terça-feira, 23 de julho de 2019

Cineclube Luz, Filosofia e ação: Debate sobre o filme CIDADE DE DEUS



O Cineclube Luz, Filosofia e Ação reúne os professores Alessandro Reina, Ney Jansen Ferreira Neto, Luís Fernando Lopes e Douglas H. A. Lopes para debater sobre o clássico Cidade de Deus: Direção de Fernando Meirelles e Katia Lund, Brasil, 2002, 02 Filmes e Videofilmes, 130min, color, son.

Esse estudo fez parte da nossa licenciatura em Filosofia pela Uninter-PR.

https://www.youtube.com/watch?v=PFhyQWeKYmQ

segunda-feira, 22 de julho de 2019

Pesquisa busca novo tratamento para câncer cerebral

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Desenvolvido em parceria da Unicamp com o IPT, estudo envolve o uso de ferramenta genética e nanotecnologia

Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que conta com a expertise do Laboratório de Biotecnologia Industrial do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para implantar sua aplicação, está buscando as bases de uma nova nanopartícula para o tratamento do glioblastoma, um tipo de câncer cerebral. Por meio da técnica conhecida por RNA de interferência, ou RNAi, a ideia é impedir a formação de proteínas necessárias às células tumorais para a sua proliferação ou mesmo sobrevivência, o que pode, na prática, diminuir ou evitar o crescimento de tumores.

O glioblastoma é o tipo mais comum de câncer cerebral, representando cerca de 25% dos tumores cerebrais primários, e recebe esse nome por ter início na glia, que são células não neuronais do sistema nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios. O RNA, ou ácido ribonucléico, é uma molécula produzida a partir do DNA e o produto intermediário para que a informação genética seja fornecida pelo corpo como proteínas. 

A técnica aplicada por Cyro von Zuben de Valega Negrão, aluno de doutorado pelo programa de Genética e Biologia Molecular do Instituto de Biologia da Unicamp, participante do programa Novos Talentos do IPT e responsável pela pesquisa, busca como princípio ativo do fármaco pequenos fragmentos de RNA (siRNA, do inglês small interfering RNA) capazes de degradarem a sequência completa dos RNAs dos genes alvos das células de glioblastoma. O princípio ativo seria encapsulado em nanopartículas, o que auxiliaria na condução do medicamento ao tumor.

“Degradando o RNA, podemos impedir a produção de proteínas fundamentais ao desenvolvimento da célula”, completa o pesquisador. “Nós temos como alvos principais hoje proteínas que permitem a proliferação e sobrevivência das células, além das que estimulam a angiogênese, que é capacidade de criar vasos - são eles que alimentam e fornecem oxigênio a essas estruturas. Coibindo a produção das proteínas, o tumor pode parar de crescer, ou mesmo diminuir, já que suas células não estarão recebendo nutrientes" esclarece Negrão.

Segundo o aluno, o estudo também engloba genes alvos que são responsáveis pela resistência de fármacos consolidados hoje no mercado, possibilitando, dessa forma, que esses possam recuperar a eficiência anterior.

O trabalho do Cyro, que se iniciou em 2018, é orientado pelo professor Henrique Marques-Souza, da Unicamp, e coorientado pela chefe do laboratório do IPT, Natália Neto Pereira Cerize, além de ter o apoio da pesquisadora Patrícia Leo, também do Instituto. O trabalho tem previsão de conclusão entre 2021 e 2022 e conta também com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Fundação de Apoio ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas (FIPT).

Quer saber mais sobre a pesquisa? Leia a matéria completa em:


‘Ter QI maior que Einstein não me obriga a ter os feitos dele’, diz filósofo Fabiano de Abreu

 Foto: Divulgação

Membro da Mensa, sociedade com pessoas de maior QI do mundo, filósofo rebate ataques por possuir inteligência comparável a gênios ilustres


Convidado para participar dos principais telejornais da TV portuguesa, o filósofo e assessor de imprensa luso-brasileiro Fabiano de Abreu, membro da Mensa, sociedade de pessoas com maior QI do mundo, relata que é constantemente atacado após a imprensa divulgar que os resultados de seu teste de inteligência é maior que os de Albert Einstein e até Steve Jobs.

