma cosmologia que dê sentido às pessoas e que estabeleçam espaço de troca. Nos cursos em que atuo, de Psicologia e Pedagogia, promovo frequentemente debates sobre experiências religiosas e suas formas de pertencimento, inserindo desse modo questões decoloniais que promovam reflexões sobre práticas dominantes e não dominantes quando se trata da escuta terapêutica e da formação de alunos em sociedade. Como espaços terapêuticos podem possibilitar a conversa sobre religiosidade/espiritualidade? Ou então: como espaços educacionais/escolares podem promover o acolhimento de crianças de religiões diferentes da maioria?
Por fim, desejo aos docentes, alunos e funcionários: Ramadan kareem (Ramadã generoso) a todos os muçulmanos e muçulmanas; feliz Páscoa a todos os cristãos e judeus; asè a todos os candomblecistas e umbandistas; paz a todos que não têm pertencimento religioso; e a todos que possuem outras formas de religiosidade/espiritualidade, meu respeito e atenção.
Madrid recebe primeiro encontro ibero-americano de professores de religião
O primeiro encontro ibero-americano de professores de religião realiza-se em Madrid (Espanha), de 06 a 08 de maio, e pretende analisar o contributo do professor e da disciplina no desenvolvimento de uma formação integral dos alunos.
“Promover uma educação profunda, que abarque a dimensão espiritual dos alunos, colocando em evidência o conhecimento da religião enquanto veículo para entender a cultura, e reconhecer o direito das famílias à formação das convicções morais e religiosas dos filhos”, são os três objectivos deste encontro de professores de religião, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.
A iniciativa, decorre no Caixaforum Madrid, é dirigida aos docentes de religião e conta com um programa “diverso”, num total de 38 comunicações, e com dinâmicas docentes inovadoras como «Religion Teaching Lab»”, lê-se no programa.
O encontro conta com a participação de D. Luis Argüello, secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola; Mohamed Ajana Elouafi, secretário da Comissão Islâmica de Espanha; Mariano Jabonero, secretário geral da organização dos Estados Ibero-americanos e Andreas Schleicher, responsável da Educação na OCDE.
O encontro dos professores de religião termina com a eucaristia, na Sé da capital de Espanha, presidida pelo cardeal de Madrid, D. Carlos Osoro.
Agencia Ecclesia
Armênia e Azerbeijão preparam conversações de paz sobre Nagorno-Karabakh
Cortejo de afoxé, shows e culinária afro-brasileira reunidos na 11a Festa dos Tambores que acontece no pólo cultural da Bomba do Hemetério
Evento homenageia os babalorixás Manoel (Papai) e Ivo do Xambá
Com o intuito de convergir entidades que buscam a preservação de suas identidades ancestrais será realizada no próximo dia 10, à partir das 17hs, a 11a Festa dos Tambores: Alimentando a cultura de raiz, na sede da Gigante do Samba e arredores, região pertencente ao pólo cultural da Bomba do Hemetério. O evento, promovido pelo Afoxé Povo de Ogunté, é tido como um momento de celebração festiva e religiosa que favorece a sensibilização da população em geral a respeito da existência e da importância dessas heranças. A Festa conta com o apoio do Fundo de Incentivo à Cultura (Funcultura).
Nesta edição, a Festa contará com um cortejo pelas ruas próximas à quadra da escola de samba, puxado pelos grupos de afoxé Alafin Oyó, Obá Iroko, Omô Obá Dê e Povo de Ogunté, todos escolhidos de forma coletiva pela União dos Afoxés de Pernambuco (UAPE), o maracatu Raízes de Pai Adão e a bateria da Gigante do Samba. Após o desfile pelas ruas, o Afoxé Povo de Ogunté e os grupos Batuketu e Bongar farão shows no palco interno. Na ocasião, além da dança e da música, o público irá desfrutar de outro importante elemento cultural desse povo que é a culinária afro-brasileira. Haverá pratos dedicados aos orixás, preparados por Yabás de diversos terreiros do Recife, seguindo suas tradições.
No encontro, serão homenageados dois importantes líderes de suas comunidades: os babalorixás Manoel do Nascimento Costa (Papai), 82 anos, e Ivo do Xambá. Manoel é neto do inesquecível Pai Adão, filho de Djanira Alves (mãe Janda de Oxum) e José Romão da Costa de Ogum, ele sempre esteve ao lado de seu pai nos rituais e tradições da nação Nagô Egbá, tendo sido iniciado para o orixá Iemanjá na sua adolescência. Ele assumiu o terreiro Obá Ogunté na - quarta sucessão do terreiro, dirige o Ilê Axé há mais de 40 anos e mantém a responsabilidade de preservar e cultuar o Nagô Egbá em Pernambuco. Jornalista por profissão, foi centro de várias pesquisas para produção de livros e diversas faculdades. É reconhecido entre os babalorixás do Estado como a primeira liderança religiosa a assumir a Casa Matriz de Pernambuco da Comunidade Afrodescendente.
O outro homenageado, Adeildo Paraíso da Silva, mais conhecido como Ivo do Xambá, filho de Oxum, tem 68 anos e é primogênito da inesquecível Severina Paraíso da Silva - Mãe Biu, segunda Yalorixá do Terreiro Santa Bárbara e de José Martins da Silva, filho de Ogum. Mãe Biu manteve Ivo sempre ao seu lado, ensinando os rituais e as tradições religiosas da Nação Xambá. Ainda criança, Ivo já cantava e tocava para os Orixás e, aos dez anos de idade, foi iniciado, sendo consagrado a Oxum. Com o falecimento de Mãe Biu, em 1993, Ivo assume, junto com sua tia Donatila Paraíso do Nascimento - Mãe Tila, os destinos da Casa, iniciado pelo Babalorixá Manoel Mariano da Silva. Após o falecimento de Mãe Tila em 2003, Ivo assume a direção do Terreiro, com a responsabilidade de preservar o Culto aos Orixás, segundo os ritos do Povo Xambá. Conciliando sua atuação de líder classista, como presidente do Sindicato dos Estivadores, ele se destaca entre os Babalorixás do Estado, como uma das principais lideranças religiosas da comunidade afrodescendente.
