segunda-feira, 15 de julho de 2019

O pensamento de BoaVentura de Bagnoregio

O ano é 1217. Século XIII. Alberto Magno, futuro bispo e doutor da igreja, iniciava seus estudos filosóficos e teológicos. Mais adiante viria a ser professor de Tomás de Aquino na Universidade de Paris. O cientista, filósofo e bispo inglês Robert Grosseteste afirmava desafiadoramente que a esfericidade da Terra podia ser demonstrada pela razão e que a matemática era necessária para a compreensão do mundo físico. O monge e filósofo Roger Bacon foi um precursor da moderna atitude de utilizar a ciência para controlar a natureza.

Na arquitetura europeia já estava bastante amadurecido, o estilo gótico. Ornamentado de forma muito cuidadosa por vitrais e esculturas. Tendo como um dos melhores exemplos, a Catedral de Chartres no noroeste da França. A sua reconstrução ocorre após um incêndio teve o seu início em 1196 e concluída após 60 anos. A cúpula da construção ficou a 36,5 metros do chão. Os pilares e as pilastras conduzem a atenção do visitante para cima. A iluminação é intensa no interior da igreja. A claridade vem pelas janelas do clerestório, pelas janelas das paredes e pelos grandes vitrais. O que mais atrai são os azuis intensos e os vermelhos brilhantes que projetam uma luz violeta sobre as pedras da construção.¹



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Na pintura, se destacava o trabalho magnifico de Cenni di Pepo, conhecido como Cimabue. Nascido em Florença (1240). Cimabue é considerado um dos iniciadores da pintura italiana. Uma de suas obras mais conhecidas é A virgem e o menino rodeado por seis anjos (abaixo)².


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Nessa mesma época, o florentino Dante Alighieri (Il Sommo Poeta)desfilava sua genialidade com A Divina Comédia. ³


Dante

É neste cenário que renasce na Terra, Giovanni di Fidanza. Na província de Bagnoregio, na região do Lácio, perto de Viterbo, na época parte dos Estados Papais. Hoje Itália. Ficou conhecido como BoaVentura. Ele entrou para a Ordem Franciscana em 1243 e estudou na Universidade de Paris, possivelmente sob a direção de Alexandre de Hales e certamente sob a de seu sucessor, João de la Rochelle. Em 1253, era o titular da cadeira franciscana em Paris. Infelizmente para Boaventura, a disputa entre os franciscanos seculares e os mendicantes atrasou seu mestrado até 1257, quando finalmente conseguiu o título - equivalente medieval ao de doutor - juntamente com Tomás de Aquino. 

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São Boaventura – Igreja de São
Boaventura Woerden (Holanda)6   

Considerado santo e doutor pela Igreja Católica, era contemporâneo e amigo de Tomás de Aquino. Na filosofia de Boaventura a fé tem superioridade sobre a ciência. A filosofia é o caminho para se chegar a outras ciências, mas o conhecimento filosófico por si só é um conhecimento que se fecha em si mesmo, é um conhecimento que leva ao erro, a filosofia para sair desse caminho que leva ao erro, deve se abrir ao conhecimento teológico e dar abertura também para as coisas místicas. A filosofia para Boaventura tem que buscar a relação entre o finito e o infinito, ou seja, entre o homem e Deus. Além disso ele é claramente contrário a uma filosofia que não seja cristã e a uma razão que seja suficiente a si mesma.
        
Expoente máximo da Escola Filosófica Franciscana Medieval. Os seres para Boaventura são formados por matéria e forma, sendo que a forma é a essência do ser e o limite da matéria desse ser. O homem é livre e deve ser recompensado pelo que fizer com sua liberdade. O homem para merecer as bem-aventuranças deve ser livre, pois não existe merecimento sem liberdade. A liberdade faz parte da natureza humana, mas não é um instinto, ela está ligada à vontade.

Sentenças:
- Não basta a leitura sem a devoção, a especulação sem o sentimento religioso, a pesquisa sem o maravilhar-se;  a seriedade sem o entusiasmo, o trabalho sem a piedade, a ciência sem a caridade, a inteligência sem a humildade e o estudo sem a bênção divina.
- Na matéria começam todas as limitações

15 de julho de 1274 é a data de desencarne de São Boaventura (Giovanni di Fidanza). 


"Ainda que o homem tenha o conhecimento da natureza e da metafísica, que se eleve até as substâncias mais altas, e admitamos que, aí chegando, o homem se detenha: é impossível ele não cair em erro se não for ajudado pela luz da fé e não crer que Deus é uno e trino, poderosíssimo e ótimo ao extremo na bondade..." Collationes de donis Spiritus Sancti. 


1 - História da Arte. Graça Proença. Editora Ática. 17ª Edição. São Paulo-SP.


3 - Pintura de Gustavo Doré

4 - História Geral e do Brasil. José Alves de Freitas Neto e Célio Ricardo Tasinafo. Editora Harbra. 2007. São Paulo-SP.

5 - "Boaventura de Bagnoregio (1217/1221 - 1274)" em Só Filosofia. Virtuous Tecnologia da Informação, 2008-2019. Consultado em 15/07/2019 às 17:19. Disponível na Internet em http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=51


7 - História da Filosofia Patrística e Escolástica. Giovanni Reale e Dario Antiseri. 4ª Edição. Editora Paulus. 2011. São Paulo-SP.



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