Ter QI maior que Einstein e Jobs não me obriga a ter os feitos deles. A princípio, deixei divulgar o resultado em prol da associação, que busca mais pessoas interessadas nos seus testes. Não imaginava que seria atacado por ter um resultado de QI cujo número é maior que dessas personalidades. Constantemente, sou atacado na media social, cobram-me o que fiz para mudar o mundo e até há quem diga que me comparo a eles. Não mudei o mundo, mas sinto-me bem por ter mudado a vida de milhares de pessoas, ter a minha participação e agregar no desenvolvimento e credibilidade da imprensa e usar do meu curto tempo livre para criar o que chamo de ideias gratuitas para uma vida melhor.

Fabiano de Abreu esteve no telejornal ‘Edição da Manhã’, na SIC, e no Manhã CM, da CM TV, falando sobre ter um dos maiores QI do mundo e sobre a sua incansável tentativa de que os governos brasileiro e português possam dar atenção e oportunidades melhores a crianças  superdotadas; da mesma forma, pretende promover os testes de inteligência para que jovens possam avaliar suas aptidões e, com isso, ajudar na escolha de uma profissão que melhor se adapte ao tipo de inteligência.

Países como Suíça e Alemanha fazem testes de inteligência, não de QI, de inteligência mesmo, para avaliar as aptidões e dar opção de escolha para que jovens se tornem grandes profissionais. Isso deveria acontecer também no Brasil e em Portugal. Não estou falando em criar máquinas direcionadas a fazer o que queremos ou necessitamos. Estou falando em mostrar opções para que o jovem decida por si. Muitos não sabem nem o que querem fazer e qual profissão escolher. Quantos adultos, trabalham no que não querem ou no que não gostam devido à falta de opção ou porque foram induzidos pela moda ou pelos pais.

Fabiano foi condicionado a três testes, sendo um de inteligência, um de QI (por uma neuropsicóloga especializada) e o terceiro teste de QI pela Mensa. O seu resultado foi de, em números atuais, 99 de percentil, que equivale a menos de 1% da população mundial.

Sobre o filósofo e assessor de imprensa

Fabiano de Abreu é um assessor de imprensa já conhecido no Brasil, considerado o assessor que mais alçou personagens à fama por jornalistas nacionais e internacionais. Figuras como Cris Cyborg, a bandeirinha Fernanda Colombo, a Musa da Cinturinha Fina Fernanda D’avila, Sue Lasmar, Mendigata e outros 500 personagens de diferentes segmentos se destacaram através dos temas criados por ele ao longo de seis anos. Fabiano. que também é filósofo e poeta nas horas vagas, semanalmente dedica o seu pouco tempo livre para escrever teorias que são aproveitadas por rádios e alguns sites de notícias no Brasil, em Portugal e em Angola.

Tenho como hobby escrever frases filosóficas e depois explicá-las com soluções. Sinto-me bem com isso já que são teorias sobre a vida e a maneira de lidar com os problemas dela da melhor maneira possível. É uma espécie de ajuda a quem interessar e uma maneira de sentir-me útil."

O filósofo nasceu no Rio de Janeiro e, atualmente, mora numa vila pacata em Portugal chamada Castelo de Paiva, beirando o famoso rio Paiva, que já foi considerado o rio mais limpo de toda a Europa. Filho de imigrantes portugueses que foram para o Brasil na década de 1940, Fabiano escolheu a vila como recanto para fugir das confusões dos grandes centros, trabalhar a assessoria de imprensa à distância como sempre fez e escrever os seus livros, poemas e teorias filosóficas.

Já tinha vontade de viver em Portugal desde pequeno. Aproveitei o conturbado momento do Brasil em que já não conseguia mais ler as notícias e lidar com tanta desordem e realizar o que queria. Eu não fugi do Brasil, estou sempre lá e faço a minha parte para ajudar a contribuir e propagar o que o Brasil tem de melhor, assim como os seus personagens que se destacam em todo o mundo. Ter que lidar com a violência e injustiça estava a sugar-me a alma diariamente. Precisava de um canto para pensar e contribuir para uma sociedade melhor com a mente sã e seguro.