A Festa dos Tambores é realizada desde 2009 pelo Afoxé Povo de Ogunté. A área onde acontece o evento possui uma riqueza exalada pelos vários segmentos culturais que lá fixaram sede. A cultura carnavalesca da comunidade, não se restringindo ao período oficial de carnaval, demonstra essa diversidade em época de festas e nos desfiles pelas ruas do bairro, em forma de cortejos e eventos que celebram a pluralidade da cultura popular pernambucana, notadamente sob influência dos legados deixados pelos povos negros.
Como parte do evento, será realizada ainda uma aula espetáculo como ação de formação de plateia e educação patrimonial em uma escola pública municipal do entorno, ainda em definição, visando a sensibilização de toda comunidade escolar para a importância da temática da história e cultura afro-brasileira.
SERVIÇO:
O QUE? - 11a Festa dos Tambores: Alimentando a cultura de raiz
QUANDO? 10 de abril
ONDE? Sede da Gigante do Samba e arredores, região pertencente ao pólo cultural da Bomba do Hemetério
HORÁRIO? A partir das 17hs
ATRAÇÕES? Cortejo pelas ruas próximas à quadra da escola de samba, puxado pelos grupos de afoxé Alafin Oyó, Obá Iroko, Omô Obá Dê e Povo de Ogunté. Depois apresentação do Afoxé Povo de Ogunté e shows dos grupos Batuketu e Bongar no palco interno da Gigante do Samba. O público também irá desfrutar da culinária afro-brasileira.
ENTRADA: Gratuita
Sociedade Genealógica Sefardi da Espanha e Portugal contesta documentação que comprovaria descendência sefardita de Roman Abramovitch
Em resposta à uma postagem que realizamos aqui no blog em relação à ligação do empresário Roman Abramovitch com Portugal, recebemos o seguinte material da Sociedade Genealógica Sefardi da Espanha e Portugal:
Uma revisão genealógica de provas fornecidas pela Comunidade Judaica do Porto em apoio à sua certificação da ascendência sefardita de Roman Abramovich
3 de Nissan de 5782
4 de abril de 2022
Em 31 de março de 2022, o administrador de um grupo do Facebook de língua hebraica que presta aconselhamento a pessoas que procuram a cidadania portuguesa partilhou um link para um documento que pretende ser a prova utilizada pela Comunidade Judaica do Porto (CIP) para certificar que o Sr. tem ascendência sefardita. Esta é a primeira vez que o documento nos chamou a atenção. Acredita-se que o administrador seja um admirador do rabino Daniel Litvak da Comunidade Judaica do Porto.
O documento CIP único parece ter sido transformado em PDF em 23 de março de 2022 às 18h21. Atualmente, sabe-se que está em pelo menos dois servidores. Não se sabe quem postou online ou quando. A Jewish Telegraph Agency publicou o link, que já havia sido compartilhado nas redes sociais, em 1º de abril de 2022 . O documento parece autêntico. Entramos em contato com os autores de vários dos itens incluídos solicitando verificação, mas não recebemos nenhuma resposta.
Somos genealogistas. Não estamos legalmente qualificados ou fazendo um argumento legal. Além disso, o texto do Decreto-Lei n.º 30-A/2015 contém equívocos de genealogia e história sefardita, e não está de acordo com os padrões genealógicos. Abaixo descrevemos os documentos e fazemos alguns pontos conclusivos. Os padrões que utilizamos são:
a) Padrão de Prova Genealógica .
b) Código de Conduta/Ética da Associação Internacional de Sociedades Genealógicas Judaicas.
c) Código de Conduta da Sociedade Genealógica Sefardita (“o Código”).
Assumindo que os documentos partilhados online são autênticos, e por causa deste comentário estamos a tratá-los como se fossem, a Comunidade Judaica do Porto (CIP) forneceu 14 documentos que serão descritos individualmente. Assumimos que esta é a informação que a CIP forneceu recentemente ao Ministério da Justiça ou a um dos órgãos de investigação.
Assumimos que o pedido de Abramovich foi apresentado ao CIP em ou após 7 de julho de 2020, data do relatório do rabino Garzon. Assumimos que a CIP comunicou sua aprovação ao Sr. Abramovich em ou antes de 20 de julho de 2020, data do pagamento SWIFT.
1. Certificado de ascendência sefardita.Em 24 de agosto de 2020, alguém do CIP escreveu uma carta que certificou que Roman Abramovich tinha ascendência sefardita. A carta foi assinada digitalmente por Isabel Maria de Barros Teixeira da Silva Lopes em 3 de setembro de 2020. A carta refere-se: “à território sua genealogia conhecida, aos territórios onde radicados os seus ascende memórias e tradições de família”. Isso faz referência à genealogia, onde a família viveu, memórias e tradições familiares. É o que está exigido no Decreto-Lei n.º 30-A/2015. O Código afirma que uma “tradição familiar pode reforçar evidências documentadas e obtidas, mas não constitui evidência em si”. Ou seja, o Governo de Portugal e a CIP, por um lado, e a Sociedade Genealógica Sefardita, por outro, operam com padrões probatórios diferentes. Os nossos são mais rígidos que os deles.
2. Confirmação de pagamento SWIFT. Este documento confirma um pagamento de € 250 aparentemente feito em 20 de julho de 2020 de uma conta bancária UBS na Suíça com relação à emissão de um certificado. Esse pagamento é uma parte padrão do processo.
3. Nota escrita pelo rabino Daniel Litvak. Esta é uma nota escrita à mão em espanhol (o rabino Litvak nasceu na Argentina) datada de 3 Tishrei 5782 [9 de setembro de 2021], depois que a certificação da ascendência sefardita de Abramovich se tornou de conhecimento público. O Rabino Litvak descreve-se como Rabino Chefe da cidade do Porto. Ele fez cinco pontos:
uma. O Rabinato Chefe de Israel confirmou o status judeu do Sr. Abramovich em relação ao seu pedido de cidadania israelense.
b. A ascendência paterna sefardita de Abramovich foi atestada pelo Rabinato Chefe da Rússia.
c. O Sr. Abramovich apoiou o movimento Chabad [Hassidic] por mais de 20 anos. Este movimento tem uma tradição de origem portuguesa. A memória da família foi atestada pelo rabino Lazar.
d. Os avós do Sr. Abramovich viviam na Lituânia, onde os seus filhos têm cidadania. Assim, ele não precisa da cidadania portuguesa para ter acesso à União Europeia.
e. O movimento Chabad e B'nai B'rith International afirmam que o Sr. Abramovich tem ascendência sefardita.