Para o filósofo, a solução está na educação e na maneira que a conduzem:

O problema da educação não está no tipo de livro a ser utilizado, mas, sim, numa atenção maior ao indivíduo estudante. Uma professora de escola pública pediu-me ajuda para as aulas de filosofia, pois os alunos não se interessavam. Criei então o que chamei de poema-filosófico. Pensei em rimar teorias que pudessem ajudar a abrir a mente dos jovens sobre as questões da vida com temas atuais principalmente vividos por eles. Isso é uma gota num rio de necessidades para que possamos melhorar a educação. Enumeraria vários métodos aqui que não custariam tanto e poderiam ajudar no futuro de uma nação."


sexta-feira, 19 de julho de 2019

Francesco Petrarca - O inventor do soneto

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Francesco Petrarca (1304-1374) foi um poeta italiano. Humanista, foi um dos precursores do renascimento italiano. Foi o inventor do soneto, poema com 14 versos. É também considerado o pai do humanismo italiano.
Francisco Petrarca nasceu em Arezzo, Itália, no dia 20 de julho de 1304. Passou a infância em Avingnon, na França, então sede do papado e grande centro cultural da Europa.
Em Avignon, fez seus estudos em gramática, dialética e retórica. Posteriormente, cursou Direito em Bolonha e Montepelier. Com a morte do pai, tentou a vida monástica, mas logo abandonou.
Numa Sexta-Feira Santa, conheceu Laura de Novaes, musa que o inspirou durante a vida inteira. Protegido pelos papas, dedicou-se ao estudo dos poetas da Antiguidade. Sua paixão pelos manuscritos antigos o levou a viajar por toda a Europa, pesquisando e copiando as obras de Cícero e Virgílio e Horácio. Por isso, foi considerado um dos primeiros grandes bibliófilos da Europa.
Dedicou-se à poesia a partir de 1337. Recebeu título de poeta laureado em Roma, sucesso que alcançou ainda vivo. Foi grande sonetista e humanista, orador eloquente e um dos precursores do renascimento italiano. Poeta já famoso, foi encarregado de várias missões diplomáticas na Europa, pelo papado e pelos governantes de cidades italianas.
Petrarca escreveu mais de 300 sonetos. Das obras líricas, a obra-prima é sua coletânea de poemas “Canzoniere", onde o tema central é o amor do poeta por Laura. Deixou trabalhos em latim: poemas épicos, obras históricas e filosóficas. Dos ensaios e cartas, destaca-se o “Secretum”. Escreveu tratados, entre eles o “Rerum Memorandarum Libri”, que versava sobre questões de ordem moral. O “Itinerarium” (O Guia de Petrarca para a Terra Santa), tornou-se uma espécie de guia de viagem. Importante também é a “Carta para a Posteridade”, uma autobiografia.
Petrarca inspirou um movimento poético, o Petraquismo, o qual conseguiu muitos adeptos entre o século XV e XVII. Com a cabeça recostada num volume de Virgílio foi encontrado morto.
Petrarca morreu em Aquirà, na região de Mântua, Itália, no dia 19 de julho de 1374.

Xico Bizerra - A mulher que não foi

A MULHER QUE NÃO FOI - Xico Bizerra*

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Ela não foi. Ficou de ir e não foi. Nem mandou alguém em seu lugar: melhor assim.

Esse alguém talvez nem goste das cantigas do Chico, tampouco aprecie uma cerva gelada que só.
Só sei que a danada não foi. Ou seja: meu amigo estragou água morna e sabão,
gastando-os em banho tão demorado. Se seus dentes resistiriam a mais um dia sem escovação,
para que escová-los, gastando pasta e escova? Pia e privada bem que poderiam ficar sem lavar: 
far-se-ia isto depois, com calma. Tudo em vão ... Mas tudo bem. Vai ver o UBER ‘farrapou’
ou a babá que ficaria com seu filho adoeceu.  Vai ver ela torceu o pé ao descer a escada ou
engasgou-se com o cuscus, borrou o batom e deu-lhe preguiça de se ‘rebatonzar’ ...Terá tido
uma dor de barriga? Ou o calo do mindinho  voltou a doer? Talvez tenha ido a um chá de
caridade e esqueceu da caridade que iria fazer. Não sei a razão. Sei que ela não foi.

Liga não – disse ao meu amigo - aproveita e deixa perdido o desodorante que se perdeu:
quem sabe dona Solidão, que ‘tá já chegando ou já chegou, goste do cheiro dele ao cheirar
o teu sovaco e se abanque por aí? A gente nunca sabe: a solidão é tão esquisita, tem uns
gostos tão estranhos ...


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*Xico Bizerra é compositor, poeta e produtor musical cearense do Crato. E me deu uma alegria danada de permitar o Ctrl+c Crt+v de uma crônica sua aqui no nosso humilde blog.

Está radicado no Recife desde o final dos anos 60, onde veio estudar e trabalhar. Foi funcionário concursado do Banco Central do Brasil por 28 anos, onde se aposentou, tendo desempenhado diversas funções, inclusive a de Inspetor do Departamento de Fiscalização Bancária. Do ponto de vista artístico, Xico vem desenvolvendo um trabalho voltado para a valorização da nossa mais autêntica música regional, sem fazer concessões aos modismos

Sua música vem-se revelando moderna e tradicional, simultaneamente, por guardar
a essência de seus mestres inspiradores e se atualizar do ponto de vista melódico-musical, incorporando novos elementos à sagrada trindade sertaneja formada pela sanfona, zabumba e triângulo. A capacidade produtiva, aliada à qualidade de sua obra, fez de Xico, inobstante a exigüidade da carreira, o Compositor regional mais gravado nos últimos 5 anos.
Mais de 350 artistas diferentes, tanto Nordestinos como de outras regiões,
gravaram músicas do Poeta. Para se ter uma idéia, sua música "Se Tu Quiser",
lançada em 2003, já tem 214 regravações, inclusive uma versão em inglês - IF YOU WANT.

Dentre os vários nomes que já interpretaram canções de Xico podemos citar Marinês, Dominguinhos, Amelinha, Elba Ramalho, Xangai, Trio Nordestino, Maria Dapaz, Quinteto Violado, Silvério Pessoa, Cida Moreira, Geraldo Maia, Alaíde Costa, Frank Aguiar, Nena Queiroga, Maciel Melo, Flávio José, Santanna, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Nádia Maia, Sevy Nascimento, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Adelmário Coelho, Arlindo dos 8 Baixos, André Rio e Dalva Torres, dentre muitos outros.

De destacar-se, também, a preocupação de Xico com o apoio e incentivo aos novos músicos e intérpretes que se inserem no cenário musical por entender ser a esta a forma de manter
viva a cultura e a tradição. Entende Xico, e isso reafirma sempre em suas entrevistas, que esse pessoal novo é o responsável pelo "aguamento da semente que um dia "seu" Luiz plantou".
Gente como Dudu do Acordeon, Ilana Ventura, Jorge Neto, Perkata de Couro,
Território Nordestino, dentre muitos outros, já gravaram músicas suas.

Fonte: Wikipédia.
Foto: Editora CEPE.



quinta-feira, 18 de julho de 2019

A Revolução Científica de Thomas Kuhn

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Precisamente em 18 de julho de 1922, nascia em Cincinatti, estado de Ohio, EUA, Thomas Samuel Kuhn¹. Vive a infância e a adolescência em uma família judaica não-praticante. Filho do engenheiro industrial Samuel L. Kuhn e a revisora de textos Minette Stroock Kuhn.

Ingressou na Universidade de Harvard, onde fez curso de física. Desta faculdade, recebeu o título de mestre e doutor. Se tornou um estudioso primordial no ramo da filosofia da ciência. Foi importante na medida em que estabeleceu teorias que desconstruíam o paradigma objetivista da ciência.