4. Um certificado sem data (#10) emitido pelo Rabino Alexander Baroda , Presidente da Federação das Comunidades Judaicas da Rússia. O rabino Baroda afirma que o Sr. Abramovich:
uma. É descendente de judeus sefarditas;
b. Ligação sentimental preservada a Portugal;
c. Membro da comunidade sefardita;
d. Tem ascendência portuguesa;
e. É judeu português sefardita.
O rabino Baroda afirma: “Esta certificação é baseada [sic] em meu conhecimento dos testemunhos de Roman Abramovich e em uma entrevista pessoal que conduzi. Confirmo que Roman Abramovich preserva os rituais, estilo de vida, tradições e costumes alimentares sefarditas.” O rabino Baroda não fornece nenhuma evidência genealógica em apoio de sua declaração. Acredita-se que o rabino Baroda pertença ao movimento Chabad Hassídico.
5. Relatório de sobrenome datado de 7 de julho de 2020 pelo rabino Benito Garzon, ex-rabino-chefe de Madri, que agora está no Centro Educacional Sefardita. O relatório argumenta que:
uma. ABRAMOVICH significa “filho de Abraão”. Isso está correto, no uso eslavo oriental. Garzon sugere que o sobrenome de Abramovich é derivado do sobrenome sefardita Abrabanel. Infelizmente, ele não fornece nenhuma evidência em apoio da alegação. Em Hamburgo, a grafia Abarbanel foi preferida. Se ele tiver evidências de que um Abarbanel de Hamburgo migrou para a Europa Oriental, ele deve consultar a fonte de arquivo. Não temos conhecimento de alguém que tenha feito a reclamação anteriormente. Várias famílias judias, cristãs e muçulmanas têm nomes derivados do Patriarca Abraão, mas não afirmam ser de origem sefardita. Judeus no Império Russo foram obrigados a adotar sobrenomes no início do século 19 Século. O Sr. Abramovich pode querer fazer um teste de Y-DNA. Judeus Ashkenazi derivam de uma população ancestral relativamente pequena, então tal ancestralidade pode ser rapidamente aparente. Também é possível que ele corresponda a um membro de uma família sefardita testada ou a outra pessoa.
As referências do documento:
eu. Costumes e tradições sefarditas não especificados na família
ii. O conhecimento de Abramovich da história sefardita
iii. Seu louvável apego aos ancestrais sefarditas.
O documento continua dizendo que eles “podem e afirmam sem a menor dúvida que ABRAMOVICH É UM SOBRENOME DE ORIGEM SEFARDICA”. Não estamos de forma alguma persuadidos. Entendemos que “-vich” é um patronímico eslavo. Ter um nome bíblico não é por si só evidência de origem sefardita.
b. LEIBOVICH é um sobrenome de origem sefardita. O argumento é que o sobrenome LEIBOVICH significa filho de Leib. O nome dado Leib é iídiche para “leão”, e mais tarde se transformou em um sobrenome LEIBOVICH, filho de Leib. Leon, também significando leão, era um reino e agora região da Espanha. É usado como sobrenome em espanhol, com Leáo como variante portuguesa. A análise concluiu que o Yiddish LEIB derivou do espanhol LEON. Provavelmente esta afirmação não requer revisão genealógica.
O Código da Sociedade Genealógica Sefardita afirma “5. Relatórios de sobrenome”. “Relatos de sobrenomes” são estudos que mostram que sobrenomes na família de um solicitante foram usados anteriormente por judeus sefarditas e/ou “cristãos-novos”. Na ausência de genealogia, esses relatos podem ser usados inadequadamente para sugerir que há uma conexão familiar entre dois indivíduos não relacionados com o mesmo sobrenome, mesmo quando divididos por séculos e continentes. ”
6. Declaração do rabino Yona Leib Lebel, sem data. Ele é um rabino menor descendente de um proeminente rabino hassídico e sem nenhuma conexão óbvia com a comunidade sefardita. Ele mora em Ashdod, em Israel, uma cidade também associada ao rabino Daniel Litvak. Ele é descrito como um “mekubal”, um praticante da cabala, práticas judaicas esotéricas que são rejeitadas pela tradição judaico-portuguesa. Não se sabe se o rabino Lebel fala inglês, a língua em que a Declaração está escrita.
uma. A Declaração afirma que havia 14.000 sefarditas em Hamburgo por volta de 1850. Esta é mais provavelmente a população judaica total de Hamburgo na época, que incluía um pequeno número de sefarditas.
b. A Declaração afirma que a família era sefardita de Hamburgo, casada com Ashkenazim e depois se mudou para a Europa Oriental adotando um sobrenome Ashkenazi. Por um tempo eles viveram em Poznan na Polônia, de onde o movimento Chabad Hassídico se originou.
c. O nome Leib, Leão, pode derivar do Leão ou Judá ou do Reino de Leão.
d. O Sr. Abramovich tem sido um grande benfeitor do movimento Chabad, que também reivindica raízes portuguesas.
Nenhuma evidência genealógica é fornecida. As duas primeiras afirmações são inconsistentes com nossa compreensão da história sefardita baseada no estudo de registros de arquivo. Estamos surpresos que um rabino hassídico com foco teológico tenha opiniões sobre o espanhol medieval e a história sefardita moderna.