Os trabalhos acadêmicos de Kuhn resultaram no livro “A Revolução Copernicana”, de 1954. Mas foi no livro "Estruturas da Revolução Científica” (1962), que Kuhn estabeleceu suas ligações com a filosofia e as ciências humanas. O livro foi reeditado em 1970 com algumas observações adicionais.
As ideias de Thomas Kuhn seguiam na contramão do pensamento científico, de ordem positivista. O próprio físico admitiu certa vez que não comungava do pragmatismo exacerbado das ciências, nem tinha simpatia por pensadores como John Dewey e William James.
Para Kuhn, a ciência progride pela tradição intelectual representada pelo paradigma - a visão de mundo assumida pla comunidade científica - que fornece problemas e soluções exemplares para a pesquisa futura².
Se Gaston Bachelard definiu a nova visão científica como uma ruptura epistemológica, Kuhn classifica de Revolução Científica³. Tal foto ocorre quando o pesquisador descobre novos paradigmas para explicar um fenômeno ou um fato que os paradigmas anteriores ainda não haviam explicado.
O grande mérito de Thomas Kuhn foi apontar o caráter subjetivista da ciência, normalmente vista como puramente objetiva. Segundo ele, as teorias científicas estão sujeitas às questões e debates do meio social, dos interesses e das comunidades que as formulam. Por isso, Kuhn desenvolveu suas teorias usando um enfoque historicista. A ciência não tem uma linearidade contínua e progressiva, mas sim revoluções significativas de paradigmas.

Em determinados momentos, os paradigmas se alteram, provocando uma revolução que abre caminho para um novo tipo de desenvolvimento científico. Foi o que se deu, por exemplo, na passagem da física antiga à física moderna, ou ainda na passagem da física clássica (moderna) à física quântica4.
Thomas Kuhn faleceu em Cambridge, Massachusetts, Estados Unidos, no dia 17 de junho de 1996.
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2 - Aranha, Maria Lúcia de Arruda. Filosofando: introdução à filosofia/Maria Lúcia de Arruda Aranha, Maria Helena Pires Martins. - 3. ed. revista - São Paulo: Moderna, 2003.
3 - Chinazo, Suzana Salete Raymundo. Epistemologia das ciências sociais - Curitiba: Intersaberes, 2013.

4 - Cotrim, Gilberto eMirna Fernandes. Conecte Filosofar. Terceira Parte. São Paulo-SP: Editora Saraiva, 2011.

segunda-feira, 15 de julho de 2019

O pensamento de BoaVentura de Bagnoregio

O ano é 1217. Século XIII. Alberto Magno, futuro bispo e doutor da igreja, iniciava seus estudos filosóficos e teológicos. Mais adiante viria a ser professor de Tomás de Aquino na Universidade de Paris. O cientista, filósofo e bispo inglês Robert Grosseteste afirmava desafiadoramente que a esfericidade da Terra podia ser demonstrada pela razão e que a matemática era necessária para a compreensão do mundo físico. O monge e filósofo Roger Bacon foi um precursor da moderna atitude de utilizar a ciência para controlar a natureza.

Na arquitetura europeia já estava bastante amadurecido, o estilo gótico. Ornamentado de forma muito cuidadosa por vitrais e esculturas. Tendo como um dos melhores exemplos, a Catedral de Chartres no noroeste da França. A sua reconstrução ocorre após um incêndio teve o seu início em 1196 e concluída após 60 anos. A cúpula da construção ficou a 36,5 metros do chão. Os pilares e as pilastras conduzem a atenção do visitante para cima. A iluminação é intensa no interior da igreja. A claridade vem pelas janelas do clerestório, pelas janelas das paredes e pelos grandes vitrais. O que mais atrai são os azuis intensos e os vermelhos brilhantes que projetam uma luz violeta sobre as pedras da construção.¹



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Na pintura, se destacava o trabalho magnifico de Cenni di Pepo, conhecido como Cimabue. Nascido em Florença (1240). Cimabue é considerado um dos iniciadores da pintura italiana. Uma de suas obras mais conhecidas é A virgem e o menino rodeado por seis anjos (abaixo)².


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Nessa mesma época, o florentino Dante Alighieri (Il Sommo Poeta)desfilava sua genialidade com A Divina Comédia. ³


Dante

É neste cenário que renasce na Terra, Giovanni di Fidanza. Na província de Bagnoregio, na região do Lácio, perto de Viterbo, na época parte dos Estados Papais. Hoje Itália. Ficou conhecido como BoaVentura. Ele entrou para a Ordem Franciscana em 1243 e estudou na Universidade de Paris, possivelmente sob a direção de Alexandre de Hales e certamente sob a de seu sucessor, João de la Rochelle. Em 1253, era o titular da cadeira franciscana em Paris. Infelizmente para Boaventura, a disputa entre os franciscanos seculares e os mendicantes atrasou seu mestrado até 1257, quando finalmente conseguiu o título - equivalente medieval ao de doutor - juntamente com Tomás de Aquino. 