7. Várias listas de “sobrenomes sefarditas”
uma. Uma lista de sobrenomes judeus, principalmente sefarditas, postados por alguém no Ancestry.com em 2005. Não sabemos a identidade da pessoa que postou esta lista. Esta não é uma informação da Ancestry.com, mas uma postagem em sua plataforma. A lista provavelmente deriva do antigo site sefardim.com do falecido Harry Stein, um judeu Ashkenazi. Acreditamos que ele foi o inventor dos “sobrenomes sefarditas”. No topo da página, afirma que os nomes não são garantidos como sefarditas. Em vários momentos foi afirmado que qualquer sobrenome já usado por um cristão-novo ou judeu sefardita é “judeu”. Isso inclui praticamente todos os sobrenomes ibéricos. As listas de apelidos constantes do Decreto-Lei n.º 30-A/2015 são uma ressaca disso.
b. Um trecho de um livro de Artur Villares que faz referência à presença de Leão na comunidade sefardita de Hamburgo. Confirmamos isso como correto. Se houver evidência de um Leão adotando um nome iídiche ou migrando para o Pale of Settlement, ficaríamos gratos em vê-lo. Artur Villares não faz tal afirmação.
c. Nota da Comissão de Direito da Nacionalidade da Comunidade Judaica do Porto. Este documento está em inglês, não em português. Refere-se a uma lista preparada pelo professor Dov Cohen, ex-rabino da comunidade e agora acadêmico da Universidade Bar Ilan. Não há nada de valor genealógico neste documento.
8. Chabad e Portugal. Um artigo publicado pela Rebetsin Raizel Rosenfeld publicado em Portuguese Jewish News on 11 January 2022, after the award of citizenship to Mr Abramovich came to public attention. A Rebbetzin is a rabbi’s wife. Rebbetzin Raizel Rosenfeld is rebbetzin of Chabad Portugal of which Mr Abramovich is an honorary member. She quotes Rabbi Yosef Yitzchak Schneerson, a former Chabad Rebbe, stating that large numbers of Portuguese Jews lived in the Polish city of Poznan in the 1600s. This is an unevidenced claim and seems not to be part of mainstream Chabad belief. If there had been a “large amount of Portuguese Jewish families” in Poznan we would expect some reference in the vast contemporary Sephardic and west European archives. We know of none. It is stated that a family had the surname “Portugaler” in the late 17th Century but no evidence is given in support of this statement. Surnames were not widely adopted by Ashkenazim in the Russian Empire until the early 19th Century.
9. Holocaust Period
a. A letter from S. Abramovitch dated 1 August 1940, written at the suggestion of the secretary of Bevis Marks, a Sephardic synagogue in the City of London. In #14 it is reported that the letter was written by a Polish relative of Mr Abramovich to the Jewish community of Porto in neutral Portugal asking them to write to his family in Poland.
b. The memorial hall at the Holocaust Museum of Oporto, including people called Abramowicz and Leibovich. We do not know the relevance to Portugal.
10. Unsourced. Relating to Mr Abramovich’s grandmother.
a. A tradition from the BERKOVER family that they have Sephardic ancestry.
b. Part of an online family tree of the Sephardic COHEN DE LARA family. The implication that an apparently Ashkenazi COHEN/KOGAN family are the same as the Sephardic COHEN DE LARA. At that time, a Western Sephardic Jew who married an Ashkenazi would be disowned by the community. If there is genealogical evidence, we hope it is shared.
c. It is implied that two brothers with common Jewish given names (Aron and Abraham) in two families separated by 400 years have a family relationship. This is without genealogical merit.
d. There is a reference to a Rabbi Movsha Goldshteyn in the town of Keidany in 1846.
e. Há um relato detalhado supostamente retransmitido por Abramovich sobre a suposta migração de seu tataravô de Hamburgo. Há um link para um site chamado khazaria.com que inclui artigos discutindo a alegada ascendência turca refutada de Ashkenazim, uma crença popular em alguns bairros anti-semitas.
f. Um relato não comprovado da família migrando para a Lituânia/Bielorrússia. Há um link para o site keidaner.com que não faz referência aos sefarditas na cidade de Keidan.
g. Tradições sefarditas na família são discutidas, incluindo:
eu. Uma tradição de Páscoa que se acredita ser semelhante a uma sefardita. Parece semelhante ao costume Megorashi (sefardita marroquino), mas não sefardita ocidental/português. Não sabemos sobre os costumes Ashkenazi.
ii. Relatado conflito familiar de costumes sobre comer arroz na Páscoa. Tauba teria dito que sua família luso-sefardita comeu arroz na Páscoa. O costume luso-sefardita é não comer arroz na Páscoa. Judeus Mizrahi (muitas vezes erroneamente chamados de 'sefarditas' em Israel) comem arroz.
11. Passaporte israelense do Sr. Abramovich.
12. Relatório da visita de Abramovich à Lituânia em 2018 de delfi.lt/en
13. Uma visita a Moscou
uma. Imagem do Projeto Refeições de Shabat
b. Fotografia de maio de 2018. Acreditamos que sejam Rabi Berl Lazar (C), Rabi Alexander Baroda (L) e mais alguém.
c. Um relatório em espanhol de uma visita a Moscou.
14. Jewish News Syndicate (JNS), coluna de Miriam Assor , datada de 23 de dezembro de 2021.
uma. Artigo originalmente publicado em Israel Hayom.
b. Discute a filantropia de Abramovich, incluindo o plantio de árvores memoriais na Lituânia e a restauração do cemitério português de Altona (Hamburgo).
c. Reivindicações de ascendência portuguesa
d. Membro honorário da Chabad Portugal (Cascais) e da B'nai B'rith International Portugal.
e. Carta de 1940 de Londres para Lisboa.
f. A segmentação anti-semita do Sr. Abramovich.
g. Trabalho comunitário positivo do Chelsea FC.
h. Atividades na reconciliação judaico-árabe.