São Boaventura - Igreja de São Boaventura - Woerden (Holanda).jpg
São Boaventura – Igreja de São
Boaventura Woerden (Holanda)6   

Considerado santo e doutor pela Igreja Católica, era contemporâneo e amigo de Tomás de Aquino. Na filosofia de Boaventura a fé tem superioridade sobre a ciência. A filosofia é o caminho para se chegar a outras ciências, mas o conhecimento filosófico por si só é um conhecimento que se fecha em si mesmo, é um conhecimento que leva ao erro, a filosofia para sair desse caminho que leva ao erro, deve se abrir ao conhecimento teológico e dar abertura também para as coisas místicas. A filosofia para Boaventura tem que buscar a relação entre o finito e o infinito, ou seja, entre o homem e Deus. Além disso ele é claramente contrário a uma filosofia que não seja cristã e a uma razão que seja suficiente a si mesma.
        
Expoente máximo da Escola Filosófica Franciscana Medieval. Os seres para Boaventura são formados por matéria e forma, sendo que a forma é a essência do ser e o limite da matéria desse ser. O homem é livre e deve ser recompensado pelo que fizer com sua liberdade. O homem para merecer as bem-aventuranças deve ser livre, pois não existe merecimento sem liberdade. A liberdade faz parte da natureza humana, mas não é um instinto, ela está ligada à vontade.

Sentenças:
- Não basta a leitura sem a devoção, a especulação sem o sentimento religioso, a pesquisa sem o maravilhar-se;  a seriedade sem o entusiasmo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade e o estudo sem a bênção divina.
- Na matéria começam todas as limitações

15 de julho de 1274 é a data de desencarne de São Boaventura (Giovanni di Fidanza). 


"Ainda que o homem tenha o conhecimento da natureza e da metafísica, que se eleve até as substâncias mais altas, e admitamos que, aí chegando, o homem se detenha: é impossível ele não cair em erro se não for ajudado pela luz da fé e não crer que Deus é uno e trino, poderosíssimo e ótimo ao extremo na bondade..." Collationes de donis Spiritus Sancti. 


1 - História da Arte. Graça Proença. Editora Ática. 17ª Edição. São Paulo-SP.


3 - Pintura de Gustavo Doré

4 - História Geral e do Brasil. José Alves de Freitas Neto e Célio Ricardo Tasinafo. Editora Harbra. 2007. São Paulo-SP.

5 - "Boaventura de Bagnoregio (1217/1221 - 1274)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019. Consultado em 15/07/2019 às 17:19. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=51


7 - História da Filosofia Patrística e Escolástica. Giovanni Reale e Dario Antiseri. 4ª Edição. Editora Paulus. 2011. São Paulo-SP.



sexta-feira, 12 de julho de 2019

A alma segundo o Atomismo de Demócrito

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Demócrito (sites.google)

     Demócrito nasce por volta de 460 a. C. em Abdera, cidade situada no litoral mediterrâneo entre as cidades da Trácia e da Macedônia. Tendo vivido, provavelmente até o ano de 370 a. C., este junto com Leucipo são os principais nomes da escola atomista. Eles defendem que o nascimento das coisas é apenas uma agregação de elementos que já existem. Esses elementos são chamados átomos. A morte é apenas a desagregação dos átomos.

     Para os seguidores desta escola, tudo o que existe é constituído por átomos e pelo vazio, que era o espaço entre os átomos. Os átomos constituem o que é, e o vazio o que não é.

     O filósofo alemão Friedrich Nietzsche em "O nascimento da filosofia na época da tragédia grega"¹, nos apresenta o que pensa Demócrito em relação à alma:

"...A essência da alma reside em sua força animadora, é esta que move os seres animados. O pensamento é um movimento. A alma deve pois, ser feita da materia mais móvel, de átomos sutis, lisos e arredondados (de fogo). Essas partículas de fogo estão espalhadas por todo o corpo; entre todos os átomos corporais se intercala um átomo de alma. Estes se movem perpetuamente. Por causa de sua sutileza e de sua mobilidade arriscam-se a serem arrancados do corpo pelo ar cincundante. É disso que nos preserva a respiração, que nos ttraz constantemente de fora novos átomos de fogo e de alma para substituir os átomos desaparecidos e que prende no interior do corpo aqueles que queriam escapar. Se a respiração cessa, o fogo iterior escapa. Deste processo, resulta a morte".

     Demócrito entende que a percepção e o pensamento são modificações mecânicas da matéria da alma.

     Nós, seres viventes no século XXI, devemos agradecer imensamente ao trabalho excepcional desenvolvido por este pensador. Quantos saltos no conhecimento deu o homem na terra, quando auxiliado por esta epistemologia? Quanto desenvolvimento e tecnoligias amparadas nesta base de estudos?

     Sim, entretanto algumas ressalvas nós temos a obrigação de apontar, sob pena de incorrermos em alguns erros primários. Focalizaremos no próximo texto.





1 - Friedrich Nietzsche. A filosofia na época trágica dos gregos In Os Pensadores, volume “Os Pré-socráticos”. Trad. Rubens Torres Filho. São Paulo, Ed. Abril S.A, 1973.



terça-feira, 9 de julho de 2019

Se a mente é incorpórea e não espacial, como pode interagir com o corpo?



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     Dentre os mais variados departamentos da Filosofia, me identifico de forma muito especial com a "Filosofia da Mente". Principalmente pela possibilidade de se discutir profundamente a relação espírito-matéria. Obviamente, não deixando de lado todas as outras nuances da disciplina-mãe.

     Por acreditar profundamente e ter estudado muito sobre a continuação da vida após a morte do corpo físico, resolvi participar dessa discussão e quem sabe contribuir de forma pequena, mas efetiva. Encontrei no "Compêndio de Filosofia"¹, mais precisamente em um capítulo trabalhado pelo Prof. Dr. norte-americano William G. Lycan, denominado "Filosofia da Mente", uma abordagem inicial em relação à alguns autores que se dedicaram ao tema. Me chamou a atenção 30 questões propostas pelo pensador, ao final do capítulo. A primeira delas, que dá o título deste estudo é ajustamente a que escolhi.

     Um dos primeiros filósofos a compreender que havia um princípio inteligente agindo no corpo, foi Platão. Este princípio era constituído de outra essência e separado do corpo material. O mestre ateniense entendia a existência de dois mundos de naturezas diferentes: o mundo das ideias e o mundo material. A partir daí, teremos uma tendência a se interpretar a realidade de maneira dualista.

     Em sua obra "Fédon"², Platão descreve o que Sócrates afirma a um grupo de amigos, antes de sua morte:

     -  Em verdade, Símias, e tu, Cebes, se eu não cresse encontrar na outra vida deuses bons e sábios e homens melhores que os daqui, seria inconcebível não lamentar morrer. Sabei no entanto, que espero juntar-me a homens justos e deuses muito bons. Eis por que não me aflijo com a minha morte; morrerei tendo a esperança de que existe alguma coisa depois desta vida e de que, de acordo com a antiga tradição, os bons serão mais tratados que os maus.

     Percebemos que perante um momento crucial como o da própria morte, o possível final de sua existência, o pensador age com uma calma inabalável. Mais ainda, fala o que espera encontrar no pós-morte. Logo, a sua consciência o acomapnhará nesta passagem, senão não terá o conhecimento do que se passará consigo. Consequentemente, o cérebro que fica localizado no corpo não continuará com a mesma função após o desencarne. Seguirá o espírito.

     Em várias outras passagens desta e de outras obras, Sócrates, através da pena de Platão, registra informações sobre a necessidade da vida após a morte.

     Em oposição às ideias dualistas, há o monismo pregado por Demócrito, considerado o sistematizador da doutrina atomista. Tema de nossa próxima abordagem.






1 - Compêndio de Filosofia . Segunda Edição . Nicholas Bunin e E. P. Tsui-James. Edições |Loyola. São Paulo-SP, Brasil. 2007.
2 - Fédon. Coleção "Os Pensadores". Editora Nova Cultural. São Paulo-SP, Brasil. 1999.
Filosofia da Mente. Walter Menon. Curitiba: Intersaberes. 2016.