Conclusões
a) Não há genealogia para revisar. A genealogia se baseia em documentos como certidões de nascimento, casamento e óbito para comprovar as relações entre os indivíduos. Para verificar as alegações do Sr. Abramovich, precisaríamos ver uma cadeia ininterrupta de tais documentos conectando-o a um ancestral sefardita na comunidade sefardita de Hamburgo.
b) Alguns dos documentos não têm relevância genealógica e alguns não faziam parte do pedido original estão incluídos no lote.
c) O rabino Alexander Baroda e o rabino Yona Leib Lebel fizeram declarações que requerem suporte probatório antes que possamos revisá-las de acordo com os padrões genealógicos. O nº 9 do Código afirma: “ Ashkenazim, 'cripto-judeus'/'Bnei Anusim' e outros que acreditam ter ascendência sefardita distante estão sob o mesmo requisito de fornecer genealogia clara como todos os outros. Uma tradição familiar pode reforçar evidências documentadas e de origem, mas não constitui evidência em si.”
d) Somos de opinião que o relato sobre sobrenomes do rabino Benito Garzon não tem mérito.
e) Na ausência de evidências arquivísticas da existência de um rabino português, uma possibilidade é que ele tenha sido produto da narrativa mágica hassídica. A crença em uma origem sefardita do movimento hassídico não é apoiada por pesquisas históricas recentes.
f) O Código de Conduta/Ética do IAJGS afirma que “Quaisquer potenciais conflitos de interesse devem ser divulgados”. Abramovich é um filantropo notável. Acreditamos que qualquer indivíduo ou grupo que forneça evidências em apoio ao pedido que se beneficiou da filantropia do Sr. Abramovich deve deixar isso claro. Não fazê-lo pode dar origem a especulações infundadas.
g) O Sr. Abramovich acredita ter ascendência sefardita. Esta é uma crença comum e sincera em muitas famílias Ashkenazi. Além de Ashkenazim e sefarditas que se casaram desde cerca de 1800, exceto em alguns casos excepcionais, essa crença não é apoiada por pesquisa de arquivos ou genética.
h) Não podemos comentar sobre a legalidade do caso. O pedido certificado pela Comunidade Judaica do Porto e aprovado pelo Ministério da Justiça português não cumpre os requisitos da Sociedade Genealógica Sefardita mas pode estar em conformidade com a Lei Portuguesa.
i) Os portugueses podem ter dúvidas sobre a genealogia que suporta outros certificados emitidos pela Comunidade Judaica do Porto e aprovados pelo Ministério da Justiça português. A Sociedade Genealógica Sefardita enviou um email à Comunidade Judaica do Porto oferecendo-se para rever estes pedidos e fez publicamente a mesma oferta ao Ministério da Justiça.
Notas
Em 1 de abril de 2022, o rabino de Hamburgo Shlomo Bistritzky disse à SIC que não tinha conhecimento de nenhuma conexão entre Roman Abramovich e a comunidade judaica sefardita da cidade.
Rabbi Daniel Litvak also has a relationship with Shavei Israel, a Jewish group dedicated to finding “Lost Tribes”. Over recent years members of a Tibeto-Burmese ethnic group of former head-hunters and then Protestants in northeast India have been identified by Shavei Israel as the lost tribe of Menasseh. A view not entirely shared by mainstream academia. Rabbi Litvak suggested to Shavei’s blog that he could identify Jewish ancestry from a surname.
A 25 de março de 2022 a Sociedade Genealógica Sefardita publicou um relatório sobre a reforma da concessão da nacionalidade portuguesa . O Governo português procurou brevemente a reconciliação histórica com os sefarditas mas está agora (com o Decreto-Lei n.º 26/2022) a impor uma punição coletiva à nossa comunidade após a atribuição da cidadania portuguesa a Roman Abramovich com base no conselho de alguém não sefardita. Com confiança, acreditamos que a Comunidade Judaica de Lisboa – agora o único grupo que confirma a ascendência sefardita – não teria certificado a candidatura do Sr. Abramovich. Claramente, as provas aceites pelo Ministério da Justiça português não cumprem os padrões da Sociedade Genealógica Sefardita ou, acreditamos, de qualquer sociedade genealógica dominante.
A Sociedade Genealógica Sefardita organiza reuniões online semanais gratuitas sobre genealogia e história sefarditas. Somos inovadores na aplicação de tecnologia à genealogia, incluindo o uso de inteligência artificial para leitura de manuscritos históricos. Precisamos de financiamento para nossos projetos e provavelmente acabamos de queimar algumas pontes! Se você puder pagar uma pequena doação mensal, visite nossa página do Patreon .
Se você puder ajudar a financiar um projeto como digitalização ou indexação de um arquivo histórico ou cemitério, entre em contato.
https://twitter.com/SephardicGeneal
Revisão dos documentos por parte da Sociedade Genealógica Sefardí da Espanha e Portugal
à ligação do empresário Roman Abramovitch com Portugal, recebemos
o seguinte material da Sociedade Genealógica Sefardí da Espanha
e Portugal:
Uma revisão genealógica de provas fornecidas pela Comunidade Judaica do Porto em apoio à sua certificação da ascendência sefardita de Roman Abramovich
3 de abril de 5782
4 de abril de 2022
Em 31 de março de 2022, o administrador de um grupo do Facebook de língua hebraica que presta aconselhamento a pessoas que procuram a cidadania portuguesa partilhou um link para um documento que pretende ser a prova utilizada pela Comunidade Judaica do Porto (CIP) para certificar que o Sr. tem ascendência sefardita. Esta é a primeira vez que o documento nos chamou a atenção. Acredita-se que o administrador seja um admirador do rabino Daniel Litvak da Comunidade Judaica do Porto.
O documento CIP único parece ter sido transformado em PDF em 23 de março de 2022 às 18h21. Atualmente, sabe-se que está em pelo menos dois servidores. Não se sabe quem postou online ou quando. A Jewish Telegraph Agency publicou o link, que já havia sido compartilhado nas redes sociais, em 1º de abril de 2022 . O documento parece autêntico. Entramos em contato com os autores de vários dos itens incluídos solicitando verificação, mas não recebemos nenhuma resposta.
Somos genealogistas. Não estamos legalmente qualificados ou fazendo um argumento legal. Além disso, o texto do Decreto-Lei n.º 30-A/2015 contém equívocos de genealogia e história sefardita, e não está de acordo com os padrões genealógicos. Abaixo descrevemos os documentos e fazemos alguns pontos conclusivos. Os padrões que utilizamos são:
a) Padrão de Prova Genealógica .
b) Código de Conduta/Ética da Associação Internacional de Sociedades Genealógicas Judaicas.
c) Código de Conduta da Sociedade Genealógica Sefardita (“o Código”).
Assumindo que os documentos partilhados online são autênticos, e por causa deste comentário estamos a tratá-los como se fossem, a Comunidade Judaica do Porto (CIP) forneceu 14 documentos que serão descritos individualmente. Assumimos que esta é a informação que a CIP forneceu recentemente ao Ministério da Justiça ou a um dos órgãos de investigação.
Assumimos que o pedido de Abramovich foi apresentado ao CIP em ou após 7 de julho de 2020, data do relatório do rabino Garzon. Assumimos que a CIP comunicou sua aprovação ao Sr. Abramovich em ou antes de 20 de julho de 2020, data do pagamento SWIFT.
1. Certificado de ascendência sefardita.Em 24 de agosto de 2020, alguém do CIP escreveu uma carta que certificou que Roman Abramovich tinha ascendência sefardita. A carta foi assinada digitalmente por Isabel Maria de Barros Teixeira da Silva Lopes em 3 de setembro de 2020. A carta refere-se: “à território sua genealogia conhecida, aos territórios onde radicados os seus ascende memórias e tradições de família”. Isso faz referência à genealogia, onde a família viveu, memórias e tradições familiares. É o que está exigido no Decreto-Lei n.º 30-A/2015. O Código afirma que uma “tradição familiar pode reforçar evidências documentadas e obtidas, mas não constitui evidência em si”. Ou seja, o Governo de Portugal e a CIP, por um lado, e a Sociedade Genealógica Sefardita, por outro, operam com padrões probatórios diferentes. Os nossos são mais rígidos que os deles.
2. Confirmação de pagamento SWIFT. Este documento confirma um pagamento de € 250 aparentemente feito em 20 de julho de 2020 de uma conta bancária UBS na Suíça com relação à emissão de um certificado. Esse pagamento é uma parte padrão do processo.
3. Nota escrita pelo rabino Daniel Litvak. Esta é uma nota escrita à mão em espanhol (o rabino Litvak nasceu na Argentina) datada de 3 Tishrei 5782 [9 de setembro de 2021], depois que a certificação da ascendência sefardita de Abramovich se tornou de conhecimento público. O Rabino Litvak descreve-se como Rabino Chefe da cidade do Porto. Ele fez cinco pontos:
uma. O Rabinato Chefe de Israel confirmou o status judeu do Sr. Abramovich em relação ao seu pedido de cidadania israelense.
b. A ascendência paterna sefardita de Abramovich foi atestada pelo Rabinato Chefe da Rússia.
c. O Sr. Abramovich apoiou o movimento Chabad [Hassidic] por mais de 20 anos. Este movimento tem uma tradição de origem portuguesa. A memória da família foi atestada pelo rabino Lazar.
d. Os avós do Sr. Abramovich viviam na Lituânia, onde os seus filhos têm cidadania. Assim, ele não precisa da cidadania portuguesa para ter acesso à União Europeia.
e. O movimento Chabad e B'nai B'rith International afirmam que o Sr. Abramovich tem ascendência sefardita.
4. Um certificado sem data (#10) emitido pelo Rabino Alexander Baroda , Presidente da Federação das Comunidades Judaicas da Rússia. O rabino Baroda afirma que o Sr. Abramovich:
uma. É descendente de judeus sefarditas;
b. Ligação sentimental preservada a Portugal;
c. Membro da comunidade sefardita;
d. Tem ascendência portuguesa;
e. É judeu português sefardita.
O rabino Baroda afirma: “Esta certificação é baseada [sic] em meu conhecimento dos testemunhos de Roman Abramovich e em uma entrevista pessoal que conduzi. Confirmo que Roman Abramovich preserva os rituais, estilo de vida, tradições e costumes alimentares sefarditas.” O rabino Baroda não fornece nenhuma evidência genealógica em apoio de sua declaração. Acredita-se que o rabino Baroda pertença ao movimento Chabad Hassídico.
5. Relatório de sobrenome datado de 7 de julho de 2020 pelo rabino Benito Garzon, ex-rabino-chefe de Madri, que agora está no Centro Educacional Sefardita. O relatório argumenta que:
uma. ABRAMOVICH significa “filho de Abraão”. Isso está correto, no uso eslavo oriental. Garzon sugere que o sobrenome de Abramovich é derivado do sobrenome sefardita Abrabanel. Infelizmente, ele não fornece nenhuma evidência em apoio da alegação. Em Hamburgo, a grafia Abarbanel foi preferida. Se ele tiver evidências de que um Abarbanel de Hamburgo migrou para a Europa Oriental, ele deve consultar a fonte de arquivo. Não temos conhecimento de alguém que tenha feito a reclamação anteriormente. Várias famílias judias, cristãs e muçulmanas têm nomes derivados do Patriarca Abraão, mas não afirmam ser de origem sefardita. Judeus no Império Russo foram obrigados a adotar sobrenomes no início do século 19 Século. O Sr. Abramovich pode querer fazer um teste de Y-DNA. Judeus Ashkenazi derivam de uma população ancestral relativamente pequena, então tal ancestralidade pode ser rapidamente aparente. Também é possível que ele corresponda a um membro de uma família sefardita testada ou a outra pessoa.
As referências do documento:
eu. Costumes e tradições sefarditas não especificados na família
ii. O conhecimento de Abramovich da história sefardita
iii. Seu louvável apego aos ancestrais sefarditas.
O documento continua dizendo que eles “podem e afirmam sem a menor dúvida que ABRAMOVICH É UM SOBRENOME DE ORIGEM SEFARDICA”. Não estamos de forma alguma persuadidos. Entendemos que “-vich” é um patronímico eslavo. Ter um nome bíblico não é por si só evidência de origem sefardita.
b. LEIBOVICH é um sobrenome de origem sefardita. O argumento é que o sobrenome LEIBOVICH significa filho de Leib. O nome dado Leib é iídiche para “leão”, e mais tarde se transformou em um sobrenome LEIBOVICH, filho de Leib. Leon, também significando leão, era um reino e agora região da Espanha. É usado como sobrenome em espanhol, com Leáo como variante portuguesa. A análise concluiu que o Yiddish LEIB derivou do espanhol LEON. Provavelmente esta afirmação não requer revisão genealógica.
O Código da Sociedade Genealógica Sefardita afirma “5. Relatórios de sobrenome”. “Relatos de sobrenomes” são estudos que mostram que sobrenomes na família de um solicitante foram usados anteriormente por judeus sefarditas e/ou “cristãos-novos”. Na ausência de genealogia, esses relatos podem ser usados inadequadamente para sugerir que há uma conexão familiar entre dois indivíduos não relacionados com o mesmo sobrenome, mesmo quando divididos por séculos e continentes. ”
6. Declaração do rabino Yona Leib Lebel, sem data. Ele é um rabino menor descendente de um proeminente rabino hassídico e sem nenhuma conexão óbvia com a comunidade sefardita. Ele mora em Ashdod, em Israel, uma cidade também associada ao rabino Daniel Litvak. Ele é descrito como um “mekubal”, um praticante da cabala, práticas judaicas esotéricas que são rejeitadas pela tradição judaico-portuguesa. Não se sabe se o rabino Lebel fala inglês, a língua em que a Declaração está escrita.
uma. A Declaração afirma que havia 14.000 sefarditas em Hamburgo por volta de 1850. Esta é mais provavelmente a população judaica total de Hamburgo na época, que incluía um pequeno número de sefarditas.
b. A Declaração afirma que a família era sefardita de Hamburgo, casada com Ashkenazim e depois se mudou para a Europa Oriental adotando um sobrenome Ashkenazi. Por um tempo eles viveram em Poznan na Polônia, de onde o movimento Chabad Hassídico se originou.
c. O nome Leib, Leão, pode derivar do Leão ou Judá ou do Reino de Leão.
d. O Sr. Abramovich tem sido um grande benfeitor do movimento Chabad, que também reivindica raízes portuguesas.
Nenhuma evidência genealógica é fornecida. As duas primeiras afirmações são inconsistentes com nossa compreensão da história sefardita baseada no estudo de registros de arquivo. Estamos surpresos que um rabino hassídico com foco teológico tenha opiniões sobre o espanhol medieval e a história sefardita moderna.
7. Várias listas de “sobrenomes sefarditas”
uma. Uma lista de sobrenomes judeus, principalmente sefarditas, postados por alguém no Ancestry.com em 2005. Não sabemos a identidade da pessoa que postou esta lista. Esta não é uma informação da Ancestry.com, mas uma postagem em sua plataforma. A lista provavelmente deriva do antigo site sefardim.com do falecido Harry Stein, um judeu Ashkenazi. Acreditamos que ele foi o inventor dos “sobrenomes sefarditas”. No topo da página, afirma que os nomes não são garantidos como sefarditas. Em vários momentos foi afirmado que qualquer sobrenome já usado por um cristão-novo ou judeu sefardita é “judeu”. Isso inclui praticamente todos os sobrenomes ibéricos. As listas de apelidos constantes do Decreto-Lei n.º 30-A/2015 são uma ressaca disso.
b. Um trecho de um livro de Artur Villares que faz referência à presença de Leão na comunidade sefardita de Hamburgo. Confirmamos isso como correto. Se houver evidência de um Leão adotando um nome iídiche ou migrando para o Pale of Settlement, ficaríamos gratos em vê-lo. Artur Villares não faz tal afirmação.
c. Nota da Comissão de Direito da Nacionalidade da Comunidade Judaica do Porto. Este documento está em inglês, não em português. Refere-se a uma lista preparada pelo professor Dov Cohen, ex-rabino da comunidade e agora acadêmico da Universidade Bar Ilan. Não há nada de valor genealógico neste documento.
8. Chabad e Portugal. Um artigo publicado pela Rebetsin Raizel Rosenfeld publicado em Portuguese Jewish News on 11 January 2022, after the award of citizenship to Mr Abramovich came to public attention. A Rebbetzin is a rabbi’s wife. Rebbetzin Raizel Rosenfeld is rebbetzin of Chabad Portugal of which Mr Abramovich is an honorary member. She quotes Rabbi Yosef Yitzchak Schneerson, a former Chabad Rebbe, stating that large numbers of Portuguese Jews lived in the Polish city of Poznan in the 1600s. This is an unevidenced claim and seems not to be part of mainstream Chabad belief. If there had been a “large amount of Portuguese Jewish families” in Poznan we would expect some reference in the vast contemporary Sephardic and west European archives. We know of none. It is stated that a family had the surname “Portugaler” in the late 17th Century but no evidence is given in support of this statement. Surnames were not widely adopted by Ashkenazim in the Russian Empire until the early 19th Century.
9. Holocaust Period
a. A letter from S. Abramovitch dated 1 August 1940, written at the suggestion of the secretary of Bevis Marks, a Sephardic synagogue in the City of London. In #14 it is reported that the letter was written by a Polish relative of Mr Abramovich to the Jewish community of Porto in neutral Portugal asking them to write to his family in Poland.
b. The memorial hall at the Holocaust Museum of Oporto, including people called Abramowicz and Leibovich. We do not know the relevance to Portugal.
10. Unsourced. Relating to Mr Abramovich’s grandmother.
a. A tradition from the BERKOVER family that they have Sephardic ancestry.
b. Part of an online family tree of the Sephardic COHEN DE LARA family. The implication that an apparently Ashkenazi COHEN/KOGAN family are the same as the Sephardic COHEN DE LARA. At that time, a Western Sephardic Jew who married an Ashkenazi would be disowned by the community. If there is genealogical evidence, we hope it is shared.
c. It is implied that two brothers with common Jewish given names (Aron and Abraham) in two families separated by 400 years have a family relationship. This is without genealogical merit.
d. There is a reference to a Rabbi Movsha Goldshteyn in the town of Keidany in 1846.
e. Há um relato detalhado supostamente retransmitido por Abramovich sobre a suposta migração de seu tataravô de Hamburgo. Há um link para um site chamado khazaria.com que inclui artigos discutindo a alegada ascendência turca refutada de Ashkenazim, uma crença popular em alguns bairros anti-semitas.
f. Um relato não comprovado da família migrando para a Lituânia/Bielorrússia. Há um link para o site keidaner.com que não faz referência aos sefarditas na cidade de Keidan.
g. Tradições sefarditas na família são discutidas, incluindo:
eu. Uma tradição de Páscoa que se acredita ser semelhante a uma sefardita. Parece semelhante ao costume Megorashi (sefardita marroquino), mas não sefardita ocidental/português. Não sabemos sobre os costumes Ashkenazi.
ii. Relatado conflito familiar de costumes sobre comer arroz na Páscoa. Tauba teria dito que sua família luso-sefardita comeu arroz na Páscoa. O costume luso-sefardita é não comer arroz na Páscoa. Judeus Mizrahi (muitas vezes erroneamente chamados de 'sefarditas' em Israel) comem arroz.
11. Passaporte israelense do Sr. Abramovich.
12. Relatório da visita de Abramovich à Lituânia em 2018 de delfi.lt/en
13. Uma visita a Moscou
uma. Imagem do Projeto Refeições de Shabat
b. Fotografia de maio de 2018. Acreditamos que sejam Rabi Berl Lazar (C), Rabi Alexander Baroda (L) e mais alguém.
c. Um relatório em espanhol de uma visita a Moscou.
14. Jewish News Syndicate (JNS), coluna de Miriam Assor , datada de 23 de dezembro de 2021.
uma. Artigo originalmente publicado em Israel Hayom.
b. Discute a filantropia de Abramovich, incluindo o plantio de árvores memoriais na Lituânia e a restauração do cemitério português de Altona (Hamburgo).
c. Reivindicações de ascendência portuguesa
d. Membro honorário da Chabad Portugal (Cascais) e da B'nai B'rith International Portugal.
e. Carta de 1940 de Londres para Lisboa.
f. A segmentação anti-semita do Sr. Abramovich.
g. Trabalho comunitário positivo do Chelsea FC.
h. Atividades na reconciliação judaico-árabe.
Conclusões
a) Não há genealogia para revisar. A genealogia se baseia em documentos como certidões de nascimento, casamento e óbito para comprovar as relações entre os indivíduos. Para verificar as alegações do Sr. Abramovich, precisaríamos ver uma cadeia ininterrupta de tais documentos conectando-o a um ancestral sefardita na comunidade sefardita de Hamburgo.
b) Alguns dos documentos não têm relevância genealógica e alguns não faziam parte do pedido original estão incluídos no lote.
c) O rabino Alexander Baroda e o rabino Yona Leib Lebel fizeram declarações que requerem suporte probatório antes que possamos revisá-las de acordo com os padrões genealógicos. O nº 9 do Código afirma: “ Ashkenazim, 'cripto-judeus'/'Bnei Anusim' e outros que acreditam ter ascendência sefardita distante estão sob o mesmo requisito de fornecer genealogia clara como todos os outros. Uma tradição familiar pode reforçar evidências documentadas e de origem, mas não constitui evidência em si.”
d) Somos de opinião que o relato sobre sobrenomes do rabino Benito Garzon não tem mérito.
e) Na ausência de evidências arquivísticas da existência de um rabino português, uma possibilidade é que ele tenha sido produto da narrativa mágica hassídica. A crença em uma origem sefardita do movimento hassídico não é apoiada por pesquisas históricas recentes.
f) O Código de Conduta/Ética do IAJGS afirma que “Quaisquer potenciais conflitos de interesse devem ser divulgados”. Abramovich é um filantropo notável. Acreditamos que qualquer indivíduo ou grupo que forneça evidências em apoio ao pedido que se beneficiou da filantropia do Sr. Abramovich deve deixar isso claro. Não fazê-lo pode dar origem a especulações infundadas.
g) O Sr. Abramovich acredita ter ascendência sefardita. Esta é uma crença comum e sincera em muitas famílias Ashkenazi. Além de Ashkenazim e sefarditas que se casaram desde cerca de 1800, exceto em alguns casos excepcionais, essa crença não é apoiada por pesquisa de arquivos ou genética.
h) Não podemos comentar sobre a legalidade do caso. O pedido certificado pela Comunidade Judaica do Porto e aprovado pelo Ministério da Justiça português não cumpre os requisitos da Sociedade Genealógica Sefardita mas pode estar em conformidade com a Lei Portuguesa.
i) Os portugueses podem ter dúvidas sobre a genealogia que suporta outros certificados emitidos pela Comunidade Judaica do Porto e aprovados pelo Ministério da Justiça português. A Sociedade Genealógica Sefardita enviou um email à Comunidade Judaica do Porto oferecendo-se para rever estes pedidos e fez publicamente a mesma oferta ao Ministério da Justiça.
Notas
Em 1 de abril de 2022, o rabino de Hamburgo Shlomo Bistritzky disse à SIC que não tinha conhecimento de nenhuma conexão entre Roman Abramovich e a comunidade judaica sefardita da cidade.
Rabbi Daniel Litvak also has a relationship with Shavei Israel, a Jewish group dedicated to finding “Lost Tribes”. Over recent years members of a Tibeto-Burmese ethnic group of former head-hunters and then Protestants in northeast India have been identified by Shavei Israel as the lost tribe of Menasseh. A view not entirely shared by mainstream academia. Rabbi Litvak suggested to Shavei’s blog that he could identify Jewish ancestry from a surname.
A 25 de março de 2022 a Sociedade Genealógica Sefardita publicou um relatório sobre a reforma da concessão da nacionalidade portuguesa . O Governo português procurou brevemente a reconciliação histórica com os sefarditas mas está agora (com o Decreto-Lei n.º 26/2022) a impor uma punição coletiva à nossa comunidade após a atribuição da cidadania portuguesa a Roman Abramovich com base no conselho de alguém não sefardita. Com confiança, acreditamos que a Comunidade Judaica de Lisboa – agora o único grupo que confirma a ascendência sefardita – não teria certificado a candidatura do Sr. Abramovich. Claramente, as provas aceites pelo Ministério da Justiça português não cumprem os padrões da Sociedade Genealógica Sefardita ou, acreditamos, de qualquer sociedade genealógica dominante.
A Sociedade Genealógica Sefardita organiza reuniões online semanais gratuitas sobre genealogia e história sefarditas. Somos inovadores na aplicação de tecnologia à genealogia, incluindo o uso de inteligência artificial para leitura de manuscritos históricos. Precisamos de financiamento para nossos projetos e provavelmente acabamos de queimar algumas pontes! Se você puder pagar uma pequena doação mensal, visite nossa página do Patreon . Se você puder ajudar a financiar um projeto como digitalização ou indexação de um arquivo histórico ou cemitério, entre em contato.
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